A Igreja
Católica e seus membros-participantes costumam,
enquanto Kerigma do Redentor e continuador da nova aliança, celebrar,
na sua liturgia, de ontem para hoje(25/12) um momento especial que tornou-se um
fato histórico na vida do povo de
Deus: o nascimento e vinda de nosso senhor Jesus cristo, que é Menino Deus encarnado, na condição humana. Celebrar
o Natal de Jesus implica em mudanças de
postura na vida do homem, enquanto cristão, para o bem viver e melhor celebrar
o nascimento do salvador. Daí, se faz importante, antes de tudo, saber o que realmente celebramos no
Natal e o que somos chamados a viver nesse mistério do encarnado. Daí no Natal
do Senhor, celebramos: a) a memória do
nascimento do Menino Jesus; b) a revelação de Deus-menino em nosso meio; c)
renovação da esperança trazida por
Deus-menino encarnado; d) a confirmação
da fé e da promessa de Deus pelo
seu filho; e) o testemunho de vida, enquanto continuador de Jesus. Que
semelhante a Agostinho, possamos entender
para melhor amar a Cristo nazareno que
celebramos de modo primário, particular e fundamental neste natal.
a) a
memória do nascimento do Menino Jesus
Conforme a
liturgia da Igreja Católica Apostólica Romana, toda a Igreja hoje faz memória a
um evento particular e fundamental que trouxe ao mundo a realização da promessa
de Deus: o nascimento de Jesus, o nosso salvador. Assim, na liturgia todas as
leituras estarão direcionadas sobre a figura central de Jesus. Nela fazemos memória pela palavra proclamada, pela tradição e magistério de tudo que Jesus nos ensinou, enquanto esteve na
condição de homem. A bíblia (livros sagrados) é um dos instrumentos reveladores
que Jesus esteve em nosso meio, entrou na nossa história e a marcou de modo
irrevogável a nossa vida. Os quatro evangelhos sinópticos falam dele e narram o
seu nascimento. É claro, não se pode interpretar o nascimento de Jesus ao pé da
letra como está escrito dos evangelhos, pois cada evangelho foi escrito com uma
intenção particular em conformidade com o seu tempo histórico e as questões e
inquietações que os envolviam, mas o que não podem ser descartado é que
fundamentalmente Jesus nasceu, veio ao mundo, participou da vida dos homens,
revelou a Deus e seu projeto de salvação. Portanto, Por sermos cristão, Jesus
se torna a razão fundamental de nossa fé e de nossa vida. Quando no natal
proclamamos as leituras que falam dele, estamos rememorando o evento Cristo
nazareno que é a razão de nossa esperança numa vida beata (cercada de virtudes e sabedoria de Deus). Nesse sentido
cristo é conhecido, lembrado e amado cada vez mais pelos seus fieis (povo)que
seguem o seu caminho.
b) a revelação de Deus-menino em nosso meio
A bíblia
relata o fato nazareno como algo comum, porém cercado de mistérios sobre Jesus.
Conforme a narração dos evangelistas, Jesus nasce com um propósito e em vista
de uma promessa divina: salvar as ovelhas perdidas da casa de israel. Seu
nascimento é marcado por uma história que vem anterior a sua presença na terra:
a história dos hebreus, do povo de Israel, do povo de Judá e dos judeus até
Jesus. Daí se faz presente na narração de Mateus uma genealogia, que é a
descendência de Jesus. Jesus provém de um projeto de unidade plena do homem com
Deus, que se fez no gênese e que foi quebrado pela intenção do homem tornar-se como
Deus: pecado. O pecado (do grego: desvio de percurso) fez com que homem se
afastasse de Deus, mesmo diante de rituais de purificação e sacrifícios
para perdoar os homens de seus erros e reconciliá-los com Deus. Diante da
distância do homem com Deus se faz presente uma promessa do Deus. Ele terá que
sacrificar-se como um sacrifício perfeito para apagar a mancha do pecado, neste
sentido é que Deus, sendo Uno
e Trino, se entrega, na pessoa de Jesus de Nazaré, a fim de salvar o homem.
Deus não é conhecido, mas se revela (trás
a tona o que estava encoberto, tira o véu) ao poucos na história da humanidade
a partir de seu filho. Nos relatos dos evangelistas vemos vários símbolos
(magos, incenso, mirra, os anjos,...) que marcam essa revelação, que esclarecem
a mente do homem acerca do mistério de Deus, na pessoa de Jesus. Neste sentido,
toda teologia evangélica (que é a narração de fatos, justificados por narrações
ou estórias antigas (Antigo Testamento), que indicam Jesus como salvador.
c) renovação
da esperança trazida por Deus-menino encarnado
A celebração
do Natal não é um reviver do menino Jesus em nosso meio de modo atual. Ele não renasce
em nosso meio, pois Jesus já nasceu na história e isso só acontece uma vez. Mas
se nós, povo de Deus que caminha no seu seguimento, não celebramos o nascimento
de Jesus, então o que celebramos?! A resposta é simples: celebramos a esperança da salvação, de uma vida
bem-aventurada (feliz, virtuosa) em nosso meio. Com a memória do nascimento de
Jesus somo convidados a sentir a mesma
esperança que os apóstolos sentiram quando Jesus estava com eles. Somo
convidados a sentir a mesma alegria dos magos, Maria e José que acolheram a
salvação em suas vidas. Essa esperança, esse
espírito deve ser o mesmo que permeia em nós quando celebramos o Natal de
Jesus. Em Jesus, um projeto verdadeiro e pleno de eudaimonia (Grego: felicidade) se concretiza e revela. Toda
história do povo de Deus, desde Abraão e Moisés, na libertação do Egito, está
com um anseio, uma esperança de verdadeira felicidade do homem em Deus. Essa
esperança se realiza plenamente na encarnação do logos (Grego: palavra, ou razão) de Deus, no seu filho Jesus
Nazareno. Com seu nascimento a esperança de felicidade, de paz, de vida em
abundância, de eternidade, se torna possível. Na figura de um menino veio todos
os sonhos do homem: unidade com Deus.
d) a confirmação
da fé e da promessa de Deus pelo
seu filho
O nascimento
de Jesus está vinculado a uma fé que vem desde Abraão, no tempo histórico. O
Deus que prometeu a Abraão ser seu Deus e nele abrir as postar de um advento de
geração infinita, como as estrelas do céu, é o mesmo Deus que libertou Moisés e
seu povo da escravidão no Egito, que prometeu uma terra santa, que orientou os Reis
(Davi, Salomão, Saul) para governar seu povo, que anunciou, pelos profetas, o
Messias e prometeu salvar seu povo, e reconciliar-se com o homem por meio de um
sacrifício de Cruz. Essa promessa inicia seu advento por João Batista e entra
em sua efetividade pelo mistério encarnado de Deus-Menino. Portanto, uma espera
ansiosa se realiza e uma fé que segue uma tradição é confirmada. Jesus é a
plenificação dessa promessa. No Natal de Jesus Deus se revelou, tornando-se
humano de modo consubstancial a sua natureza divina. O fato Cristo torna efetivo-histórico a entrada de Deus ao mundo
temporal, a história. Antes Deus era indescritível, inapreensível em sua
extensão e essencialidade, porém com o projeto da encarnação Deus se tornou
humano, portanto compreensível e próximo. Agora o que se acreditava estava
confirmado pela humanização de Deus. É importante salientar que sendo Deus
homem, sua essência divina não é descartada. Daí, Deus se conforma a um estado
humano sem deixar sua essência divina. Assim, nas nossas liturgias natalinas,
trazemos memória de um Cristo histórico, revelado, esperançado e confirmado
pela nossa fé
e) o testemunho de vida, enquanto continuador
de Jesus
Celebrar o
Natal de Cristo não é só fazer memória de um acontecimento histórico, da
entrada de Deus em nosso mundo, mas isso implica em coisas mais profundas e de
extrema importância para um cristão. O diferencial em ser cristão é que com o
Natal de Jesus nossas esperanças se renovam e nos tornamos participantes deste projeto salvífico. A entrada de Deus-Menino na história implica
uma promessa realizada, porém ela não se encerra somente em Cristo. Contudo, Jesus
é o centro de toda mensagem salvífica, mas ele nos convida a participar deste
projeto. Ele o realizou na cruz, mas nos deixou uma missão de propagador dessa mensagem. Neste sentido
somos anunciadores da boa nova de
Jesus e continuadores de seu projeto.
O anúncio do Natal, vida, paixão e ressurreição de Cristo está estreitamente
unido ao testemunho vivo dessa boa
nova. Assim damos testemunho da fé desde os seus primórdios e continuamos com
seu projeto redentor até a vinda de Jesus. A vida de testemunho torna nossa fé
consistente e verdadeira, efetivada em bases consistentes transmitida pelo
anúncio na vida prática e nas celebrações da Igreja.
Por fim, o que
celebramos está totalmente relacionado pelo que somos chamados a viver. Nossa
liturgia trás uma riqueza espetacular que ganhou forma no desenrolar da
história. O Natal de Cristo implicou em mudanças profundas na história, seu
projeto e sua vida é uma abertura de unidade a Deus. E nós somos convidados a dá
testemunho da palavra que outrora foi testemunho de vida e experiência com
Deus. Que o natal de Jesus seja um convite a identidade e conformidade do cristão com o projeto (vontade) do
Redentor.
Isaias Mendes,
Postulante Redentorista.
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