sexta-feira, 25 de dezembro de 2015
A convergência para o Natal de Jesus: nossa real felicidade!
A realidade brasileira com seus problemas desafiantes, apresentados no
artigo anterior, a saber, o Advento: Realidade brasileira, vem Senhor Jesus, caracteriza-se como uma realidade que possui elementos de trevas na nossa
contemporaneidade, no mundo atual. Porém,
apesar dessa infeliz evidência no cenário brasileiro, não podemos perder as
esperanças que alimentam nossa alma, ou seja, não podemos deixar que as trevas,
ou sinais de morte, no nosso meio, dissipem a luz da nossa vida, porque hoje
celebramos um dia especial na história humana, um dia em que a luz de Deus veio
ao mundo: Jesus Cristo. “Ele era a luz verdadeira que ilumina a todo o
homem” (Jo1, 9), o prometido de Deus que veio para salvar nos de nossos
pecados.
A liturgia dessa semana vem nos chamar atenção para este grande evento que
mudou a história: a encarnação do Filho de Deus. Tal evento é precedido por um
percurso preparativo, caritativo, profético, libertador e natalino, que pode
contribuir na nossa vida como sinais divinos, ou luzes de esperança em meio a
essa realidade de treva e escuridão que passamos. Como nos disse João: “a luz
brilha nas trevas”(Jo1,5). E é para iluminar o nosso caminho, para libertar o
povo de suas mazelas, ou pecados, ou seja, para
purificar-nos, remir-nos e encher nosso coração de alegria plena, que o Filho
de Deus, o verbo divino, “se fez carne e habitou entre nós” (Jo1, 14).
A figura de Ana (1Sm 1,1-28), mulher estéril, e justamente por isso, vista
como condenada aos olhos da época, é um sinal da concretude da esperança,
libertação e alegria em Deus."Na amargura de sua alma, ela orou a Deus e chorou
muito"(1Sm 1, 10) pedindo para ter um filho e restaurar a sua dignidade. O Senhor
ouviu as suas preces, dores e a atendeu, concedendo-lhe um filho que se chamou
Samuel e que foi consagrado a Deus. Assim como Ana, muitas pessoas ainda passam
por situação de exploração, humilhação e preconceito por estarem em condição
social, econômica e de vida distinta das demais pessoas.
A título de exemplo podemos observar que boa parte dos nossos idosos, as
pessoas com deficiência física e mental, e as mulheres do nosso país, sofrem ainda diversos preconceitos, explorações e, em casos extremos, são abandonados,
ou pela família, ou pela sociedade, ou pelos setores jurídicos de
responsabilidade social humanitária. Não percamos as esperanças de dias
melhores e de uma vida na verdadeira paz de Deus e no resgate da dignidade
humana. Ana orou a Deus e foi atendida, pois ela teve graça aos olhos de Deus,
(1Sm 1, 10). Que possamos como Ana ser servos bons e que buscam a Deus nas
nossas dores, angustias e lutas cotidianas. Pois assim como Ele escutou Ana em
sua dores, do mesmo modo irá nos escutar, e assim como se compadeceu de Ana, irá se compadecer de nossas dores, pois
nos ama com amor de Pai e Mãe. Confiemos em Deus e busquemos superar essas
situações de trevas, pois o Senhor está conosco e irá nos ajudar, ser a nossa
LUZ e Salvação, nos mostrar um caminho de Verdade e Amor. Como Ana, que tenhamos uma experiência
de fé profunda com Deus a tal ponto de senti-LO pulsando e conduzindo a nossa
vida apesar de nossas limitações.
Do mesmo modo que Ana, Izabel a mulher de Zacarias, foi agraciada por
Deus com um filho, observemos que a geração de Izabel faz parte da mesma geração
de Ana, e que as duas foram agraciadas por Deus, pois elas fizeram parte da
misericórdia divina. Izabel, estava em idade avançada, e não tinha filhos, ou
seja, era estéril, e, portanto, passava pela mesma humilhação que Ana, mas o
Senhor concedeu-lhe uma grande alegria. A alegria de Izabel é um chamado para
nós nos alegrarmos em Deus, pois assim como Ele escolheu Izabel, serva temente
e aberta a vontade de Deus, do mesmo modo Ele nos escolhe, a cada um de nós,
para sermos servos seus e testemunhas vivas e atuantes da sua misericórdia em
nosso meio, e nos alegrarmos com Deus neste dia mais que especial. Porque de
Izabel Deus fez sair aquele que iria preparar o caminho de Jesus: João Batista.
O último dos profetas do antigo testamento.
João Batista é um mensageiro que irá preparar o caminho do Senhor,
segundo o livro de Malaquias(3,1), o Elias, que “fará voltar o coração dos pais
para os filhos e o coração dos filhos para os pais, para que não venha ferir a
terra com condenação” (Ml3,24), que irá endireitar os caminhos do Senhor, pela
denuncia profética e pela conversão dos pecados (Mt3,6-11). A figura de João
Batista é uma motivação para nós, afim de que não descuidemos de buscar os
caminhos de Deus e na nossa vida praticar a sua justiça, pois como diz o
salmista “Deus é bondade e retidão, e aponta os caminhos aos pecadores;
encaminha os pobres conforme seu direito e ensina seus caminhos aos infelizes.
Os caminhos do Senhor são verdade e são amor, para os que guardam sua aliança e
seus preceitos”(Sl25). Diante da nossa realidade de injustiça social, de
desigualdade social, da intolerância religiosa, da corrupção na política, que
atinge e também corrompe a própria sociedade, não podemos calar a voz de Deus,
a vós da Verdade, da Justiça divina que denuncia o pecado social humana e
motivar-nos a cada um para uma conversão sincera e comprometida com o Reino de
Deus.
A ação profética não se trata somente de uma denuncia por denunciar, se
não ficarmos somente em uma pequena parte do processo profético, mas, de outro
modo, precisamos denunciar as injustiças, afim de que se tenha uma
conversão. Não nos enganemos, a
inclinação ao pecado humano é algo ao qual estamos todos nós sujeitos, pois
está cravado no nosso coração e é muitas vezes promovido socialmente como a
corrupção, que atinge tantos os mais ricos como os mais pobres. A única distinção e gravidade que temos em
relação ao pecado humano se encontra no âmbito do poder que temos, por isso quem tem mais poder prejudica de modo mais drástico a si e a
humanidade do que a pessoa que não o possui. Independente dessa variação de
prejuízos no pecado humano, a conversão, portanto, é uma busca constante em
nosso mundo como produto da denuncia de injustiça e a finalidade de tal
denuncia está na reintegração do homem com Deus e do homem consigo mesmo. Nesse
sentido a figura de João Batista, como profeta, é exemplar na nossa vida, para
transformar nossa realidade de trevas em realidade de luz.
Três personagens nessa semana são importantes na nossa vida e principal
mente neste Natal do Menino Deus: Ana, Zacarias e Maria. Essas três grandes
pessoas cantaram de alegria e felicidade as maravilhas do Senhor e nos recordam
a providência divina como o resgate do seu povo. O canto de Ana (1Sm 2,1-11) reconhece
a Deus como o altíssimos promotor dos vivos e dos mortos, “que faz morrer e
viver, faz o homem descer a morte e dela superar. É Deus quem empobrece e
enriquece, quem humilha e quem exalta” (1Sm
2,6-7). Ela nos precaver para que tenhamos uma ação prática de misericórdia e
justiça, sem palavras de presunção, de arrogância. Ela alimenta a nossa
esperança levando nos a observar um Deus que “levanta do pó o fraco e
indigente” e que “guarda o passo dos que lhe são fiéis”. Deus resgatou a sua
dignidade e fez justiça a seu povo, ou seja, retirou da humilhação sua família.
É um canto da vida, história e reparação
do povo de Deus, pela sua misericórdia divina. Em Ana podemos observar um Deus
conosco que sempre permanece em nosso meio.
Zacarias, sacerdote do Senhor, é agraciado por Deus, porque o Anjo
Gabriel apareceu-lhe e anunciou a vinda do precursor de Jesus, seu filho, João
Batista. Até a nomeação do seu filho, Zacarias fica em silêncio por ação do
Anjo. Tal estado de silêncio é algo fundamental na nossa vida e na vida do
profeta, uma vez que, o silêncio nos propicia o encontro com Deus e conosco
mesmo, com o nosso eu. Nas montanhas, no deserto, no interior do nosso quarto, ou
melhor dizendo, onde há silêncio, é onde Deus está e onde podemos ter condições
mais favoráveis para nos encontrar com Ele. Pois, não tem como ter intimidade
com Deus, interiorização, sem uma vida dinamizada pelo silêncio tal como foi a
vida de Jesus. Nessa perspectiva podemos observar o quanto que nossa sociedade
está ruidosa e barulhenta, pelos anúncios e propagandas da moda, pelos carros
de sons. A maioria dos nossos espaços sociais, como as praças, as lojas e os Shoppings,
entre outros, estão nessa agitação. E isso demonstra a inquietação do coração
humano que não terá descanso enquanto não se encontrar com Deus e sua paz. Se
nossa sociedade está preenchida por todas essas coisas ruidosas e poluidoras de
nossa paz, se as pessoas não silenciam para escutar exclusivamente a voz de
Deus, então, evidencia-se uma grande dificuldade para saber o que Deus quer em
nossa vida, na nossa história e qual o caminho iluminado que Ele nos propõe
nesse Natal.
O canto de Zacarias acontece na glorificação a Deus e agradecimento por
Deus conceder-lhe um filho que irá a frente do Senhor para aplainar e preparar
os seus caminhos (Lc1, 76). É um canto de alegria e libertação, se em Ana vemos
um canto que reconhece o amor de Deus para com ela, analogamente o canto de
Zacarias nos remonta a história do povo de Deus, o povo de Israel e a essa experiência de misericórdia. Por isso
Zacarias bendiz o Senhor dizendo, “Bendito seja o Senhor Deus de Israel, porque
visitou e redimiu o seu povo, e suscitou-nos uma força de salvação na casa de
Davi, seu servo, como prometera desde os tempos remotos pela boca de seus santos
profetas, a salvação que nos liberta dos nossos inimigos e da mão de todos os
que nos odeiam” (Lc1, 67-72). Esse
caminho de libertação tem um objetivo prático e ético como em Maria: servir a
Deus, em santidade e Justiça, isto é, realizar a vontade de Deus durante todos
os nossos dias. Observamos assim que em Jesus nazareno se realiza a promessa de
Deus para todos os seus descendentes da tradição davídica e para as gerações posteriores, para todos
os séculos sem fim. Observamos que Zacarias fica feliz por ver nos sinais da
sua vida cotidiana a presença salvífica de Deus. Com esta personalidade
exemplar temos o desafio de observar na nossa história, lutas, sofrimentos e
vitórias a presença de Deus que caminha conosco, e, podemos mais ainda
agradecer a Deus por todos os dons que Ele nos tem concedido, como o dom da
vida, os bens divinos do mundo natural e principalmente a graça da salvação que está
possibilitada no acolhimento do menino Jesus.
A terceira grande personalidade é Maria, a serva de Deus, discípula e
missionária do Senhor, aquela que teve graças aos olhos de Deus, que nasceu sem
a mancha do pecado original, sem a inclinação a tal mal. Seu canto se dá no
encontro com Isabel e na alegria de ver e sentir no seu próprio corpo a misericórdia
de Deus. Em Maria vemos a grande motivação para com as nossas atuais mulheres, afim de que estas tenham uma busca e sede
de Deus, em uma vida simples, humilde e aberta ao projeto de Deus. Por ter
tamanha sensibilidade e intimidade com Deus, Maria aceita engravidar-se da
Verdade e viver conforme a vontade de Deus. Como Maria somos convidados a
preencher a nossa vida da presença de Deus e viver conforme os desígnios
divinos, em meio a tantos males acometidos contra a mulher, contra a vida de seus
filhos, dos jovens, contra a família. Nesse mundo tecnológico em que as pessoas vivas e as
que são mortas se tornam apenas um número ou objeto sem valor sagrado, temos o
desafio de lutar pela vida e dignidade das mulheres, das crianças e dos jovens. Seguir o
caminho de Maria é acolher a própria existência como dom de Deus e valorizar a existência
das outras pessoas independente de sua cultura, religião ou nacionalidade.
O belo canto de Maria segue a mesma orientação do canto de Ana e Isabel.
A mesma estrutura que aparece nos outros dois cantos, falando da ação
misericordiosa de Deus, do resgate da dignidade de uma vida de humilhação, da
contra vontade de Deus aos poderosos e orgulhosos, da elevação aos humildes, da
promessa sendo cumprida, são elementos que estão no canto, na exaltação de Maria. Porém,
algo significativo no canto de Maria é a convicção de que todas as nações lhe
chamarão de bem-aventurada, pois o Todo poderoso fez grandes coisas em seu favor
(Lc1, 48-49). A felicidade de Maria está em ser a portadora da redenção. Dela
nasce o Salvador. Essas três personalidades marcar a tradição antiga, de
opressão, de pecado, de esperança e de libertação verdadeira, extra-histórica
do povo de Deus. O ponto central de tal história é Jesus. Agora, depois de todo
esse caminho preparativo chegamos ao ponto central de nossa vida, nossos sonhos
e nossa fé: Jesus Cristo.
A liturgia de hoje marca de modo decisivo a nossa vida, pois nos transmite
a nossa mais bela e importante alegria. Jesus já é anunciado pelos profetas,
como o principal deles, a saber, Isaias. Este nos diz: “Desperta, desperta,
reveste a tua força, ó Sião! Põe os teus vestidos de gala,(...). Sacode de ti o
pó, levanta-te,(...) Desatadas estão as cadeias do teu pescoço, filha de Sião
cativa!Sem pagamento fostes vendidos, sem dinheiro haveis de ser resgatados
(...)”(Is 52, 1). Eis a profecia do primeiro anúncio, nos convidando a
despertar para Deus, pois Ele desceu ao nosso meio para nos salvar. Assim nos
diz o profeta sobre Jesus: “Como são belos, sobre os montes, os pés do
mensageiro que anuncia a paz, do que proclama a boa nova e anuncia a salvação”(Is
52, 7). Esse menino é motivo de “gritos de alegria”, porque Nele podemos ver
que “Deus consolou o seu povo”. Alegria maior não podemos ter na nossa vida
cotidiana do que encontrarmos, pela experiência da fé, com o nosso Deus que
caminha conosco e perceber que Ele está em nosso meio para nos salvar dessas
realidades de trevas e dores, nos livrar da opressão dos poderosos, do apego
aos bens perecíveis, ao consumo desmedido, ao pecado que mancha a nossa vida, e
não nos dão verdadeira paz.
O profeta nos ensina uma coisa importantíssima para os tempos atuais: purificai-vos!(Is
52, 11). Na sociedade que produziu inúmeros bens de consumo material e
espiritual, precisamos nos purificar para servir a Deus, fazer sua vontade.
Precisamos nos purificar de todas as coisas que fazem mal ao nosso corpo. Numa
sociedade que valoriza o corpo acima de tudo, precisamos lembrar que nosso
corpo é um dom de Deus, templo do espírito santo e que precisa ser preservado
de todas as coisas que não nos deixam saudável como: os excessos de massa, de açúcar,
de sal, de comidas com conservantes, agrotóxicos, e bebidas que prejudicam a nossa
saúde. Tanta coisa que nos faz mal. O índice de pessoas com problemas cardíacos,
respiratórios, com obesidade, com pressão alta e com diabetes, dentre outros
problemas, aumentaram significativamente nos últimos anos. Isso é uma agressão
ao nosso corpo. Outra purificação que precisamos é a da alma. O índice de
doenças psíquicas como o estresse, a depressão, a síndrome de pânico, está
relacionado a aquilo que absolvermos e alimentamos na nossa mente ou alma durante todo o
nosso dia: no mundo competitivo e corrido, agitado e inquieto, pouco é o tempo
disponível para purificar nossa alma com a oração, com músicas saudáveis, com
uma sabedoria que nos dê paz, com o silêncio de Deus. As doenças da alma estão
mais agudas e delicadas a cada dia, porque não alimentamos nossa vida com as
coisas divinas, com uma vida virtuosa, com a presença de Deus. E se Deus não
tem espaço no corre corre da nossa vida, então, como gozar de seus dons
divinos?
Por isso, hoje se faz urgente o menino Deus nascer em nosso meio, pois
precisamos dele para nos purificar espiritualmente e conduzir nosso corpo
dignamente, para sermos verdadeiramente felizes. Jesus é a nossa alegria
verdadeira e felicidade sem limite. E hoje todas as coisas convergem para
Jesus, pois como diz o salmista “os confins do universo contemplaram a salvação do nosso
Deus", porque Deus nasceu em nosso meio, Ele “é o esplendor da glória do Pai, a expressão do seu ser. Ele sustenta o universo
com o poder de sua palavra” (Hb 1,3) . “E a Palavra
se fez carne e habitou entre nós. E nós contemplamos a sua glória, glória que
recebe do Pai como Filho unigênito, cheio de graça e de verdade” (Jo 1,14). Cristo é o Verbo divino, ou a Palavra, que entrou na história para nos dar a verdadeira salvação.
Por amor a nós a redenção entrou na história humana
para salvar o seu povo. Deus escolheu Maria, da descendência de Abraão, Jacó e
Davi. Ela faz parte da linhagem do povo de Deus da tradição hebraica, que
sofreu as perseguições dos poderosos no decorrer de sua história. Quando nova
Maria ficava em Jerusalém a principal capital de Israel, para o serviço do
templo. Após doze anos ela vai para a região mais pobre e explorada de
Jerusalém, a Galileia, lá encontra-se com Jose, a quem está prometida em
casamento. Todo esse cenário demonstra como Deus realizou o seu Plano de
Salvação. Trata-se de como na história
da humanidade, e principalmente nos primeiros povos da descendência de Abraão,
Deus manifestou a sua glória.Se ante Deus se manifestou na região periférica de
Israel, hoje ele se revela nas periferias da existência humana, nos pobres e
abandonados de nossa sociedade.
A interferência de Deus na História é clara e
evidente. De uma virgem, Maria, prometida em casamento, é que Deus faz nascer,
por obra do Espírito Santo, o seu Menino Deus, nosso Salvador. Aqui observamos
a ação direta de Deus para conduzir a História a seu curso. A encarnação de Deus
não é uma transgressão da natureza humana, mas sua própria plena realização,
pois o Deus menino concedido a nós em reparação dos nossos pecados e em
reparação do mundo é plenamente humano e plenamente divino. Observa-se,
portanto, que nosso primeiro desafio enquanto seres criados por Deus é ser
plenamente humano. Se formos como tal a outra parte que nos falta
plenificar-se-á. Nosso desafio na vida é ser plenamente humano, e sendo humano,
assumindo a divindade de Deus em nós. Para fazermos esse percurso na realidade
atual precisamos seguir Jesus, a começar por onde Ele começou na História. Daí
a importância de buscarmos os pobres, ou abandonados, ou excluídos da
sociedade, porque estes são os últimos pelos quais Cristo se identificou. Porque
Deus sendo tudo, esvaziou-se de Si, para nos dar a sua plenitude. Não á maior
amor do que este realizado por Deus. Para que possamos contribuir no processo
da redenção precisamos esvaziar-se de nossos pecados, de nossas más
inclinações, de tudo aquilo que nos distancia de Deus. Daí se justifica o fato
de morremos para o pecado e vivermos para Cristo.
No percurso do nascimento de nosso Deus menino,
nenhuma casa, ou hospedaria acolheu a vinda de Jesus, a não ser a estribaria.
Nas hospedarias e nas grandes casas não havia lugar para Jesus. Podemos
observar que na nossa realidade, quanto mais nos preenchemos de coisas, bens e
paixões que nos confortam, muito menos o menino Jesus terá condições de estar
em nosso meio. Assim se deu com o homem rico que não acolheu plenamente o
Salvador porque não conseguiu se desprender de seus bens. Se Deus não nasceu em
um canto que esperávamos, pois não havia espaço para ele, então foi na
estribaria que nosso Jesus nasceu. Ele nasce em meio a natureza e aos animais,
a princípios foi todas as criaturas, da natureza que receberam o Salvador. Se é
em meio a Natureza que Jesus nasce, hoje, precisamos mais do que nunca
encontrar a presença do nosso menino na Natureza como fazia são Francisco. Pois
ela atualmente está sofrendo com as más ações do pecado social humano. Os pastores
que acolheram Jesus eram a classe pobre da sociedade. Como podemos observar
estes pobres são os sinais de Deus, e são os que sofrem todo tipo de
preconceito e opressão na nossa sociedade. Somente quando quebrarmos essas
barreiras veremos de fato o nosso menino no seu momento crucial. Por tanto,
atualmente temos três simples e difíceis desafios: converter a nossa vida pra
Jesus, resgatar Jesus que sofre nos pobres, nos excluídos, nos abandonados, e,
por fim resgatar nosso Jesus na Natureza corrompida. Jesus nasce hoje e espera por nós, pois Ele é
nossa real e verdadeira felicidade, nesta vida e na vida eterna. Feliz Natal
para todos.
sexta-feira, 18 de dezembro de 2015
Advento: Realidade brasileira, vem Senhor Jesus!
Estamos na reta final do que conhecemos por período do advento, isto é, um período de preparação, espera e esperança de “um novo céu e uma nova
terra” como observou São João (Ap.21,1) no livro apocalíptico. Um novo Céu que
se realiza no presente e que ainda
não chegou a sua completude, mas que já atravessou a História e a vida humana do
povo de Deus pelo nascimento de Jesus,
a nossa luz. Esse momento significativo na história será rememorado e revivido
por nós neste Natal de 2015. Jesus é a nossa espera e esperança do hoje, pois sua presença é “para nos
salvar” (Is.35, 4) de nossa realidade de morte e nos propiciar a vida eterna.
Nessa expectativa digamos como João: “Vem, Senhor Jesus” (Ap.22,20). A
vinda de Jesus Cristo é uma necessidade do mundo, porque atualmente toda “a criação
geme em dores de parto” (Rm.8, 22). Nós precisamos de que Cristo renasça como luz na nossa vida: para “curar os abatidos de coração, pregar liberdade aos
cativos, restaurar a vista aos cegos, pôr em liberdade os oprimidos e
anunciar o ano da graça do Senhor” (Lc.4, 18-19). Hoje, mais do que nunca,
precisamos que Cristo, pela força do seu Espírito redentor, renasça em nosso
meio, pois estamos diante de situações de trevas, ou morte na nossa realidade
brasileira, uma vez que:
a) A criação do mundo, o nosso ecossistema, ou
sistema planetário, é agredido pelo pecado social humana.
Vem Senhor habitar no coração do vosso povo, pois os que possuem poder,
bens e honras, no nosso sistema político-social-cultural, estão esquecendo que
o mundo é um dom gratuito do amor de Deus. A Natureza não está sendo respeitada, cuidada e utilizada para
a subsistência e sociabilidade humana (Gn2, 18) conforme os desígnios de Deus, mas,
pelo contrário, é tida como objeto de
consumo desordenado e sem uma dignidade própria. Todo o material que temos
em nossa casa (nossas roupas, móveis, quartos), toda nossa expressão de vida,
existencial- etínica-cultural, todo o nosso perfil cívico-humanitário, é definido
e constituído pela nossa relação com a Natureza. Todos os bens materiais que nos
caracterizam e contribuem para formação de nossa identidade cultural e civil
são extraído da nossa biodiversidade, da nossa natureza, porém nos últimos
duzentos anos não houve um limite para tal extração, proporcionando, deste
modo, uma degeneração da nossa casa comum,
o planeta. Em dois séculos evoluímos tecnologicamente, porém nossas relações
sociais, nossos valores humanitários, nossa cultura e identidade particular,
foi modificada a tal ponto que nós vemos os bens naturais como objetos para ser
consumido e destruídos quando inuteis. Esquecemos a ordem ou curso próprio que
segue a natureza no seu processo de manutenção da vida, transgredimos essa
ordem e estamos interferindo drasticamente na Natureza, para manter e estender
para o mundo todo os nossos bens de consumo.
O que nossos antepassados observavam, respeitavam e cultivavam na sua relação com a Natureza, nós estamos
esquecendo e fazendo o oposto. As grandes empresas estão sugando
desordenadamente a vida da Natureza, os bens vitais que ela possui, e, deste
modo, transformando-os em mercadorias
para movimentar um mercado tecnológico que
estimula e alimenta na população uma sede insaciável de consumo. Nunca na
história humana tivemos tantos bens para ser consumido, porém isso não eliminou
um permanente estado de miséria e
desigualdade social no nosso país. É absurdo termos tanto bens, seja
material e tecnológico, e ainda vermos tanta gente em estado de pobreza, ou
desassistidos da sociedade. Isso acontece pelo desequilíbrio que o nosso
sistema capitalista-tecnológico produz, ou, especificadamente, pela ganancia
dos grandes e poderosos de nosso país que movimentam a economia e a tecnologia
conforme seus interesses anti-éticos desregrados, suas paixões, do ter, do ser, e do querer desordenadas.
Se temos muito em tão pouco tempo de História, todavia, existe um custo
caro para isso: a destruição do mundo natural, dos seres criados por Deus. As baleias
estão sendo mortas, os rios estão sendo contaminados com produtos tóxicos, as
arvores sendo queimadas e desmatadas, o planeta terra está em estado de
superaquecimento devido o excesso de gás carbônico na atmosfera, a biodiversidade
da flora e da fauna está sendo destruída a cada dia. Estamos com falta de água
nos rios e açudes. O sistema planetário está fragilizado. Estamos caminhando para a destruição da
criação dada por Deus. Como afirmou o Papa Francisco na Laudato Si: a nossa casa comum (nosso sistema planetário) está passando por problemas por conta de
nossas más ações, nosso pecado, que além de atingir o seu semelhante, também
está atingindo a Natureza. Ela sofre porque nossos
corações estão lacrados para Deus, para Sua palavra, para os sinais da harmonia
e fraternidade no mundo dos seres como tão bem se preocupou e respeitou São
Francisco.
b) Os jovens são corrompidos e eliminados pelo tráfico de drogas.
Outra dor que temos, está com os nossos jovens. Não é preciso ir muito
longe para percebermos que as drogas estão acabando com as nossas juventudes.
Os grandes traficantes estão promovendo um mercado de drogas que a cada dia, a
cada hora, torna um belo adolescente, expressão do amor de Deus, em um
consumidor dependente químico, o seja, um escravo das drogas e um pequeno
traficante. Nos últimos decênios se
promoveu silenciosamente uma caça aos jovens para torná-los consumidores,
dependentes químicos, objeto do tráfico de drogas ilícitas. Eles são
utilizados como trabalhadores-vendedores do comércio de tráfico. São colocados
para assumir o crime dos grandes traficantes, pois os adolescentes possuem o estatuto da criança e do menor que assegura seus direitos e os protegem de grandes infrações.
O extermínio das juventudes são sinais que resultam tal mal praticado aos
jovens de nossa sociedade. A maioria dos jovens vítimas deste mau são das
periferias do nosso país, desassistidos da responsabilidade do Estado e das
políticas culturais de inserção e integração social digna. Além dessas
situações, são inúmeras as condições
precárias que facilitam para que esses jovens sejam presas fáceis do
tráfico. A rentabilidade desse mercado ilegal destruidor das vidas juvenis é
muito grande. São os grandes que determinam tal maldade para manter esse
sistema ilegal do tráfico. A vida de um jovem que entra nesse mundo é difícil e
dolorosa. Quando não são escravos do vicio logo de início, são iludidos por uma
visão amoral de uma vida fácil e rica de bens em curto prazo, porém o custo de
tal benefício é a destruição de sua própria vida e da vida dos outros. As políticas em defesa dos jovens para tal
sistema de morte são insuficientes e inconsistentes. Tal drama assola todo o nosso país, enquanto
ainda não se promove uma política e intervenção social que pare com esse
sistema ilegal de morte.
c) A família está fragmentada.
Na sociedade atual, estamos passando por outro elemento de morte no
âmbito familiar. A cada dia as famílias estão ficando mais desestruturadas e
não são poucas. Se antes os princípios e valores fundamentais de constituição e
conservação da família, como o respeito, o serviço, o trabalho coletivo, eram
preservados, então, por esse meio, a família mantinha sua estabilidade e
dignidade. Os fatores que auxiliavam tal desenvolvimento humanitário-social era
à educação cultural, religiosa e humanitária que permeavam esse ambiente e
integravam cada membro em um corpo fundamental, fraterno. Porém, atualmente, o
nosso sistema econômico, as nossas relações de produção tecnológicas e de
consumo, as ideologias antiéticas alteraram o modo de vida das famílias. As
instituições governamentais promoveram com o nosso sistema educacional, e com o
novo mercado consumidor, uma formação tecnológica e uma alteração nas relações
sociais humanas. E esse modelo pós moderno tecnológico deixou aquém os
elementos fundamentais de constituição e preservação familiar, e promoveu uma
ótica de vida competitiva, individualista, interesseira e determinada pelo
sistema e mentalidade econômica. As relações humanas estão sendo desprezadas, e
a vida trabalhista se apossou da vida social humana. O sistema trabalhista
fragmentou o trabalho familiar e comunitário, além de absolver o espaço
necessário para a vivência social, fraterna, cultural e religiosa humana. São
poucas as oportunidades que as famílias possuem para si, para sua vivência
fraterna e para conservação de seus princípios civis fundamentais. O sistema
educativo se reduziu a uma formação profissional em detrimento de uma formação
humana. Todos esses fatores, além de outros, estão promovendo uma
desestruturação no ethos familiar
tradicional. Nessa nova dinâmica de vida, as pessoas estão ficando cada vez
mais distante umas das outras e cada vez menos cuida uma das outras. Se a
Religião, o Estado e a Escola eram os responsáveis pelo cuidado e manutenção da
família, agora vemos indiferença em muitas áreas desses três setores.
d) Os pobres e excluídos continuam
desamparados.
Se a família está fragmentada, os pobres e excluídos se incluem nessa situação de morte, numa perspectiva de abandono, pois estes estão passando por estado degradáveis de vida e
dignidade. Vítimas fáceis do sistema, os pobres na maioria das vezes estão nas
áreas mais degradáveis do nosso país, nas pontes, nas beira de rios, nos
casebres abandonados, nas favelas do nosso país e nas ruas. Eles estão fora
da dinâmica comum social, de um modelo de vida padrão, por isso, são
desprezados e preconceituados como
miseráveis inoportunos. No período da copa do mundo, em São Paulo, muitos
pobres e mendigos foram expulsos de sua casa: de baixo das pontes ou regiões de
fácil visibilidade, porque os poderosos que sediaram a Copa no Brasil não
queriam que os estrangeiros vissem nossos pobres e miseráveis. Nosso Estado é responsável por cada pessoa
que nasce no nosso país, porém não vemos essa teoria se efetivar na realidade,
principalmente com os pobres. Não se promovem condições melhores de vida digna
para eles.
As políticas públicas não dão assistência suficiente a tais pessoas. Se
na tradição bíblica os pobres eram tratados como pecadores e malditos, hoje
eles são tachados de vagabundos e inoportunos, uma mancha suja no sistema
capitalista social. Em tais condições de risco, nas ruas e praças do nosso
país, só a graça de Deus os protegem, pois a polícia os agride, o Estado os
desprezam e os maus os oprimem. Eles não possuem nenhuma segurança, dormem nas
ruas sem ter a certeza que irão se acordar, comem aquilo que sobra ou que é
colocado no lixo dos restaurantes. Não possuem assistência social digna e nem
direito humanitário. Escravos das condições desumanas e de diversos vícios, os
pobres são desvalorizados e poucos são as pessoas que assistencializam-nos na
sua condição de subsistência. Se eles ocupam a terra por necessidade existencial e social, são
chamados de invasores, se lutam pelos seus direitos são agressores e vândalos,
se brigam por igualdade, são comunistas. O preconceito com o pobre é uma das
maiores mazelas que temos hoje. Não lhes são concedidos o direito a terra, a
educação, a cidadania, a saúde, a segurança. Os elementos fundamentais de sua
dignidade são-lhe negados: como o respeito, o diálogo, a fraternidade, o lazer,
a moradia.... As condições desumanizantes porque passam os pobres condicionam a
sua vida como um jogo pela sobrevivência e sua manutenção. Tal luta pela
preservação da vida a qualquer custo é o resultado da experiência negativas e
degradantes que passam. Uma outra lógica da vida perpassa sua existência e
transfigura sua personalidade que inverte e elimina os princípios fundamentais
da civilidade, da boa convivência e fraternidade. O preconceito, a desassistência,
o abandono, a exclusão e repressão do meio social-civil são os elementos negativos
que impedem a inserção dos pobres na sociedade. Reparar tal mau é um dos nossos desafios enquanto cidadãos do mundo.
e) A diversidade cultural humana é submetida à
intolerância e preconceito racial, religioso-cultural.
O Brasil é rico, plural e diversificado na sua cultura. Do Norte até o
Sul existe uma diversidade significativa, de hábitos, gostos, estilos e
expressões de vida social, que, com a evolução da comunicação, propiciou uma aproximação globalmente virtual de todos os indivíduos. Porém, nossa
tradição cultural brasileira é marcada pelo ideal e preconceito dos países
externos (Portugal, França, Olanda, África), que contribuíram na constituição
do nosso caráter cultural diversificado. O impositivismo e positivismo do sistema
tecnológico capitalista propiciaram um homogêneo modo de vida e uma aversão ao
distinto e diferente, isto é, a diversidade cultural humana. Além desse
elemento repressivo e alienante, a imaturidade, o preconceito e a desvalorização
humana perpassa a nossa vida como uma imposição determinante do individualismo e do fechamento humano ao
seu próprio gênero (humano) como resultado do Modernismo no Brasil. Apesar de muita luta
e superação pelo valor da dignidade e diversidade cultural brasileira, ainda
passamos por uma intolerância cultural
velada que assume sua expressão no preconceito racial contra o pobre, o
negro, as mulheres, as religiões, as culturas e as regionalidades, dentre
outros, do nosso pais. Os grupos radicais contra o
homoafetivo, a exclusão social dos pobres, o salário inferior da mulher em
relação ao homem, no mesmo emprego, a chacina em São Paulo e na Messejana, a
violência a mulher e abusos no transito, o desprezo, desrespeito e violência pela pessoa
idosa, tudo isso, são sinais do preconceito e da intolerância social que
passamos. As religiões fundamentalistas e radicais conservadoras também são
promotoras de tal intolerância e preconceito. Lutar pelo direito e valoração da
pessoa humana, independente de sua condição econômica, cultural, social e
política são passos que precisam ser conquistados. Olhar a pessoa humana com
misericórdia e resguardar seu direito e sua dignidade é nosso principal
desafio, para superar nossos preconceitos e as imposições externas que nos
assola. Pois não tem como fazê-lo sem superar as limitações e preconceitos
enraizados na nossa cultura diversificada e no nosso modo de vida e nas formas
determinantes de preconceito e repressão.
f) As cidades vivenciam a violência urbana
A violência urbana é outro problema que está atingindo nossa população
brasileira. Fortaleza foi considerada a capital mais violenta de 2014. As
inúmeras mortes, homicídios, assaltos e casos de agressões nos últimos tempos
demonstram o quanto nosso pais está desordenado e carente das suas verdadeiras
necessidades humanas, fundamentais na promoção de uma sociedade civil,
equilibrada, segura, humanitária e de qualidade. O excesso de trabalho
exploratório, o desequilíbrio econômico e social, a perda dos valores e ética
social da civilidade, o preconceito desregrado, o estresse intenso, o sistema
irregular de trânsito, o tráfico de drogas, a corrupção política e civil, a
concorrência comunitária e a valorização pelo status, o individualismo, o
hedonismo frenético, as ideologias de competição e de morte implantadas na vida
das pessoas, a falta de formação humanitária e produção cultural fraterna, são
fatores que contribuem para o aumento da violência no nosso país. Diante de
tais fatores acrescenta-se uma orientação brasileira maquiavélica que promove ilusoriamente
a saciabilidades das necessidades humanas por vias incorretas, ilegais e rápidas.
Tal fenômeno é propício para que a desordem e desequilíbrio atinjam a vida da
população, gerando a chamada violência urbana. O medo, a ansiedade e a
desconfiança são travas consequenciais de quem é atingido pela violência urbana. tais elementos interferem e prejudicam a dinamicidade regular populacional.
Junta-se a isso as greves, a corrupção e a injustiça no setor de segurança
pública, a ausência de uma cultura de paz, fraterna e solidária. Muito se promoveu a implantação de esportes e
cultura para sublimar tal problema social, porém sem a estimulação de uma
consciência de paz e fraterna, pouco vemos progresso para a diminuição da
violência no nosso pais, nos últimos anos. Enfim, as condições, limitações e
carências do nosso sistema governamental, político e social são estimuladores
ativos de tais problemas. Não se pode desconsiderar a irracionalidade humana no
aumento da violência, porém, de fundamental importância são as condições que
propiciam esse problema e estimulam na população uma ideologia de violência
como meio maquiavélico para obter bens necessários e desnecessários para o
homem.
g) Os cidadãos sofrem com a dinâmica
impositiva esquizofrênica de consumo e a inflação econômica de custo.
Nosso atual sistema capitalista tecnológico é movido pelos trabalhadores
que o mantém, na produção de bens de consumo, e pelo consumidor que necessita
dos produtos do comercio para sua subsistência. Porém, para que o mercado venda
seus produtos, os necessários e desnecessários para o
cidadão-cliente-consumidor, ele promove pelos meios de comunicação e
propagandas os estímulos e imposições ideológicas ao cliente para que este se
mantenha consumindo todos os produtos do mercado. Não precisamos ir muito longe para vermos as
inúmeras falsas ofertas (emparcelamento de compras, empréstimos, cartões de
créditos, etc) para que nós consumamos mais e mais. A ideia de criação de um negócio
próprio é uma forma de extensão das grandes empresas para venderem seus
produtos e manterem os clientes consumindo. Esse é o determinismo do nosso
sistema capitalista que precisa de trabalhador e consumidor para se manter.
Para manter a economia girando é preciso consumir. Daí somos bombardeados e
pressionados todos os dias a consumir. Isso está virando o hábito da população:
um consumo esquizofrênico. Se por um lado estamos sendo induzidos e
pressionados ao consumo, por outro, os bens realmente necessários para nós sofreram uma inflação de custo de 10,71%, isto é,
os produtos fundamentais para nossa subsistência, como os alimentos e bebidas,
estão com um custo maior que o normal. Isso só poderia acontecer para equilibrar
o aumento do salário, porém, desde 2011 que não temos um aumento de salário
significativo. Isso quer dizer que estamos ganhando relativamente o mesmo,
entretanto, gastando mais. Se as empresas afirmam que está havendo uma crise,
essa crise é da maioria da população consumidora brasileira que está pagando o pato e limitada pelas
condições impositivas de consumo. Um novo modo de consumo e produção
alternativa se faz necessário.
h) Vem Senhor Jesus.
Enquanto estamos neste mundo precisamos responder a tais problemática
sociais que estão estreitamente relacionados. Precisamos dar nossa resposta,
pois a responsabilidade e cuidado, ou boa administração com este mundo criado
por Deus, é uma exigência que bate a nossa porta e cobra de nós uma ação. É o modo como vivemos e agimos nessa realidade
que determina a nossa salvação, daí ainda hoje e sempre a presença de Jesus se
faz necessária, para nos salvar (Is.45, 22), pois só Ele é a luz (Jo.1) que
pode nos mostrar como prosseguir neste mundo segundo a vontade de
Deus(Mt7,21-23). Não tenhamos medo dos desafios e problemas, mas tenhamos
esperanças e nos preparemos para que
neste Natal Cristo renasça nos nossos corações, na nossa vida e prática social,
pois Ele vem para nos libertar dessas condições de morte e nos dar a vida
eterna. Alegremos nessa expectativa, pois Cristo é “uma rocha protetora
para cada um de nós” um abrigo bem seguro que nos salva, nossa força, amparo,
refúgio, proteção e segurança (Sl. 70), que “fará justiça e retidão a terra”
(Jr.23, 5-6) e, nesse Natal, será nossa luz, nossa alegria, nossa esperança e
salvação que vai nos ajudar nesta vida a fazer a vontade de Deus. Esperemos o
Cristo, pois ele vem e transformemos essa realidade de morte em vida em abundância!
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