A obra de arte que deixa qualquer
um maravilhado é aquela que transforma algo insignificante em uma coisa bela.
Talhar numa madeira a imagem de uma criança, mulher, pássaro, flor, ou qualquer
coisa tão bela quanto, é de fato algo apreciável aos nossos olhos. O objetivo
da arte do carpinteiro com a madeira
é semelhante ao da nossa arte com a
própria vida: transformar algo (a nossa vida) em uma coisa bela e
apreciável aos olhos. Não existe maior maravilha do que essa e não existe maior
desafio do que este.
A madeira do carpinteiro é como a
nossa vida concedida por Deus: está ai, sem uma forma definida, aberta para ser
o que quiser ser. O belo artista, o carpinteiro, começa projetando aquilo de
mais importante e belo que pode fazer com a madeira. Ele expõe o que está no
seu intimo, no seu coração. Daí é que sai a maior beleza e finalidade da
madeira. E você, semelhante ao carpinteiro, já encontrou a finalidade de sua
vida para que ela seja uma vida bela?
O belo artista, sabendo o que quer
e o que vai fazer, começa a sentir a madeira. Ver suas extremidades, curvas e
ondulações, e seus pontos específicos. E você: está sentindo a sua vida pulsando?
Está sentindo as pessoas ao seu redor? Está percebendo a sua forma de viver? É
bela ou precisa de algo mais?
O belo artista começa a marcar os
percursos para aquilo que projetou de valioso e importante, de belo. E você já
demarcou os pontos importantes de sua vida para torná-la bela? Já percebeu que
cada beleza desejada tem seu caminho específico e não outros?
Para alcançar a beleza desejada, o
fim útil e último da madeira, o artista corta, talha, poli, até atingir a forma esperada. No início do trabalho não se percebe com clareza as mudanças desejadas, porém com o tempo cada parte esculpida, ou talhada, vai tomando
sua forma e harmonia até que com o esforço continuo, com uma sensibilidade apurada,
se chegar a criar uma bela obra de arte. Do mesmo modo é necessário fazer para com a nossa vida a fim de que ela seja bela, harmônica e preciosa, uma obra de arte. É
necessário cortar alguns percursos que não servem para beleza da vida, fazer alterações
de caminhos, delinear os percursos que dão possibilidades para nos tornar
belos. Cada corte é doloroso, cada escolha requer abdicação de outras
possibilidades. Isso são exigências para que se torne a vida bela como se
deseja a partir de dentro. De início, mesmo querendo ver ansiosamente a beleza
da nossa vida, não perceberemos grandes mudanças, beleza e transformação.
Porém, será na perseverança e na clareza do que se deseja de belo, que, aos
poucos, não sem sacrifício ou dor, conseguiremos alcançar a beleza desejada.
Do mesmo modo que o carpinteiro
emprega sua energia, tempo, paciência e perseverança para transformar a madeira
insignificante em uma bela obra de arte, assim, nos será necessário semelhante,
ou melhor dizendo, maior energia para transformar a nossa vida num bela vida.
São Jose foi este artista, carpinteiro, que com bela arte transformava as
coisas aparentemente insignificantes em beleza. Porém, sua maior obra de arte
foi transformar a sua vida naquilo que Deus quis de mais belo: expressão do
amor divino. A fonte desta transformação estava em seu coração que amava tanto
a Deus tão quanto se sentia amado por Ele. Com arte fabulosa São Jose cuidou de
Maria, pois a amava. E com tal arte ele cuidou e educou o filho de Deus: o
menino Jesus. Quem ama cuida daquilo que pertence ao seu amado. Assim se deu com
José quando cuidou de Jesus e de Maria, pois os dois, além da humanidade,
pertenciam a Deus e eram obras belas de Deus. São José ensina-nos, com teu
exemplo e tua arte a transformar a nossa vida numa vida bela, sinal de amor.
Pois como o Cristo mesmo disse, não há maior mandamento do que este: amar a Deus e
ao meu próximo.
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