Na minha vida, uma das coisas especiais
e encantadoras que encontrei, mais forte nas mulheres do que nos homens, foi a sensibilidade. Ser sensível é estar
aberto à experiência e sentir as coisas em sua profundidade. É ver com os olhos
do coração. Normalmente as pessoas mais sensíveis são as mais afetadas pelas
diversas situações e muitas vezes são as que mais sofrem, pois a sensibilidade
é uma via de mão dupla. Você tanto pode sentir amor e alegria, assim como dor e
tristeza, raiva e ódio. Mas nesse mar de ondas que nos afeta, a sensibilidade boa me fascina. E nas
mulheres percebi isso mais visível.
As Pessoas sensíveis percebem
mais facilmente as coisas e podem descobrir mais rapidamente o caminho melhor
para viver. Acredito que não é a toa que normalmente as mulheres amadurecem
mais rápido do que os homens, pois elas exploram mais esse lado do que nós,
homens. É belo descobri que se conduzir pelo coração, é fazer um percurso de
vida mais proveitoso do que se conduzir exclusivamente por um pensamento, por
uma ideia. Conduzir-se pelo coração é partir de dentro, daquilo que nos toca e
alimenta o profundo de nossa existência e nos preenche.
Não se trata somente de uma
pessoa especial, ou de minha família, pois se não estaremos limitando nossa
existência, nossa vida, nossos sentidos. É algo maior e mais profundo que
abarca tudo. Quando estamos abertos aos sentidos e sentimos a nossa vida e tudo
o que faz parte dela, que está ao nosso redor, então acontece uma coisa
extraordinária: nos sentimos plenos.
Eu, o outro, minha família, a comunidade humana, os seres vivos, vegetais e
animais, o universo. Tudo isso em uma palavra mais profunda e plena: Deus. Depois de sentimos, de entrarmos
no profundo do nossa existência, ou até mesmo no momento dessa experiência
bela, acontece algo fabuloso tão quanto sentir a plenitude: ver o mundo com um
novo olhar, novo sentido.
O sentido que vem da plenitude.
Assim é o mais belo movimento de nossa alma: sentir e dar sentido. Quem faz esse percurso está mais disponível
para mudar. É como a experiência do amor. Só somos tocados porque estamos
abertos aos sentidos e ao outro, quando isso acontece, eu e o outro não somos
mais os mesmos. Fomos afetados e com a experiência do amor, tudo se torna novo
e belo, por isso Deus é tão belo, pois Deus é amor. Assim, a experiência do
amor nos muda. Quem não mudou é porque ainda não passou por isso de fato. E
está perdendo a beleza da vida, pois a própria vida é um ato de amor de Deus
por nós e quando sentimos isso, tudo ganha um novo significado: de plenitude,
de beleza. Maria viveu isso de um modo magnífico e esplêndido.
A experiência com Deus foi uma
experiência profunda com o Amor. Isso aconteceu porque, assim como toda mulher,
Maria tinha uma sensibilidade profunda. Não só do corpo, mas da alma. Ela
estava aberta e sentia a plenitude em sua existência, sentia o Amor de Deus.
Era tocada e se transformava em vista dessa experiência. Essa sensibilidade
ajudou Maria a encontrar a sua plenitude. Por isso Maria foi agradável aos
olhos de Deus, pois estava aberta para acolhê-Lo. E assim aconteceu: O filho de
Deus habitou seu seio e assumiu a forma humana. Quem ama quer estar unido ao
outro e se necessário, se rebaixa para estar com o outro. Assim Deus fez por
amor a nós: se rebaixou da condição divina para ser humano como nós, na pessoa
de Jesus, para ser um conosco. E Maria sentiu isso e percebeu o sentido de tudo
isso em seu coração. Por meio dessa sensibilidade em Maria, tudo ganhou um novo
sentido. Tudo fazia parte à plenitude de Deus. Tudo era sagrado. E tudo possuía
sua dignidade e valor, pois a experiência com Deus fez Maria ver com um novo
olhar: o olhar de Deus. Tudo: seu marido José, seu filho e filho de Deus Jesus,
as pessoas, a natureza, o universo, eram provado em sua existência plena e sua
profundidade e em sua dignidade. Que Maria no ajude a sermos sensíveis ao
projeto de Deus que tanto amou o homem que entregou sua vida por nós.
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