É com grande alegria no coração que hoje, dia 01 de agosto, comemoramos 229 anos da pascoa de um belo homem napolitano, valioso artista, literato, teólogo e amante das belas artes, chamado de Afonso Maria de Ligório. Queria dedicar esse pequeno texto aos membros da Congregação do Santíssimo Redentor e àqueles que se encantaram pelos inspirados escritos, ensinamentos e belas canções desse artista clássico italiano. Enquanto muitos fazem um recorte e comentário da biografia deste Santo, que considero como “Pai espiritual”, aqui, gostaria de refletir algumas linhas sobre as belas canções musicais deste artista de mão cheia em paralelo com a sua trajetória de vida, seus desafios e esperanças, que poderia nos iluminar no nosso itinerário Missionário e nos desafios da nossa realidade brasileira.
Não é a toa que meu “Pai” desde pequeno, antes
de ser sacerdote, era um belo amante da música italiana, da pintura e das
salutares literaturas, pois tais artes enriquecem a nossa mente, frutifica a
espiritualidade e movimenta a alma. Desde à Grécia Antiga que se percebia a
importância de tais artes, que mantinha viva e espirituosa a vida das pessoas. E
Santo Afonso, como prendado religioso e belo artista que era, soube muito bem
aproveitar esses dons artísticos no enriquecimento de sua fé e no processo de
evangelização. Desde cedo ele foi formado nas belas artes assim como para os
mais importantes cargos da vida civil, como a advocacia. Porém, ao contrário de
hoje, a riqueza de Santo Afonso não estava nos cargos elevados, mas no serviço
aos outros, aos pobres e desamparados, pois foi por esse intento que ele se
tornou advogado com apenas 16 anos. Se Santo Afonso se serviu de seu talento
para o serviço e cuidado aos desassistidos de sua época, quanto mais nós deveríamos
utilizar de nossos talentos para o cuidado e serviço aos que estão em estado de
abandono seja da fé em Deus, seja das esperanças e sonhos de uma vida feliz, ou
seja do abandono da própria sociedade que exclui ou recrimina. Cantor,
compositor, desenhista, pintor e pianista, são esses alguns dos talentos deste
belo “Pai espiritual”.
Tais talentos estavam voltados para utilidades
práticas da vida: resgatar e elevar a dignidade das pessoas, salvaguardar o
valor da vida e enriquecer a espiritualidade humana. Do canto se elevava a
alma, da letra se apreendia as verdades da fé cristã, do desenho se guardava a
imagem do redentor, da pintura se dava vida aos símbolos da nossa fé, da
melodia se conduzia a alma para experimentar a Deus. Quem sabe, nesse mundo
tecnológico, tão virtual e abstrato, não estamos esquecendo as belas artes que
enriquecem a nossa vida, assim como talvez não estamos esquecendo os elementos
fundamentais das virtudes cristãs como a fé, a caridade e a fortaleza, dentre
outros. Santo Afonso não se esqueceu das belas artes e muitos menos dos mais
abandonados, mas pelo contrário, tudo estava em sintonia para um único fim: A redenção. Pois o próprio ato da criação é um ato da redenção, assim como também é o projeto da salvação.
O Pai Afonso entendeu como ninguém a Deus, por
isso quis “continuar o redentor” e se serviu “de seus talentos” para cuidar, salvar
e redimir os mais abandonados do mundo. E nós, nesse belo dia, quem sabe não
precisamos retomar os passos do nosso Pai? Para se encontrar com o Cristo e com
o outro. As belas canções deste “Pai
artista” são alimentos para a alma, instrumento imediato de evangelização e
alegria ao coração. A canção “Tu desces das
estrelas” são ricas de uma fé espirituosa que contemplam os primeiros
relatos literários-poéticos do nascimento do filho de Deus. Este mesmo Deus Santo Afonso encontrou nos Hospitais dos
incuráveis e nas ruas dos pobres Lazarones,
que estavam como o menino Jesus: em “quão grande pobreza” social e espiritual. Se
Santo Afonso olhou para Jesus e o viu “nascer na gruta do Frio agreste” assim
como o viu nos “cabreiros de Scala”, onde será que está o nosso menino Jesus
hoje? Nas ruas?No tráfico? Nos orfanatos? Ou quem sabe até mais próximo de nós:
em toda criança a qual é tomada a dignidade ou o direito da vida?! A canção “Calaram os Céus a sua harmonia” é um
deleite na contemplação da “tão divina [e] a virgem mais bela”: Maria. Nosso Pai amou-a profundamente e sempre deixou um razoável espaço
para Maria no seu coração. Será que as outras Marias (joanas e antonias, dentre
outras) de hoje estão tendo espaço, valor e direito na no coração da sociedade?
A canção “Não és para mim ó mundo” em si já
diz o quanto que o nosso “Pai” não compartilhou com o a dinâmica injusta e
desigual do mundo. Isso deste seu primeiro caso nos tribunais napolitanos,
quando percebeu a falta de honestidade e as injustiças que aconteciam nos julgamentos,
tal como hoje. É bem claro isso nas suas palavras, depois de perder uma tão
grande causa: “Mundo, agora te conheço”! Foi percebendo isso que Afonso se
tornou advogado de Deus e procurou seguir sua Lei a risca (“Amai-vos uns aos
outros”) continuando o redentor. Por
último, a canção “Agradar-te é meu desejo” é uma bela melodia que demonstrou o
intimo de Santo Afonso: a grande vontade prática de agradar a Deus. Isso ele incessantemente
buscou na sua vida, desde quando abdicou de uma vida de luxo e quando escreveu
a teologia moral, para ajudar seus
confrades a bem conduzir a humanidade ao senhor e a uma vida dignificante. Que
nosso Pai nos ensine cada dia a bem servir a Deus e fazer sua vontade nos dias
atuais.