A tradição
da Igreja nos confirma a necessidade
de um momento de parada, na caminhada
da vida, para acalmarmos nosso coração, rezarmos e entrarmos em sintonia ou intimidade com Deus. Por esse percurso é
possível rever a caminhada e descobrir o que Deus quer de nós, ou como falou
uma amiga minha: “o que pulsa mais forte no nosso íntimo”. Para que não nos
detenhamos somente em parte desse processo espiritual, apresento um ponto
posterior que completa este: falo de uma inquietação na qual nossa alma é
afetada. Se por um lado temos paz de espírito ao contemplamos a presença de Deus, e isso é necessário, por outro, não tem como não agitar nosso espírito
quando somos afetados pelo amor de Deus. Isso porque a experiência com Deus segue essa dinâmica
completa, pois se Moisés tivesse ficado no deserto contemplando Deus na sarça
ardente, ele não teria conduzido seu povo para libertar-se do Rei do Egito (Êx 3,
1-8 ), se Maria não tivesse corrido para
casa de sua parenta Isabel, ficando o tempo necessario para Izabel ter Joao Batista, quem sabe ela teria sido apedrejada antes de Jesus
nascer (Lc 1,39), se os apóstolos tivessem ficado contemplando a subida de
Jesus ressuscitado (Atos1, 9-12), nós não seriamos cristão. Mas tudo isso pra
dizer que “A experiência com Deus também nos inquieta para uma ação transformadora”. São tão infinitos os
motivos dessa inquietação, quanto sao infinitos os mistérios de Deus. Porém, o que
mais nos deveria tocar e o que mais nos deveria inquietar deveria ser o amor de Deus. Pois este age nas nossas entranhas,
dilacera os nossos rins, ou como diz o Papa Francisco na Alegria do evangelho: rasga o nosso coração. Umas das primeiras
coisas que poderia nos inquietar é perceber que Cristo, Deus encarnado, morreu
por amor a nós (Mt 26, 26-30) . Foi seu amor que nos concebeu a vida (Jo 6, 52-54)
e é seu amor que nos mantem (Jo15, 9-15), tal como aconteceu com Lázaro (Jo 11,
21-48). Não tem como não ser afetado diante de alguém que dá a vida por nós e
se isso não nos inquieta, deveríamos repensar se estamos de fato tendo uma
experiência com Cristo, tal como teve Santo Agostinho, Santa Tereza, São João
da Cruz, São Francisco, Ir. Dorothy e a serva de Deus: Ir. Dulce. Outra coisa
que poderia nos inquietar é o chamado de Deus. Deus não só se deu por nós,
assim como faz na Eucaristia todo dia, mas também nos chama, assim como chamou
Samuel (1Sm3, 1-9), Maria (Lc 1:27), Santa Clara, Madre Gertrudes de São José e a Ir. Josefina. O seu chamado é para trabalhar na sua vinha (Mt 20, 1-16), ou
seja, no Reino. Se um operário se preocupa ou se inquieta com o trabalho que
tem que fazer, quando mais nós, para alguém de tamanha importância. Outro ponto
que poderia arrasar o nosso coração por alguém que tanto nos ama como Jesus é
que Este está no outro e de modo especial: em todo aquele que sofre (Mt 25, 35-46). Se não nos inquietar o nosso coração para quem nos ama mais do que qualquer um,
como Jesus, que se encontra de modo misterioso no outro que sofre, então fica
difícil saber se estamos aproveitando nossa experiência intima com Deus. Está mais
do que provado que a nossa intimidade com Cristo precisa passar por esta
experiência de inquietação e de movimento, que atualmente traduzimos como Missão. E isso a exemplo de muitos bons cristãos santos como o Pai Afonso que não
queria desperdiçar um minuto sequer da sua vida que não fosse fazendo a vontade
de Deus. Dai-nos Senhor a graça de poder se esforçar pelo teu Reino, pois
existe uma distancia infinita entre o que o Teu amor fez por nós e o que nós
fazemos por Ti todos os dias.
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