O Amor! Há um
bom tempo queria escrever algumas ideias sobre este tema, porém só agora tenho
a disposição para fazê-lo. Não é muita novidade o que irei falar, porém acredito
que vale a pena refletir e tomar uma consciência prática sobre tal tema. Com
toda segurança posso dizer que o sentido maior e mais profundo da nossa existência
se resume em uma palavra: AMOR. Para nós, cristãos, ela é muito mencionada,
apesar de não ser suficientemente vivida. Se algum dia destruíssem a palavra de
Deus, uma única palavra seria suficiente para salvar nossa fé e nossa vida: a
palavra “AMOR” (Jo 13,35.), pois toda a história da bíblia e toda a trajetória do
povo de Deus é uma manifestação de Amor. Por que foi que Deus criou o homem?( Gn
1, 26-27)Por que Abraão intercedeu a Deus pelo povo de Sodoma e Gomorra? (Gn 18, 17-31) Por que Cristo se encarna como
humano para estar junto de nós?(Lc 1, 26-39). Não tem palavra mais próxima de
resposta do que essa: “AMOR”.
O sentido
dessa palavra na história humana é variado conforme cada época, porém, limito-me
a refletir sobre essa palavra nos três significados que compõe a tradição
Grega. Amor como “eros”, amor como “philia” e amor como “ágape”. Acredito que
esses três conceitos fazem parte de nossa experiência humana e também divina. O
amor “eros” é amor conforme à natureza. A tradição dos Padres da Igreja
colocaram esse amor como amor atrativo que nos condicionam para reprodução da
nossa espécie. Por tanto faz parte de um amor sexual. É mais instintivo. Muita
gente trata isso como problemático, ou tenta negar isso, porém é somente em
função desse amor que se possibilita a perpetuação da existência humana. Os
limites da vida consagrada religiosa propõe uma orientação específica sobre
isso. Porém, independente de cada opção
de vida, essa espécie de amor faz parte de nossa existência, nos toca e nos
afeta como qualquer humano.
Isso não é problema,
mas um dom natural concedido por quem nos fez: Deus. E deve ser tratado com
toda sua dignidade e respeito. Pena que muita gente ainda não consegue ver
como dom divino a sua humanidade. O amor “eros”, muitas vezes tão tenso,
inquieto, intenso, e dinâmico é como um vulcão que tem sua dinâmica própria, independente de nosso querer, pois faz parte de
nossa natureza. Essa espécie de amor tem seu valor significativo, porém não é o
grau mais profundo e elevado da existência humana.
O segundo amor
“Philia” ou “Filia” é uma amor fraterno. É também de nossa natureza, pois somos
pessoas sensíveis, porém não está condicionado independentemente de nossa vontade. É
uma amor de amigo. A sublimidade de sua beleza está na virtuosidade com que é construído
e se mantém. Essa espécie de amor é fundamental para boa convivência. Nós
religiosos precisamos muito desse amor. Pois não tem como se sustentar nos
impasses da vida sem o amor fraterno. Infelizmente atualmente não é tão fácil
construir esse amor, pois são muitos os receios, medos e frustrações. Quem mais
se entrega a esse amor pode muitas vezes sair bem machucado, porém vale a pena
quando se encontra uma verdadeira amizade. Pois elas perduram por toda
eternidade. Esse amor de amigo está em grau superior ao amor “eros”, porém a existência
de um não implica a negação do outro.
O amor “Ágape”
é o sonhado por todos e quem sabe o mais difícil de se ter. É superior aos
demais. É um amor puríssimo e belo. Para não se ter uma compreensão limita desse tipo de amor é bom perceber que este amor não está, separado dos demais,
em um mundo nunca ante visto. Ele é puro, em sua perfeição e bondade, porém,
isso não implica que ele não participe dos outros dois tipos de amores. Esse
amor é puro, pois é incondicional. Ou seja, não está determinado pelo outro,
pelos sentidos, pelos instintos, pelo exterior, mas pela sua própria essência: ser
“AMOR”. Santa Terezinha buscou ele. E viveu feliz como ninguém. Esse amor Ágape
não é instinto e nem fraternidade, mas é a fonte do instinto e desejo que gera
a vida assim como também é a fonte da boa convivência e fraternidade humana. O “ágape”é o amor da plenitude humana, pois
uni o diferente, harmoniza os opostos, gera vida onde há morte e dá eternidade
ao limite do tempo. Nosso maior desafio não é buscar um dos três amores, mas na
dinâmica da vida, nas limitações da nossa existência, perpassar a todos os tipos de amor e alcançar
o ponto mais profundo de nossa existência que se depara com o sublime. O maior
exemplo dessa experiência de amor é o belo Cristo: Ele passou pelos três
estágios do amor. Vou logo dizer: Ele próprio era o AMOR ENCARNADO E
INCONDICIONAL: SÓ UM AMOR PURO LUTA PELA UNIDADE DA FAMÍLIA (Mc 10, 9), PELA
FRATERNIDADE E AMIZADE HUMANA (Jo 15, 14-16), SÓ UM AMOR PURO NÃO DEIXA DE AMAR
QUANDO ESTÁ SENDO ASSASSINADO (Jo13, 1). SÓ UM AMOR PURO SE ENTREGA PARA DAR
AVIDA ETERNA A TODOS QUE O ACOLHEM (Jo 3, 16), POIS AINDA NÃO ENTREGOU A VIDA A
TODOS PORQUE NEM TODOS O QUEREM (Jo 1, 9-12).
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