Vós
me fazeis ver que coisa é a vida de minha alma em vós: [...] E minha Alma,
deixando qualquer outra ocupação com objeto criado, é atraída por vossa
suavidade acima de qualquer coisa exterior ou interior. Tudo deixa por vós e tudo
renuncia por vós, até a alguma reflexão razoável que pertença ainda a mim
mesma, com o ato que eu chamo de pureza, tudo cede a vós. (Diálogos de uma Alma com seu Senhor, Jesus )
Julia Marcela Santa Crostarosa, esse era nome
de batismo da atual Beata Madre Celeste Crostarosa. Nasceu no dia 31 de outubro
de 1696 na paroquia de São José Maior, na cidade de Nápoles. Filha de Paula
Batista Caldari e José Crostarosa, a boa monja pertencia a alta magistratura,
porém poucos diriam que, semelhante a Santo Afonso, essa monja deixaria tudo
para levar a todos para Cristo, com seu modo de vida contemplativo e sua
espiritualidade cristocêntrica. Sua família era de uma profunda vivência religiosa. E os primeiros passos de sua vida fazem parte
de uma experiência intima com Jesus Cristo, e a vivência dessa intimidade.
Na introdução da Autobiografia (Trad. Port. Pe. J. B. Boaventura, p.17) ela escreve na terceira pessoa do
singular: “Foi-me ordenado por vontade do Senhor, por quem me pode mandar, que
eu escrevesse as misericórdias liberalíssimas feitas por Nosso Senhor Jesus
Cristo, por sua só bondade, a uma alma religiosa, chamada por Ele em seu seguimento
desde a sua mais tenra idade. [...] Por isso peço e tenho pedido ardentemente
ao Senhor, [...], para que eu acerte sua Divina Vontade.” Acertar a Vontade de
Deus, é, semelhante a São Geraldo, de modo resumido, toda a intenção,
pensamento e ação de Madre Celeste Crostarosa.
Aos 11 anos Madre Celeste faz a primeira
confissão, na Igreja de Santo Tomás de Aquino, e promete dar-se toda a Deus. Orientada pelo seu confessor, um padre
dominicano, começou a praticar a oração mental pela leitura das meditações da
São Pedro Alcântara, intituladas de Alimento
da Alma. Sua vida de oração, ao contrário do método comumente praticado
pelo Bispo Falcoia, não estava apoiada na meditação e prática formais das virtudes. Pelo contrário, sua
espiritualidade, sua vida de oração, estava apoiada na sua interioridade com Deus, num Deus que fala ao seu coração e pelas Sagradas Escrituras, na
Eucaristia, em seu interior, pela comunidade e nos sinais dos tempos. E o
resultado desta unidade e intimidade, que ela descreve tão detalhadamente no Diálogos da Alma, está ligada a uma
encarnação de vida prática, das obras e ensinamentos realizados por Cristo.
Na vida religiosa, a Crostarosa entra no
Carmelo de Marigliano e, por conseguinte, no mosteiro da Visitação em Scala.
Neste ela recebe uma revelação divina para fundação de um instituto religioso: “No dia das Rogações do ano de 1729 no mês de
abril, indo comungar a referida religiosa, se fez na sua alma, de novo, aquela
transmutação de seu ser no de Nosso Senhor Jesus Cristo. (...) Então lhe foi
dado a entender um novo Instituto que o Senhor colocaria no mundo por meio
dela. E que Nele e na sua Vida, se encerravam todas as leis de seu viver e sua regra”
(Ibidem, p. 61). Deste modo Madre Celeste se torna a fundadora da Ordem do Santíssimo Salvador, posteriormente,
modificada pelo nome de Ordem do
Santíssimo Redentor.
A fundação do Instituto não foi fácil.
Inclusive a própria monja se questionou acerca da verdade da revelação divina e
da concretização da vontade de Deus nesse Instituto. A confirmação desta obra
se fez na sua abertura, entrega e confiança total ao projeto de Deus. A
espiritualidade e proposta religiosa crostarosiana tinha uma orientação
precisa: ser uma viva memória de Jesus
e isso exige a plena transformação em Cristo. Desse modo Deus fala ao coração
de Madre Celeste, nas Spicilegium
Historicum:
Imprimi, portanto, em vosso espírito a sua vida e a
verdadeira semelhança de sua imitação e sede na terra, vivos retratos animados
de meu dileto Filho, sendo somente ele vosso chefe, o vosso princípio... A
vossa vida será regulada pela verdade por ele ensinada nos santos Evangelhos,
nos quais estão escondidos todos os tesouros do céu, a fonte da vida (C. Ss.R.
16 (1968). 18).
É pela vontade de Deus que Madre Celeste se
tornou a fundadora da Ordem do Santíssimo
Salvador e a Inspiradora da
Congregação do Santíssimo Redentor. Essa inspiração costrarosiana está até
hoje inserida nas nossas constituições, assim como no nosso modo de vida
apostólico. Assim como o filho de Deus veio ao mundo por intermédio de Maria,
foi pela presença de Madre Celeste Crostarosa que a Congregação do Santíssimo
Redentor teve origem. Uma coisa que não podemos descartar nessa fundação
masculina e de modo geral é o aspecto trinitário (Crostarosa-Geraldo-Afonso) por onde se apresenta parte do caráter
espiritual-carismático-missionário da Congregação dos Redentoristas. Que a
bem-aventurada Maria Celeste Crostarosa interceda por nós, Redentoristas, para
vivermos o nosso carisma fundacional com empenho, zelo, dedicação e serviço, na
promoção do Reino.
Felicitaciones Isaías por esta publicación.
ResponderExcluirSaludos desde Lima Perú
Javier Zárate Olivari
Gracias Javier. Creo que el articulo ayuda a la nostra fe.
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