A Fé
e a Política sempre fizeram parte da
vida do povo de Deus. No Antigo Testamento Moisés escreve os dez mandamentos
para educar o povo na união com Deus (“Amar a Deus sobre todas as coisas”) e no
compromisso de cuidado social do irmão (“não cobiçar as coisas alheias/ não
levantar falso testemunho”), principalmente os mais abandonados: o órfão, a viúva,
o migrante, o pobre.
Naquele tempo não havia separação entre
Religião e Política. O profeta (o Ungido de Deus) era responsável para falar ao povo o que Deus queria, assim
como tinha a obrigação de denunciar o Rei
vigente (Saul, Salomão) quando este cometia injustiça para com o
povo. A irresponsabilidade política era sempre condenada como o rompimento
da “Aliança” de Deus. Pela boca do profeta Amós Deus denuncia os três crimes de
Judá: “porque desprezaram a lei de Deus e não guardaram os seus mandamentos,
tomando um caminho de mentiras” (Am 2,4).
Nos
Evangelhos Jesus não é político, não se liga a nenhuma instância política do império
romano, mas sua vida tem uma ação política que pode ser resumida em quatro posições:
a) Jesus tinha uma visão realista da realidade: “‘sabeis que aqueles que vemos
governar as nações as dominam, e os seus grandes as tiranizam” (Mc 10,42); b)
Jesus sabe que as autoridades políticas, apesar de serem importantes, não são deuses
e nem podem assumir o lugar de Deus (“pois dêm a César o que é de César, e a Deus
o que é de Deus” (Mt 22, 20); c) Jesus não nega o poder político ou função
política de Pilatos, mas afirma que essa função é dada por Deus, e seu
propósito deveria ser bom: “‘Não terias poder algum sobre mim, se não te fosse
dado do alto” (Jo 19,11); d) Jesus era livre (Jo 10,18) para decidir
corretamente diante de qualquer realidade política.
Ao longo da
história a Igreja e o povo crente estiveram envolvidos com a Política. Na Idade
Média a Igreja e Estado eram uma só coisa. As regras da fé eram adaptadas ou
sintonizadas com as normas civis da vida política e social do povo. Para
assumir um cargo político era preciso passar pelos sacramentos, pelos princípios
cristãos do serviço e cuidado. Estes princípios deveriam ser praticados na
política. Os ricos influenciavam e até decidiam sobre a Igreja (quem iria ser
ordenado Presbítero, Bispo e até Papa) e a Igreja tinha parte nas decisões do
Estado e do Império (Romano...).
Da Modernidade adiante, principalmente no
Brasil, a Igreja se separou do Estado. Isso até certo ponto foi bom para que os
interesses corruptos e injustos do Estado não interferissem na Igreja e na vida
de boa vontade dos fieis. Porém, recentemente há nos membros da Igreja um
distanciamento da política. A corrupção, a injustiça e diversos erros saltam
aos nossos olhos e nos deixam sem motivação para assumir o compromisso cristão de praticar a fé na política, para o Bem Comum. Mesmo diante desses desafios,
não podemos perder a esperança. Se o barco está defeituoso, isso quer dizer que
pode ser consertado. Assim é com a Política. Depende de nós contribuir para concertar o barco
defeituoso chamado Política.
O Concílio Vaticano II afirmou que a
Igreja e a Política deveriam agir para o Bem de todos. Isso acontece pela cooperação
entre as duas instâncias de poder (GS, 1581). Segundo a doutrina eclesial: a
educação civil e política, tão necessária hoje em dia, especialmente para os
jovens, deve ser ministrada de modo a que todos possam exercer o seu papel na
comunidade política. (1578). A participação política do cristão católico é uma
exigência que faz parte da raiz essencial humana.
Todos os cidadãos (inclusive cristãos) têm
a possibilidade de participar cada vez mais livre e efetivamente da Política,
do governo das coisas públicas, das instituições e eleições de governantes. A
Igreja considera digna de louvores e considerações às pessoas que se colocam a
serviço dos outros, nas coisas públicas e assumindo os encargos (GS, 1573). A exceção
está no corpo ministerial ordenado, a saber, o presbítero, o bispo e pontífice romano. Estes mesmo possuindo validade eclesial de uma ação política no exercício do ministério e
podendo orientar os fieis cristãmente sobre a Política, não podem fazer parte da
política, não podem se filiar a nenhum partido, não podem ser políticos.
Por fim, o Papa Francisco afirma na
Cartilha de Orientação Política que “para o cristão, é uma obrigação
envolver-se na política. Nós, cristãos, não podemos fazer como Pilatos: lavar
as mãos. Não podemos! Devemos nos envolver na política, pois a política é uma
das formas mais altas da caridade, porque busca o bem comum. E os leigos
cristãos devem trabalhar na política”.
Quando uma casa está pra cair, os donos correm e fazem alguma coisa. O
nosso mundo é essa Casa Comum que está desabando com a corrupção Política, você
vai ficar ai parado ou vai começar a arregaçar as mangas pra cuidar da nossa
Casa Terra? Comece hoje......
Nenhum comentário:
Postar um comentário