As mudanças realizadas pelo Presidente Jair Bolsonaro e
sistema governamental, político-econômico, vêm interferindo drasticamente nas
diversas esferas da vida cultural, profissional, social e política brasileira. As
intervenções possuem uma justificação: uma mudança de presidência, governo e
gestão político-social, uma “REFORMA” que é dita “necessária” para o “bem” do
País “Verde e Amarelo” e das finanças públicas; para a libertação de um
ideológico Brasil “Vermelho”. As medidas governamentais e políticas estão
acontecendo: na reforma (cortes) da educação, no aumento dos impostos, na
reforma trabalhista, na redução de benefícios econômicos de assistência social,
no enfraquecimento dos movimentos sociais de luta indígena, feminista, LGBT e
ecológica, dentre outros.
Os efeitos são danosos para a vida humana (dos mais
pobres?), o nosso ecossistema brasileiro e seus biomas. Essas medidas
interventivas possuem como “causa não dita” a manutenção de um Sistema insustentável de cinco dimensões
que imperam hoje: (i) capitalista,
industrial, mercantil exploratório; (ii) neocapitalista; (iii) do
capital natural; (iv) de economia
verde; (v) do ecossocialismo;
(vi) do ecodesenvolvimento. A
manutenção desse Sistema predominantemente lucrativo (empresarial, bancário e
multinacional) insaciável está condicionando a implantação de Reformas. Mas
gostaríamos de destacar a “Reforma” de emergente preocupação: a “reforma no
sistema previdenciário”. Esta é realizada com a finalidade de se captar mais
lucros e manter uma economia de Mercado acedente de uma minoria detentora de
poder e capital.
O caráter discursivo extremamente técnico e
calculista sobre as mudanças necessária para a Previdência torna esta de
difícil entendimento para a maioria da população. Boa parcela da população entende
apenas o que está sendo “vendido” pela propaganda oficial e pelo noticiário: “A
Reforma igualará ricos e pobres”, Ledo engano! Essa Reforma da Previdência será
“sustentável e igualitária” apenas para o “Mercado financeiro”. E isso estar
tentando ser realizado à custa do sacrifício da maioria da população
brasileira: a classe trabalhadora, dentre outras. Há mentiras (de que a Reforma
vai corrigir distorções, combater privilégios e tirar o país da crise
econômica), há uma implantação do medo (se ela não sair, o país vai quebrar,
transformar-se-á num caos), há manipulação mediática para obrigar a população a
aceitar tal proposta no Congresso.
Nesse aspecto o Filósofo e Sociólogo Noam Chomsky (1928) nos ajuda a
compreender esse processo de manipulação das massas. Ele escreveu sobre “as 10
Estratégias de Manipulação de Massas”. Delineando as dez estratégias, vamos
refletir sobre a manipulação das massas – realizada pelo atual presidente e sua
equipe apoiadora – a fim de implantar a “Reforma da Previdência”, dentre outras
reformas que estão por vir. Isso está em risco de acontecer para a infelicidade
da população brasileira, se esta não fizer algo, não mudar o curso desta e
outras medidas interventivas: prejudiciais para a camada vulnerável e pobre do
nosso país.
A primeira
estratégia é a da “Distração” que
consiste em desviar a atenção do público dos problemas importantes e das
mudanças decididas pelas elites políticas e econômicas, mediante a técnica do
dilúvio, distrações e informações insignificantes. Na sociedade brasileira não
houve um debate populacional, não houve espaços de diálogos, rodas de conversas
e análise reflexiva acerca da Previdência, das propostas de Reforma. A PEC
06/2019 não está sobre o conhecimento da população, esta não sabe com
propriedade o que significa a “Reforma” que se pretende implantar, o público
não sabe os efeitos dessa proposta na sua vida. As informações midiáticas sobre
“ideologia”, “contra o comunismo”, “contra a comunidade LGBT”, “a Escola sem
Partido” e a “juventude que não se interesse pela política”, são meios que nos
desviam da questão central: a mudança interventiva que sacrifica os mais
pobres, penaliza as mulheres e os trabalhadores rurais, que pune as pessoas com
deficiência.
A segunda estratégia é “Criar problemas, ou deixar que eles aconteçam, para depois oferecer
soluções”. É o chamado “problema-reação-solução”. Por exemplo: deixar que
se desenvolva ou se intensifique a violência urbana, ou organizar atentados
sangrentos. O caso Marielle, os 200 tiros emitidos pela polícia contra o músico
Evaldo Rosa e do catador Luciano Macedo (no Rio) e o novo decreto sobre o porte
de arma são sinais concordantes com esta estratégia. A violência junto com o
armamento são elementos principais para se criar problemas e se implantar uma
Ditadura Militar que altere as leis conforme o Status Quo. Recentemente tivemos o corte no setor da educação. O
ministro da educação disse: “nesta terça-feira (7), que se a reforma da
Previdência for aprovada, pode voltar a liberar o dinheiro do orçamento de
universidades federais”.
A terceira estratégia é “de Gradação”. Para fazer
com que se aceite uma medida inaceitável, basta aplicá-la gradativamente, a
conta-gotas, por anos consecutivos. Em curto prazo tivemos mudanças na
“Reforma”. Algumas coisas foram tiradas – com muito custo da oposição – para
minimizar seu efeito catastrófico na vida das pessoas. Porém, a decisão de
manter a “Reforma” e captar lucros à custa do sacrifício do Trabalhador
continua uma constante. Vale destacar: a “reforma já começou com os cortes que
tivemos nos programas assistenciais que nos foram tirados”.
A quarta estratégia é “do Deferido”: apresentar a proposta reformista como sendo
“dolorosa”, mas “necessária” para o bem do futuro. A justificação dessa
imposição sacrificante é guardar recursos para que em 20 anos as despesas do Brasil
tenham sido economizadas em 4,5 trilhões. É um sacrifício doloroso e necessário
para um futuro promissor.
A quinta estratégia é “dirigir-se ao publico como crianças de baixa idade”. No dia 09 de
maior Bolsonaro e o Ministro Abrão Weintraub usam chocolate para explicar os
cortes nas Universidades. Isso e tratar o público social como crianças. No dia
30 de abril Bolsonaro chega a tratar os estudantes universitários negativamente
como infantis: “A gente não vai cortar recurso por cortar. A ideia é investir
na educação básica. Ouso dizer até que um número considerável não sabe sequer a
tabuada. Sete vezes oito? Não vai sabe responder”. Os termos que Bolsonaro
utiliza para com os estudantes de Universidade ou qualquer outra pessoa que estava
nas manifestações são: "massa de manobra" e “inocente úteis”.
A sexta estratégia é “Utilizar o aspecto emocional”.
Isso causa um curto circuito na análise racional e ao sentido crítico dos
indivíduos. No dia 6 de setembro Bolsonaro é esfaqueado enquanto fazia a sua
campanha em Juiz de Fora. Isso lhe
concedeu quantidade suficiente de voto para ser eleito presidente. Não foi uma
reflexão crítica que lhe concebeu assumir a presidência, mas o aspecto emotivo.
Uma semelhança falsa com Jesus crucificado injustamente. O debate nas redes
nacionais entre Bolsonaro e seus adversários políticos não aconteceu. O
testemunho de Michelle Bolsonaro sobre seu esposo (pessoa boa e generosa) tira
de foco a principal questão: ele tem condições intelectuais e racionais para
assumir o governo? Ele sabe o que fala quando afirma que a “Reforma” é um bem
para a população?... O discurso veemente contra os chamados “inimigos
vermelhos” desvirtuam a real questão: qual o benefício justo que a população
trabalhadora terá com a “Reforma da Previdência”?, “para quem é esta
reforma”?...
A sétima estratégia é “Manter o público na
ignorância e na mediocridade”. É fazer com que o público seja incapaz de
compreender as tecnologias e os métodos utilizados para seu controle e sua
escravidão. A qualidade da educação dada às classes sociais inferiores deve ser
a mais pobre e medíocre possível. Em 26 de abril Bolsonaro diz que “o ministro
da Educação, Abraham Weintraub, estuda descentralizar investimento em
faculdades de filosofia e sociologia (humanas)". Os cursos de grande
reflexão crítica e política estão sendo suprimidos aos poucos. Isso é promover
a falta de criticidade nas pessoas. Não é tão burra a afirmação de Bolsonaro
sobre a juventude estudantil: “queremos uma garotada sem interesse na
política”.
A oitava: “Estimular o público a ser complacente na
mediocridade”. Fazer o público pensar que é moda o fato de ser estúpido, vulgar
e inculto. Em 9 de outubro Bolsonaro coloca seu adversário Fernando Haddad como
criador do “Kit gay”. A informação influenciou a mentalidade das pessoas para
não votarem em Haddad porque, segundo o Bolsonaro, Haddad estava promovendo a
homossexualidade das crianças no sistema educativo. No dia 28 de abril o
presidente publica o vídeo de uma aluna confrontando uma professora de
gramática. Ele apoia a aluna e afirma: "Professor tem que ensinar e não
doutrinar". O projeto Escola Sem Partido é uma coibição da diversidade de
opiniões. Após Bolsonaro ser eleito presidente do Brasil não foram nulas as
manifestações de violência verbal, psíquica e até física contra pessoas que
eram pobres, negras e homoafetivas.
A nona estratégia é “Reforçar a autoculpabilidade”. Essa
estratégia faz o indivíduo acreditar que é somente ele o culpado pela sua
própria desgraça, por causa da insuficiência de sua inteligência, de suas
capacidades. Assim, ao invés de rebelar-se contra o sistema econômico, o
individuo se auto-desvalida e culpa-se, o que gera um estado depressivo do qual
um dos seus efeitos é a inibição da sua ação. E, sem ação, não há revolução! Os
partidos e grupos sociais mais revolucionários no país estão passando por um
processo de enfraquecimento. Em pronunciamento no Palácio do Planalto, o
presidente Jair Bolsonaro culpou os governos do PT pela crise na Venezuela. O
novo decreto de porte e utilização de armas será um ótimo motivo para acusar o
próprio povo brasileiro de agressor e assassino.
Por último, a décima estratégia é “Conhecer melhor
os indivíduos melhor do que eles se conhecem”. As estratégias que o atual
presidente utilizou – para ser eleito e para dividir ainda mais o nosso país –
foi usufruir no seu discurso de ideias que faziam parte do Senso Comum. Do que
tal população estava suscetível para apoiar a sua candidatura e, por que não,
seus projetos. Um povo afetivo precisa de razões afetivas (pena, misericórdia,
simpatia, auto-identificação) para seguir tal pessoa. Assim está acontecendo
com parte das massas no seu governo. O discurso de “fora PT” e “Comunismo” foi
muito utilizado no seu governo até hoje. Parte da massa o apoiou por ele se
posicionar contra os partidos de esquerda. Boa parte da população apoiou e
apoia o governo de Bolsonaro por este oferecer ao povo “segurança” com os
militares e armas. Agora todo o trabalho está em tentar persuadir o povo de que
a Reforma da Previdência é uma coisa boa. Portanto, cremos que alguma
semelhança com as medidas já tomadas pelo presidente e seus apoiadores, contra
o povo trabalhador e os movimentos sociais e revolucionários, não é mera
retórica, mas tentativa de manipulação de massa.
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