Isaias
Mendes Barbosa
Com base nos
escritos sobre filosofia antiga e medial do escritor Geovane Reale, dentre
outros escritos e pesquisas filosófica, pretende-se na seguinte exposição
apresentar algumas considerações acerca dos filósofos e escolas filosóficas que
tratara acerca do conceito de Educação, a saber, Platão, os Sofistas, os
Medievais, Kant, Hegel, Michel Foucalt e a escola de Frankfurt.
·
Sofistas
Esse termo foi
tratado de certa forma preconceituosa na história da filosofia em referência
aos sábios da arte do saber. Aderindo a tradição platónica, comumente esse
termo foi designado referente àqueles
que, fazendo o uso de raciocínios capcioso, busca, por um lado, enfraquecer e
ofuscar o verdadeiro e, por outro, reforçar o falso, revestindo-o das
aparências do verdadeiro. Platão, no livro Xenofonte,os designou como prostitutos
do saber, que vendia o conhecimento a que lhe paga-se mais. O livro Os sofistas de Platão trata bem sobre
esses filósofos e sobre a natureza do seu saber. Seus representantes são
Protágoras, Górgias, dentre outros. Pode-se dizer que é a partir desses
filósofos que surge a definição moderna de professor, ou educador, pois os
sofistas eram sábios da arte do saber que percorria as redondezas da Grécia a
fim trocar o conhecimento por dinheiro ou bens. Pode-se inferir que essa
atividade, além que vai além de uma interpretação superficial, era um veículo
de subsistência desses sábios, uma vez que eles não tinham outro modo de
sobreviver se não vendendo o que possuía: a arte do saber. Essa arte do
argumento persuasivo é o destaque que marca os sofistas enquanto retóricos. Sua
finalidade era produzir argumentos ou inferências que convencesse o outro
acerca de uma da doxa. Desse modo, que mais ofertava dinheiro ou bens para eles
eram os que possuíam o argumento mais convincente. Esse tipo de arte
argumentativa é também definida como argumento falacioso, pois não se refere a
uma verdade, mas ao convencimento acerca de uma opinião.
·
Platão
Platão também
conhecido como sofista, era o filósofo que criticava a posição filosófico-argumentativo
dos Sofistas. Ele é o filósofo que trata sobre questões metafísicas acerca dos
seres, da realidade ontológica, do cosmo, e a cidade. O livro da República e o Timeu é o livro que aborda sobre o sistema de sociedade civil
pautada sob uma realidade ideal, do mundo supra-sensível. A partir dessa
filosofia metafísica, Platão descreve uma cidade ideal onde cada cidadão é
regido ou deve se exercer conforme sua natureza específica e conforme sua
posição social. Desse modo, no campo do plausível, Platão descreve como se
constituiu essa cidade, que um dia fora a antiga Atlântica, e como se deu a
forma de orientação de cada membro. Nessa cidade ideal o filósofo é a pessoa
mais capacitada para governar a cidade. Um dos discípulos de Platão foi
Aristóteles, este desenvolveu sua filosofia com base na filosofia de seu mestre
Platão.
·
Medievais
O principal
representante referencial que temos dos medievais é Santo Tomas de Aquino. Este
conhecendo alguns escritos de Aristóteles desenvolve uma nova compreensão do
mundo interligado a um Deus como fundante de toda realidade, as visíveis e
invisíveis. Em relação ao argumento e a educação medieval, pode-se dizer que as
universidades abordavam em suas discussões acadêmicas de acordo com o método
escolástico. No final do século VIII e início do século IX, o imperador Carlos
Magno, mostra que o objetivo maior é a reforma da vida eclesiástica e em
consequência disso o sistema de ensino, cria-se então a escola palatina, está
visa a fusão e difusão de estudos, a reestruturação e a fundação de escolas
catedraticas e paroquiais, de nível elementar. O conteúdo era o estudo
clássicos das sete artes liberais, as disciplinas presentes era a gramática,
retórica e a dialética, no ensino superior era a geometria, aritmética, astronomia
e música. Com a modificação no sistema educacional surgem às escolas seculares,
daí, o ensino passa a ter a necessidade de aprender a ler, escrever e calcular.
As universidades surgem com um ensino mais superior, como esta aumenta a sua
importância,os reis e a igreja disputavam seu controle, ela se torna o centro
de fermentação intelectual,sua atividade docente é desenvolvida conforme o
método da Escolástica, baseada no lésio e no disputátio.
·
Emmanuel
Kant
Com Emmanuel Kant
temos uma nova configuração tanto epistemológica como metodológica. Sua
filosofia é característica de uma crítica radical ao pensamento metafísico, que
se desenvolveu do período medieval. E a qualquer pensamento que defina a
essência das coisas, que ele denomina de ‘coisa em si’. A filosofia denominada de Criticismo kantiano
é uma produção de um novo foco de observação na perspectiva do pensamento, afim
de mudar de curso a reflexão filosófica e toda forma de conhecimento antigo.
Antes no período medieval se tinha uma filosofia que firmava apreender a
essência de todas as coisas, e chegava a uma verdade evidente do conhecimento.
O ponto forte estava no argumento com base em inferências e na argumentação
lógica nas disputas.
Com Emmanuel
Kant essa filosofia antiga é quebrada e entra em novo relevo uma possibilidade
de conhecimento que está atrelada as condições do conhecimento, ao indivíduo
como ser que configura os dados da realidade e nesta desenvolve uma formatação
que a caracteriza. Daí sua filosofia denominada de transcendental foca o sujeito
como ser que a define por categorias do entendimento.
Para ele, a
ciência verdadeira, ou seja, o conhecimento científico é aquele que parte de
uma síntese a priori, do indivíduo como receptáculo, formador e ordenador da
realidade externa que se apresenta a ele. Ou seja, a realidade exterior (a
posteriori) é vazia de significados, são dados desordenados que não me indicam
nada. O sujeito, por sua vez, é a força motriz (a priori) que apreende o
fenômeno, a quilo que se apresenta a ele, e o define pelas categorias espaço e
tempo, dentre outras que implica em um entendimento e um juízo. Dessa forma toda filosofia que se preocupava
com o objeto e tentava o definir a partir do mesmo, fez o caminho errado, pois
tentar entender o objeto e sua parte essencial é o maior erro que se pode
cometer, uma vez que a realidade em si não é captável ao homem pelo sentido da
razão. Então, o avanço de Kant está em determinar o conhecimento a partir de
categorias a priori do indivíduo.
Para Kant o
conhecimento se caracteriza em duas partes: o sensível e inteligível. O
primeiro se refere as coisas que estão no exterior pela qual o homem capta.
Esse processo é denominado de intuitivo, pois nele se tem uma apreensão de
dados imediatos e não pensados. O segundo é denominado pela capacidade,
representar, de ordenar e organizar as intuições apreendidas na experiência.
Nele está as categorias a priori que determina pelas formas internas, no espaço
e tempo, os conceito sobre o fenômeno e ao mesmo tempo o juízo sobre o mesmo.
Daí, vemos que
o conhecimento referente ao sensível está no exterior do indivíduo, é sua
realidade enquanto apresentação ao sujeito, essa realidade é denominada de a
posteriori, enquanto que o conhecimento inteligível está relacionado ao
indivíduo, enquanto ser que apreende o fenômeno e intelige sobre o mesmo. Este
aspecto faz parte do a priori. Contudo o a priori se relaciona com o a
posteriori. Pelo envolvimento entre os dois é que o homem pode definir sua
realidade, ou implantar um juízo.
No homem
existe a categoria espaço e tempo, que são modos pelo qual o capta
sensivelmente as coisas. O conhecimento sensível conta de um juízo universal e
necessário. Porém existe três tipos de juízo: analítico, sintético e sintético
a priori. O analítico se dá pela premissa em que o predicado nada acrescenta ao
sujeito, mas apenas explana o conteúdo que se encontra no mesmo, Já o juízo
sintético se forma pela premissa que aumenta a característica do sujeito,
concedendo-lhe algo que ele ainda não tinha, portanto esse juízo é denominado
de sintético. O terceiro e mais importante é o juízo sintético a priori. Pois
este se refere as categorias que estão no indivíduo e o ponto pelo qual o
entendimento é ativado.
E é através do
juízo sintético que é constatado o conhecimento científico. Portanto este é o
mais importante para Kant e é por meio deste que a aritmética, a geometria, a
matemática e a física chegou é pelo caminho de um conhecimento verdadeiro.
Com isso a
filosofia de Kant tem como base fundamental três obras que caracterizam
sinteticamente o seu pensamento: a
Crítica da Razão Pura (1781), a
Crítica da Razão Prática (1788) e a
Crítica da Faculdade de Jugar (1790). Tais obras correspondem respectivamente
às condições de possibilidade do conhecimento, a moral antropológica como
práxis do indivíduo racionalista e, por fim, o juízo categórico que medeia às
representações de mundo e a ação moral. Crítica, conhecimento, razão, juízo, e
prática constituem os cinco termos que são fundamentais na filosofia kantiana.
Na sua obra Sobre a Pedagogia, resultado de um curso
ministrado entre 1776/77, 1783/84, por Kant na Universidade de Königsberg, e
publicado pelo seu discípulo Theodor Rint em 1803, um anos antes da morte de
Kant, aborda princípios e conselhos práticos acerca da arte de educar. Neste
sentido, o conceito de educação está entrelaçado com a concepção de moral
kantiana. A obra é dividida em Introdução, Sobre a educação Física e Sobre a
educação Prática. No sentido geral ela trata do sujeito moral como o elemento
principal da educação, pois ele desde sua nutris necessita de cuidados e
orientações para se chegar à condição de homem e cidadão: a moralidade.
Contudo, o processo educacional não se efetiva no sujeito de modo fechado e
pronto, mas faz parte de uma continuidade, progresso e construção da própria
humanidade. O imperativo categórico passa a ser a base da moral educacional em
Kant e seu ponto culminante é o reino dos fins do homem: a importância da
dignidade e valoração do homem que caminha para sua perfeição como ser
naturalmente possuidor de uma razão.
A obra Sobre a Pedagogia de Emmanuel Kant faz
parte de uma reflexão breve e sucinta acerca da arte de educar. O sistema
filosófico kantiano está embasado como percurso fundamental e essencial na
racionalidade. Daí com o conceito de educação não poderia ser diferente a
abordagem do homem como ser que ressalta sua dignidade e sua valoração com base
em um processo de desenvolvimento, perfeição e moralidade pela educação.
Portanto, moralidade e educação fazem parte de um projeto que se
interrelacionam e se articulam na promoção do homem para sua humanização.
Para uma
compreensão geral da relação entre homem e educação em Sobre a Pedagogia é
fundamental observar o homem em dois graus de desenvolvimento humano e um fim a
que se fundamenta a sua natureza. O primeiro se encontra na Introdução da obra
e diz respeito ao primeiro estágio do homem: o infantil. O segundo é o de
juventude, ou adolescência. A finalidade que faz parte do desenvolvimento do
homem como ser que tem a capacidade de se autodeterminar e inserir-se nas
relações sociais de uma determinada sociedade como cidadão, é o de homem como
tal, ou seja, o estágio autônomo de humanização.
·
Georg Wilhelm
Friedrich Hegel
Georg Wilhelm
Friedrich Hegel é considerado um dos filósofos que constitui uma das filosofias
mais completas e complexas que já existiu. A dialética é a base para se
compreender seu sistema filosófico. Para ele o mundo como realidade é um
desdobramento progressivo de uma espiritualidade racional chamada de espírito
absoluto, ou razão, esta se exprime conscientemente na natureza do homem, em
sua consciência. Sua obra filosófica introdutória é a Fenomenologia do Espírito. Ela aborda o progresso da consciência
que segue seu processo de totalização. Segundo Hegel a sociedade segue esse
processo dialético. Nesse sentido, as civilizações são consideradas as diversas
manifestações desse espírito, sendo a Europeia a mais evoluída.
·
Karl Marx
Os Manuscritos
econômicos- filosóficos (1844), conhecidos também como Manuscritos de Paris, e
o Capital, a sua obra mais completa, representam uma das expressões
fundamentais do pensamento marxiano . Nele Marx abordar os momentos de sua
crítica à economia política clássica, na qual Adam Smith e Ricardo são seus
maiores representantes, e ao idealismo hegeliano, contrapondo este com as
ideias materialistas Feuerbachiana. Tais obras apresentam as contradições do
sistema econômico político burguês de sua época, ou seja, o sistema
capitalista, que parte de pressupostos, não fundamentados nem explicados como a
propriedade privada, o seu processo material e suas leis, a distinção entre
trabalho e capital, capital e terra, lucro, mais-valia, teoria valor-trabalho,
dentre outras categorias Desse modo, ele aborda também as consequências
caóticas desse sistema que tanto mantem a propriedade privada, a divisão de
classes, como promove o trabalho explorado e a alienação do homem. Suas obras
não são propriamente em relação à educação, porém tem vários seguidores, como Adorno,
Max Horkheimer, Walter Benjamin, Herbert Marcuse, Leo Löwenthal, Erich Fromm, de sua lógica critico marxista que aborda seu
método dialético-histórico no viés educacional-político. Desse modo, pode-se
dizer que a crítica fornecida ao sistema educacional nas universidades envolve
as questões sociais e o sistema econômico de nossa sociedade. Assim, as
estruturas condicionam o homem a alienação também no seu sistema de formação
educacional.
A marca de
destaque de abordagem das obras de Marx é a concepção no sistema de produção
capitalista e de estranhamento tanto nas relações sociaisde produção como no
próprio processo de produção, seja de sua atividade produtiva, de sua relação
com a natureza e de sua espécie, ou seja, do seu ser genérico. Isso ocorre, nesse
sentido, quando o homem, no trabalho e nas suas relações sociais de produção,
está subordinado ao sistema capitalista, que retira dele o fruto de sua
produção, o conhecimento e domínio da natureza na sua produção, e,
consequentemente, o aliena a si mesmo. A alienação no trabalho acontece de tal
modo que tanto na relação do homem com a natureza, do homem com seu trabalho e
com sua espécie há uma dependência e estranhamento e ao mesmo tempo, a negação
da própria natureza humana, pois o que move o seu agir não é mais sua
autonomia, sua vontade autodeterminante e subjetiva, o seu caráter humano de
criar-se e produzir-se conforme sua liberdade e potencialidade, mas as leis que
regem o sistema em função da produção de capital. Desse modo, Marx identifica
que o trabalho dentro do sistema capitalista condiciona o homem a alienação, no
seu grau mais elevado, e o objetifica diante da máquina e o torna uma
ferramenta, ou seja, uma mercadoria.
Abortando, assim, o seu processo de emancipação humana, de continuidade
genérica de seu ser.
·
Escola de
Frankfurt
A Escola de
Frankfurt (1924), considera-se a quinta etapa atravessada pela filosofia alemã,
depois de Kant e Hegel, em primeiro momento, de Karl Marx e Friedrich Engels,
em seguida; posteriormente por Nietzsche, finalizando,no século XX, após a
eclosão dos pensamentos existencialista de Heidegger, da fenomenologia de
Husserl e da ontologia de Hartmann. A produção filosófica germânica permaneceu
viva no Ocidente, com todo vigor, de 1850 a 1950, quando então não mais resistiu,
depois de enfrentar duas Guerras Mundiais.
Ela segue a
tradição socialista de caráter marxista, que se uniram no fim da década de 20.
Estes intelectuais cultivavam a conhecida Teoria Crítica da Sociedade. Seus
principais integrantes eram Theodor Adorno, Max Horkheimer, Walter Benjamin,
Herbert Marcuse, Leo Löwenthal, Erich Fromm, Jürgen Habermas, entre outros.
Esta corrente foi a responsável pela disseminação de expressões como ‘indústria
cultural’ e ‘cultura de massa’.
A Escola de Frankfurt foi criada
por Félix Weil, financiador do grupo, Max Horkheimer, Theodor Adorno e Herbert
Marcuse, que a princípio a administraram conjuntamente. Ernst Bloch e o
psicólogo Erich Fromm acompanhavam à distância o despertar desta linha
filosófica, que vem à luz justamente em um momento de agitação política e
econômica vivido pela Alemanha, no auge da famosa República de Weimar. Seus
membros seriam partícipes e observadores das principais mutações que
convulsionariam a Europa durante a Primeira Guerra Mundial, seguida por outros
movimentos subversivos, dos quais ninguém sairia impune.
Fonte de pesquisa
BARBOSA, Isaias Mendes.O CONCEITO DE ALIENAÇÃO EM KARL MARX.
Artigo apresentado na XII SEMANA DE FILOSOFIA DA UECE e II ENCONTRO DE GRUPOS
DE PESQUISA EM FILOSOFIA DA UECE - DE 30 DE SETEMBRO A 04 DE OUTUBRO.
BARBOSA, Isaias Mendes. CONCEITO DE CONSCIÊNCIA E CONHECIMENTO –DE-
SI EM HEGEL.Artigo produzido e apresentado na disciplina de História da
Filosofia IV.
BARBOSA, Isaias Mendes. SOBRE A PEDAGOGIA KANTIANA: A EDUCAÇÃO COMO
FUNDAMENTO DA MORALIDADE NO HOMEM. Artigo apresentado no III SEMINÁRIO DEFILOSOFIA NO
ENSINO FUNDAMENTAL E MEDIO DA UECE.
REALE, Giovanni. História da Filosofia: Do Humanismo a Kant.
Paulinas, 1990, São Paulo.
REALE, Giovanni. Pré-socrático e Orfismo: História da
Filosofia Grega e Romana. Vol.I. Edições Loyola, São Paulo, 1993.
REALE, Giovanni. Platão:História
da Filosofia Grega e Romana. Vol.III. Edições Loyola, São Paulo, 2007.
SANTANA, Ana Lucia.Escola de Frankfurt. Artigo Disponível
no site http://www.infoescola.com/filosofia/escola-de-frankfurt/. Acesso: 07 de outubro de
2013.
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