quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

Filosofia da Educação na História.


Isaias Mendes Barbosa


Com base nos escritos sobre filosofia antiga e medial do escritor Geovane Reale, dentre outros escritos e pesquisas filosófica, pretende-se na seguinte exposição apresentar algumas considerações acerca dos filósofos e escolas filosóficas que tratara acerca do conceito de Educação, a saber, Platão, os Sofistas, os Medievais, Kant, Hegel, Michel Foucalt e a escola de Frankfurt.

·         Sofistas

Esse termo foi tratado de certa forma preconceituosa na história da filosofia em referência aos sábios da arte do saber. Aderindo a tradição platónica, comumente esse termo foi designado referente àqueles que, fazendo o uso de raciocínios capcioso, busca, por um lado, enfraquecer e ofuscar o verdadeiro e, por outro, reforçar o falso, revestindo-o das aparências do verdadeiro. Platão, no livro Xenofonte,os designou como prostitutos do saber, que vendia o conhecimento a que lhe paga-se mais. O livro Os sofistas de Platão trata bem sobre esses filósofos e sobre a natureza do seu saber. Seus representantes são Protágoras, Górgias, dentre outros. Pode-se dizer que é a partir desses filósofos que surge a definição moderna de professor, ou educador, pois os sofistas eram sábios da arte do saber que percorria as redondezas da Grécia a fim trocar o conhecimento por dinheiro ou bens. Pode-se inferir que essa atividade, além que vai além de uma interpretação superficial, era um veículo de subsistência desses sábios, uma vez que eles não tinham outro modo de sobreviver se não vendendo o que possuía: a arte do saber. Essa arte do argumento persuasivo é o destaque que marca os sofistas enquanto retóricos. Sua finalidade era produzir argumentos ou inferências que convencesse o outro acerca de uma da doxa. Desse modo, que mais ofertava dinheiro ou bens para eles eram os que possuíam o argumento mais convincente. Esse tipo de arte argumentativa é também definida como argumento falacioso, pois não se refere a uma verdade, mas ao convencimento acerca de uma opinião.

·         Platão

Platão também conhecido como sofista, era o filósofo que criticava a posição filosófico-argumentativo dos Sofistas. Ele é o filósofo que trata sobre questões metafísicas acerca dos seres, da realidade ontológica, do cosmo, e a cidade. O livro da República e o Timeu é o livro que aborda sobre o sistema de sociedade civil pautada sob uma realidade ideal, do mundo supra-sensível. A partir dessa filosofia metafísica, Platão descreve uma cidade ideal onde cada cidadão é regido ou deve se exercer conforme sua natureza específica e conforme sua posição social. Desse modo, no campo do plausível, Platão descreve como se constituiu essa cidade, que um dia fora a antiga Atlântica, e como se deu a forma de orientação de cada membro. Nessa cidade ideal o filósofo é a pessoa mais capacitada para governar a cidade. Um dos discípulos de Platão foi Aristóteles, este desenvolveu sua filosofia com base na filosofia de seu mestre Platão.

·         Medievais

O principal representante referencial que temos dos medievais é Santo Tomas de Aquino. Este conhecendo alguns escritos de Aristóteles desenvolve uma nova compreensão do mundo interligado a um Deus como fundante de toda realidade, as visíveis e invisíveis. Em relação ao argumento e a educação medieval, pode-se dizer que as universidades abordavam em suas discussões acadêmicas de acordo com o método escolástico. No final do século VIII e início do século IX, o imperador Carlos Magno, mostra que o objetivo maior é a reforma da vida eclesiástica e em consequência disso o sistema de ensino, cria-se então a escola palatina, está visa a fusão e difusão de estudos, a reestruturação e a fundação de escolas catedraticas e paroquiais, de nível elementar. O conteúdo era o estudo clássicos das sete artes liberais, as disciplinas presentes era a gramática, retórica e a dialética, no ensino superior era a geometria, aritmética, astronomia e música. Com a modificação no sistema educacional surgem às escolas seculares, daí, o ensino passa a ter a necessidade de aprender a ler, escrever e calcular. As universidades surgem com um ensino mais superior, como esta aumenta a sua importância,os reis e a igreja disputavam seu controle, ela se torna o centro de fermentação intelectual,sua atividade docente é desenvolvida conforme o método da Escolástica, baseada no lésio e no disputátio.

·         Emmanuel Kant

Com Emmanuel Kant temos uma nova configuração tanto epistemológica como metodológica. Sua filosofia é característica de uma crítica radical ao pensamento metafísico, que se desenvolveu do período medieval. E a qualquer pensamento que defina a essência das coisas, que ele denomina de ‘coisa em si’.  A filosofia denominada de Criticismo kantiano é uma produção de um novo foco de observação na perspectiva do pensamento, afim de mudar de curso a reflexão filosófica e toda forma de conhecimento antigo. Antes no período medieval se tinha uma filosofia que firmava apreender a essência de todas as coisas, e chegava a uma verdade evidente do conhecimento. O ponto forte estava no argumento com base em inferências e na argumentação lógica nas disputas.
Com Emmanuel Kant essa filosofia antiga é quebrada e entra em novo relevo uma possibilidade de conhecimento que está atrelada as condições do conhecimento, ao indivíduo como ser que configura os dados da realidade e nesta desenvolve uma formatação que a caracteriza. Daí sua filosofia denominada de transcendental foca o sujeito como ser que a define por categorias do entendimento.
Para ele, a ciência verdadeira, ou seja, o conhecimento científico é aquele que parte de uma síntese a priori, do indivíduo como receptáculo, formador e ordenador da realidade externa que se apresenta a ele. Ou seja, a realidade exterior (a posteriori) é vazia de significados, são dados desordenados que não me indicam nada. O sujeito, por sua vez, é a força motriz (a priori) que apreende o fenômeno, a quilo que se apresenta a ele, e o define pelas categorias espaço e tempo, dentre outras que implica em um entendimento e um juízo.  Dessa forma toda filosofia que se preocupava com o objeto e tentava o definir a partir do mesmo, fez o caminho errado, pois tentar entender o objeto e sua parte essencial é o maior erro que se pode cometer, uma vez que a realidade em si não é captável ao homem pelo sentido da razão. Então, o avanço de Kant está em determinar o conhecimento a partir de categorias a priori do indivíduo. 
Para Kant o conhecimento se caracteriza em duas partes: o sensível e inteligível. O primeiro se refere as coisas que estão no exterior pela qual o homem capta. Esse processo é denominado de intuitivo, pois nele se tem uma apreensão de dados imediatos e não pensados. O segundo é denominado pela capacidade, representar, de ordenar e organizar as intuições apreendidas na experiência. Nele está as categorias a priori que determina pelas formas internas, no espaço e tempo, os conceito sobre o fenômeno e ao mesmo tempo o juízo sobre o mesmo.
Daí, vemos que o conhecimento referente ao sensível está no exterior do indivíduo, é sua realidade enquanto apresentação ao sujeito, essa realidade é denominada de a posteriori, enquanto que o conhecimento inteligível está relacionado ao indivíduo, enquanto ser que apreende o fenômeno e intelige sobre o mesmo. Este aspecto faz parte do a priori. Contudo o a priori se relaciona com o a posteriori. Pelo envolvimento entre os dois é que o homem pode definir sua realidade, ou implantar um juízo.
No homem existe a categoria espaço e tempo, que são modos pelo qual o capta sensivelmente as coisas. O conhecimento sensível conta de um juízo universal e necessário. Porém existe três tipos de juízo: analítico, sintético e sintético a priori. O analítico se dá pela premissa em que o predicado nada acrescenta ao sujeito, mas apenas explana o conteúdo que se encontra no mesmo, Já o juízo sintético se forma pela premissa que aumenta a característica do sujeito, concedendo-lhe algo que ele ainda não tinha, portanto esse juízo é denominado de sintético. O terceiro e mais importante é o juízo sintético a priori. Pois este se refere as categorias que estão no indivíduo e o ponto pelo qual o entendimento é ativado.
E é através do juízo sintético que é constatado o conhecimento científico. Portanto este é o mais importante para Kant e é por meio deste que a aritmética, a geometria, a matemática e a física chegou é pelo caminho de um conhecimento verdadeiro.
Com isso a filosofia de Kant tem como base fundamental três obras que caracterizam sinteticamente o seu pensamento: a Crítica da Razão Pura (1781), a Crítica da Razão Prática (1788) e a Crítica da Faculdade de Jugar (1790). Tais obras correspondem respectivamente às condições de possibilidade do conhecimento, a moral antropológica como práxis do indivíduo racionalista e, por fim, o juízo categórico que medeia às representações de mundo e a ação moral. Crítica, conhecimento, razão, juízo, e prática constituem os cinco termos que são fundamentais na filosofia kantiana.
Na sua obra Sobre a Pedagogia, resultado de um curso ministrado entre 1776/77, 1783/84, por Kant na Universidade de Königsberg, e publicado pelo seu discípulo Theodor Rint em 1803, um anos antes da morte de Kant, aborda princípios e conselhos práticos acerca da arte de educar. Neste sentido, o conceito de educação está entrelaçado com a concepção de moral kantiana. A obra é dividida em Introdução, Sobre a educação Física e Sobre a educação Prática. No sentido geral ela trata do sujeito moral como o elemento principal da educação, pois ele desde sua nutris necessita de cuidados e orientações para se chegar à condição de homem e cidadão: a moralidade. Contudo, o processo educacional não se efetiva no sujeito de modo fechado e pronto, mas faz parte de uma continuidade, progresso e construção da própria humanidade. O imperativo categórico passa a ser a base da moral educacional em Kant e seu ponto culminante é o reino dos fins do homem: a importância da dignidade e valoração do homem que caminha para sua perfeição como ser naturalmente possuidor de uma razão. 
A obra Sobre a Pedagogia de Emmanuel Kant faz parte de uma reflexão breve e sucinta acerca da arte de educar. O sistema filosófico kantiano está embasado como percurso fundamental e essencial na racionalidade. Daí com o conceito de educação não poderia ser diferente a abordagem do homem como ser que ressalta sua dignidade e sua valoração com base em um processo de desenvolvimento, perfeição e moralidade pela educação. Portanto, moralidade e educação fazem parte de um projeto que se interrelacionam e se articulam na promoção do homem para sua humanização.
Para uma compreensão geral da relação entre homem e educação em Sobre a Pedagogia é fundamental observar o homem em dois graus de desenvolvimento humano e um fim a que se fundamenta a sua natureza. O primeiro se encontra na Introdução da obra e diz respeito ao primeiro estágio do homem: o infantil. O segundo é o de juventude, ou adolescência. A finalidade que faz parte do desenvolvimento do homem como ser que tem a capacidade de se autodeterminar e inserir-se nas relações sociais de uma determinada sociedade como cidadão, é o de homem como tal, ou seja, o estágio autônomo de humanização.  

·         Georg Wilhelm Friedrich Hegel

Georg Wilhelm Friedrich Hegel é considerado um dos filósofos que constitui uma das filosofias mais completas e complexas que já existiu. A dialética é a base para se compreender seu sistema filosófico. Para ele o mundo como realidade é um desdobramento progressivo de uma espiritualidade racional chamada de espírito absoluto, ou razão, esta se exprime conscientemente na natureza do homem, em sua consciência. Sua obra filosófica introdutória é a Fenomenologia do Espírito. Ela aborda o progresso da consciência que segue seu processo de totalização. Segundo Hegel a sociedade segue esse processo dialético. Nesse sentido, as civilizações são consideradas as diversas manifestações desse espírito, sendo a Europeia a mais evoluída. 

·         Karl Marx

Os Manuscritos econômicos- filosóficos (1844), conhecidos também como Manuscritos de Paris, e o Capital, a sua obra mais completa, representam uma das expressões fundamentais do pensamento marxiano . Nele Marx abordar os momentos de sua crítica à economia política clássica, na qual Adam Smith e Ricardo são seus maiores representantes, e ao idealismo hegeliano, contrapondo este com as ideias materialistas Feuerbachiana. Tais obras apresentam as contradições do sistema econômico político burguês de sua época, ou seja, o sistema capitalista, que parte de pressupostos, não fundamentados nem explicados como a propriedade privada, o seu processo material e suas leis, a distinção entre trabalho e capital, capital e terra, lucro, mais-valia, teoria valor-trabalho, dentre outras categorias Desse modo, ele aborda também as consequências caóticas desse sistema que tanto mantem a propriedade privada, a divisão de classes, como promove o trabalho explorado e a alienação do homem. Suas obras não são propriamente em relação à educação, porém tem vários seguidores, como Adorno, Max Horkheimer, Walter Benjamin, Herbert Marcuse, Leo Löwenthal, Erich Fromm,  de sua lógica critico marxista que aborda seu método dialético-histórico no viés educacional-político. Desse modo, pode-se dizer que a crítica fornecida ao sistema educacional nas universidades envolve as questões sociais e o sistema econômico de nossa sociedade. Assim, as estruturas condicionam o homem a alienação também no seu sistema de formação educacional.
A marca de destaque de abordagem das obras de Marx é a concepção no sistema de produção capitalista e de estranhamento tanto nas relações sociaisde produção como no próprio processo de produção, seja de sua atividade produtiva, de sua relação com a natureza e de sua espécie, ou seja, do seu ser genérico. Isso ocorre, nesse sentido, quando o homem, no trabalho e nas suas relações sociais de produção, está subordinado ao sistema capitalista, que retira dele o fruto de sua produção, o conhecimento e domínio da natureza na sua produção, e, consequentemente, o aliena a si mesmo. A alienação no trabalho acontece de tal modo que tanto na relação do homem com a natureza, do homem com seu trabalho e com sua espécie há uma dependência e estranhamento e ao mesmo tempo, a negação da própria natureza humana, pois o que move o seu agir não é mais sua autonomia, sua vontade autodeterminante e subjetiva, o seu caráter humano de criar-se e produzir-se conforme sua liberdade e potencialidade, mas as leis que regem o sistema em função da produção de capital. Desse modo, Marx identifica que o trabalho dentro do sistema capitalista condiciona o homem a alienação, no seu grau mais elevado, e o objetifica diante da máquina e o torna uma ferramenta, ou seja, uma mercadoria.  Abortando, assim, o seu processo de emancipação humana, de continuidade genérica de seu ser.

·         Escola de Frankfurt

A Escola de Frankfurt (1924), considera-se a quinta etapa atravessada pela filosofia alemã, depois de Kant e Hegel, em primeiro momento, de Karl Marx e Friedrich Engels, em seguida; posteriormente por Nietzsche, finalizando,no século XX, após a eclosão dos pensamentos existencialista de Heidegger, da fenomenologia de Husserl e da ontologia de Hartmann. A produção filosófica germânica permaneceu viva no Ocidente, com todo vigor, de 1850 a 1950, quando então não mais resistiu, depois de enfrentar duas Guerras Mundiais.
Ela segue a tradição socialista de caráter marxista, que se uniram no fim da década de 20. Estes intelectuais cultivavam a conhecida Teoria Crítica da Sociedade. Seus principais integrantes eram Theodor Adorno, Max Horkheimer, Walter Benjamin, Herbert Marcuse, Leo Löwenthal, Erich Fromm, Jürgen Habermas, entre outros. Esta corrente foi a responsável pela disseminação de expressões como ‘indústria cultural’ e ‘cultura de massa’.
A Escola de Frankfurt foi criada por Félix Weil, financiador do grupo, Max Horkheimer, Theodor Adorno e Herbert Marcuse, que a princípio a administraram conjuntamente. Ernst Bloch e o psicólogo Erich Fromm acompanhavam à distância o despertar desta linha filosófica, que vem à luz justamente em um momento de agitação política e econômica vivido pela Alemanha, no auge da famosa República de Weimar. Seus membros seriam partícipes e observadores das principais mutações que convulsionariam a Europa durante a Primeira Guerra Mundial, seguida por outros movimentos subversivos, dos quais ninguém sairia impune.

Fonte de pesquisa

BARBOSA, Isaias Mendes.O CONCEITO DE ALIENAÇÃO EM KARL MARX. Artigo apresentado na XII SEMANA DE FILOSOFIA DA UECE e II ENCONTRO DE GRUPOS DE PESQUISA EM FILOSOFIA DA UECE - DE 30 DE SETEMBRO A 04 DE OUTUBRO.
BARBOSA, Isaias Mendes. CONCEITO DE CONSCIÊNCIA E CONHECIMENTO –DE- SI EM HEGEL.Artigo produzido e apresentado na disciplina de História da Filosofia IV.
BARBOSA, Isaias Mendes. SOBRE A PEDAGOGIA KANTIANA: A EDUCAÇÃO COMO FUNDAMENTO DA MORALIDADE NO HOMEM. Artigo apresentado no III SEMINÁRIO DEFILOSOFIA NO ENSINO FUNDAMENTAL E MEDIO DA UECE.
REALE, Giovanni. História da Filosofia: Do Humanismo a Kant. Paulinas, 1990, São Paulo.
REALE, Giovanni. Pré-socrático e Orfismo: História da Filosofia Grega e Romana. Vol.I. Edições Loyola, São Paulo, 1993.
REALE, Giovanni. Platão:História da Filosofia Grega e Romana. Vol.III. Edições Loyola, São Paulo, 2007.

SANTANA, Ana Lucia.Escola de Frankfurt. Artigo Disponível no site http://www.infoescola.com/filosofia/escola-de-frankfurt/. Acesso: 07 de outubro de 2013.

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