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A
obra Sobre Textos Sobre Educação e Ensino
de Karl Marx e Friedrich Engels constitui um conjunto de textos que, no calor
do século XIX, tratam do sistema capitalista e suas implicações ao sistema
educacional precedente. Não se trata de
um sistema filosófico sobre a educação e o ensino, mas pontos do pensamento
crítico-histórico-materialista de Marx sobre o Ensinoe suas questões de vínculo
cultural, social e político. De outro modo, a obra Os Intelectuais e a Organização da Cultura de Antonio Gramsci apresenta um aparato sobre os intelectuais e suas
relações político-sociais na modernidade. Ele trata também sobre os
intelectuais no aspecto da cultura e da escola. Deste modo, a sua obra
apresenta elementos de conexões e desconexões com a referida obra de Marx. Na
presente pesquisa, com base no capítulo 42, da referida obra de Marx Sobre a
educação, e no capítulo II (:a
organização da cultura) da obra de Gramsci, pretendesse fazer um relação
entre os dois pensadores modernos e as conexões de suas ideias.
As
duas obras apresentam conexões precisas com três conceitos fundamentais:
Cultura, Educação e Trabalho. Esses três conceitos giram em torno do pensamento
de cada autor. Neste sentido tanto Marx como Gramsci destacam a relevância da
Cultura (Ideológica?) e do Trabalhos sobre o modelo educacional na Modernidade.
Para
os dois pensadores o sistema educacional precisa passar por mudanças. Na visão
de Marx isso acontece pela mudança das condições sócias, quando o sujeito
consciente de si e de sua práxis luta para mudar as estruturas opressoras ou alienantes da educação. Alienação é
outro conceito que está implícito nos dois autores. Segundo Marx a divisão do
trabalho reduziu a atividade do homem e, portanto, a limitou sua consciência
social. Essa debilidade não só se realizou no campo psicológico, nas funções cognitivas
humanas, mas no próprio domínio de sua atividade. O trabalho ficou dividido
conforme o interesse do grupo social dominante. Enquanto que os intelectuais
pensavam, ou seja, exercia o trabalho intelectual, os operários só trabalhavam,
ou seja, exerciam o trabalho prático.Deste modo foi se dividindo em partes
menores e se fragmentando o trabalho. Do mesmo modo, no pensamento gramsciano a
civilização moderna fragmentou seu modelo educacional, com suas especializações
e separação entre escola clássica e profissional, conforme o interesse de
grupos sociais dominantes. Assim tanto no sistema trabalhista como na educação
o processo de divisão e fragmentação se realizou. Gramsci apresenta essas mudanças na educação
com mais detalhes. Neste sentido o pensamento gramsciano pode ser considerado
como uma maturidade sobre a educação do pensamento marxista.
Marx
apresenta como solução, do processo de alienação e divisão do trabalho, a luta
e conquista pelo trabalho que falta aos operários: o trabalho intelectual.
Deste modo o Governo Estatal não pode intervir no ensino. Ou seja, O governo
não pode dizer como as escolas devem agir, o que e como elas devem ensina.Esse
fazer caberia propriamente para comunidade local. Ou seja, quem está na práxis
educativa é que deveria refletir e teorizar sobre o melhor modo e o que
ensinar. Gramsci segue linha parecida quando afirma que a crise educacional “deveria
seguir esta linha: escola única inicial de cultura geral, humanista, formativa,
que equilibre equanimente o desenvolvimento da capacidade de trabalhar
manualmente (tecnicamente, industrialmente) e o desenvolvimento das capacidades
de trabalho intelectual”. Esse tipo de escola única apresenta a pretensão de
Marx sobre o sistema educacional da época.
Segundo
a Carta de Marx “Os proudhonianos afirmam que o ensino gratuito é um absurdo,
porto que o estado deve pagar. É evidente que um ou outro terá de pagar, porem
não é necessário que sejam os que menos podem fazê-lo.” A manutenção financeira
das escolas pelo Estado é também afirmada por Gramsci quando ele afirma que “A
escola unitária requer que o Estado possa assumir s despesas que hoje estão a
cargo da família, no que toca à manutenção dos escolares”.
A
Carta apresenta a proposta que combina o trabalho intelectual com o físico, os
exercícios físicos com a formação politécnica. E a formação politécnica não
deveria ser articulada pelo determinismo da divisão do trabalho, que impede o
conhecimento profundo do ofício aos aprendizes. Educação e vida social,
cultural e política são pontuações que no pensamento de Mar ganham grande
relevância. Do mesmo modo se apresenta a proposta de Gramsci sobre o ensino na
educação acadêmica:
A
organização acadêmica deverá ser reorganizada e vivificada de alto a baixo.
Territorialmente, possuirá urna centralização de competências e de
especializações: centros nacionais que se agregarão às grandes instituições
existentes,seções regionais e provinciais e círculos locais urbanos e rurais.(...)
Unificar os vários tipos de organização cultural existentes: academias,
institutos de cultura, círculos filológicos, etc., (...) — a atividades ligadas
á vida coletiva, ao mundoda produção e do trabalho.(Cf. GRAMSCI, 1982, p. 126)
A
crítica de Marx se dá as escolas elementares que não autoriza as “disciplinas
que admitem uma interpretação departido ou de classe. Nas escolas só se deve
ensinar gramática,ciências naturais... As regras gramaticais não mudam, seja
umconservador clerical ou um livre pensador que as ensine.”. Essa crítica se
realiza ao sistema precário e manipulador do ensino que está determinado pelo
sistema político-econômico, pela cultura dominante e pelos intelectuais, ou
capitalistas opressores. Essa problemática precisa ser superada. Gramsci
apresenta sobre o sistema educacional elienante que a sua “marca social ê dada
pelo fato de que cada grupo social tem um tipo de escola próprio, destinado a
perpetuar nestes grupos uma determinada funçãotradicional, diretiva ou
instrumental. Se se quer destruir estatrama, portanto, deve-se evitar a
multiplicação e graduaçãodos tipos de escola profissional, criando-se, ao
contrário, umtipo único de escola preparatória (elementar-média) que conduza o
jovem até os umbrais da escolha profissional, formando-o entrementes como
pessoa capaz de pensar, de estudar,de dirigir ou de controlar quem dirige”.
Portanto,
assim como em Marx, para Gramsci a escola tem uma função política, social e
cultural. Ela está ligada ao trabalho e os interesses de classes, que ele chama
de intelectuais, que precisa ser superado. As pinceladas sobre a educação
marxista segue os ditames político e o movimento dialético da história, assim
como apresenta Gramsci. Para Marx mudar a estrutura é um percurso da ação
prática do ser humano e a educação pode promover isso, desde que o trabalhador
vá para luta e conquiste seus direitos. De modo semelhante, para Gramsci a
educação, com a escola única e ativa é a promotora e formadora social.
2.
Fontes
bibliográficas
MARX,
Karl; ENGELS, Friedrich.Textos sobre
Educação e Ensino.Campinas, SP: Navegando, 2011.
GRAMSCI,
Antonio.Os Intelectuaise a Organizaçãoda
Cultura. Trad. Carlos Nelson Coutinho. 4.ª Edição.Editora Civilização
Brasileira S.A. Rio de Janeiro, 1982.
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