No
ritmo frenético da vida, na prática habitual, costumeira e repetitiva da existência
somos convidados a tentar diminuir a velocidade do carro da vida, tentar dar
uma paradinha básica, necessária, e olhar
de um modo novo, renovado, sobre o
que já vivemos e passamos, a nossa história. Também é importante, nesse
momento de pit stop, adquirir uma
expectativa positiva sobre o que estar por vir.
É
uma oportunidade de se rever e trazer consciente na memória àquilo que nos
marcou, nos seus autos e baixos (de bom e ruim), mas que foram importantes na
nossa experiência de vida e maturidade. Nessa rememoração somos chamados o
olhar de modo bastante intimo, e bem juntinho, a nossa experiência com Deus, que não está separada da nossa vida.
É
o encontro conosco e com o ressuscitado que aparece
no meio de nós, ou seja, na nossa
história, nas coisas pequenas e boas que nos aconteceram, e nos deseja a paz
(Jo 20,19)! Os sinais de tal caminho são marcados pela presença de fé,
caridade, esperança e alegria como podemos observar na expectativa das primeiras
comunidades (At 5,12-16). Esse olhar alegre deve nos contagiar e fazer-nos identificar-se
com o salmista quando diz: “Pelo Senhor é que foi feito tudo isso: que
maravilhas ele fez a nossos olhos! Este é o dia que o Senhor fez para nós, alegremo-nos
e nele exultemos! (Sl 117)
Nesse
encontro também precisamos olhar as coisas ruins, as não agradáveis e não tão
bem acolhida por nós, aquelas que nos marcaram negativamente, mas que também fizeram
parte de nossa vida e que de certo modo nos ajudaram a amadurecer. Somos
convidados a perceber que ai também o ressuscitado estava, pois é também nas nossas dores, pecados e
fraquezas que o ressuscitado nos aparece assim como Ele apareceu aos discípulos
e mostrou-lhes as mãos e o lado, ou seja, as marcas dolorosas de sua
presença na história (Jo 20, 20). Na intimidade com Jesus, encontrar as marcas
das nossas chagas, pois também carregamos nossas cruzes, é muito importante. Deste
modo podemos perceber que não somos fantasmas, insensíveis, e que não
caminhamos com um fantasma ou insensível, mas com um homem (ou Filho do homem,
ou Filho de Deus), que ressuscitou sem deixar a História.
Essa
experiência de olhar para si e encontrar, em nossa força e fraqueza (alegria e
tristeza; esperança e desalento; consolo e desolação), a presença e marcas de
Jesus ressuscitado, nos ajuda a deslumbrar nosso primeiro horizonte histórico: ver
pela luz divina a nossa história, e crer que Jesus está em nosso meio.
Depois
de ver e crer que Jesus está conosco, outro momento de singular importância precisa
ser apreciado por nós: crer para ver. É olhar o futuro sem ter nenhuma certeza,
pois não está pré-determinado por Deus e muito menos por nós. O amanhã a Deus
pertence: essa é nossa esperança. Esse é o salto da fé: acreditar no que não se
ver. Dar crédito, confiar e esperar.Não parado, mas andando.
Quando
não temos certeza para o que estar por vir então ficamos com medo. É uma prova
que precisamos fazer, é uma entrevista de emprego, é uma escolha incerta, é uma
decisão séria e delicada a ser tomada. Nesses momentos bate e nós a
insegurança, o medo, a falta de chão. Então ficamos como Tomé: “Se eu não vir a
marca dos pregos em suas mãos, se eu não puser o dedo nas marcas dos pregos e
não puser a mão no seu lado, não acreditarei”(Jo 20, 25).
Diante
de tal situação precisamos confiar e esperar, e até pedir como fez o salmista: “Ó
Senhor, dai-nos a vossa salvação, ó Senhor, dai-nos também prosperidade!” (Sl
117). Nosso Senhor nos chama a atenção: “não sejas incrédulo, mas fiel”(Jo 20,
27). Precisamos colocar nossa esperança em Deus, pois se Deus é por nós que
será contra nós?. Vamos dar crédito às palavras de Jesus quando diz: “Não tenhas
medo. Eu sou o Primeiro e o Último, aquele que vive. Estive morto, mas agora
estou vivo para sempre. Eu tenho a chave da morte e da região dos mortos” (Jo1,
17-18).
Aos
poucos vamos percebemos que o ressuscitado não nos abandona. Mas caminha
conosco e que quer ser nosso guia para o céu. Ele chega até a se manifestar na
nossa vida, nas coisas simples e pequenas. Mas só poderemos ver e experienciar
tais coisas se acreditarmos por primeiro, de coração aberto. Tenhamos fé, esperança, caridade e alegria. E
vamos caminhando juntos como disse Paulo: “companheiro na tribulação, e também
no reino e na perseverança em Jesus”(Jo 1, 9). Eis nosso desafio: ver com a luz
do ressuscitado sua presença e nossa história e deslumbrar o que estar por vir,
na esperança em Deus e seu Filho. Que digamos como o salmista: “Que o Senhor e
nosso Deus nos ilumine!”(Sl 117).
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