O cenário político, econômico e industrial
brasileiro está marcado por lutas, atritos, brigas políticas, ou melhor dizendo, partidárias. Todas essas atividades partidárias e manifestações que já vem
acontecendo há um bom tempo (e me refiro, aquelas violentas, desordeiras e
agressivas) são atividades de “Homens de cabeça dura, insensíveis e
incircuncisos de coração e ouvido!” (At 7, 51). Ultimamente só vemos (diante
daqueles que detêm o poder no parlamento e nos meios de comunicação em massa)
pessoas que tremem de raiva em seus corações, mais muita e muita raiva, como os
que assassinaram Estevão (At 7,54), apostolo de Cristo. Essas pessoas lutam a todo custo e se
mobilizam para ganhar ou se manter no poder e se beneficiar com o mesmo.
Nessa dinâmica de atrito, “o povo” está sendo
motivado e iludido a se revoltar contra um ou outro partido. Isso é possível
observar nos últimos meses e principalmente agora no instigado impeachment da
atual presidente Dilma Roussef. As
justificativas para tais ações revoltosas e agressivas são muitas: a) a crise econômica
na Europa que mais cedo ou mais tarde teria efeito colateral no Brasil; b) as
descobertas de crimes graves, com os bens do país, pela a Lava-jato; c) o
aumento atual dos impostos nos bens de consumo (alimentos, roupas, etc) humano;
d) a suja corrupção, mais visível, em toda a estrutura do sistema político
brasileiro e e) os problemas gerais não menos grave que já fazem parte, e há
muito tempo, da trajetória do Brasil (problemas na educação, na moradia, na saúde,
no trabalho, na alimentação, nas reservas de agua para nosso consumo....).
Diante de tais dificuldades precisamos fazer um discernimento
correto, cuidadoso e sério sobre tal situação, sem cair no erro de que: a) este
partido é bom e o outro ruim; este não nos ajudou e aquele vai nos ajudar; este
agiu de má fé e aquele de boa fé. Na verdade é muito difícil ter tal discernimento.
Pois há tempos que não se tem tanta transparência, como atualmente, na forma de
governo da política do Brasil. E nunca tivemos tantas dúvidas em relação ao
governo e partido mais apropriado. De fato há um descrédito na política e no
sistema governamental, porém não podemos cair em tal visão negativa, pois
sempre é preciso alguém para governar, mesmo que não seja o ideal, e acredito
que nunca houve realmente.
Uma visão mais coerente da realidade seria perceber
que na nossa história sempre tivemos progressos em uns pontos e regressos em
outros. Porém o discernimento que podemos ter atualmente nessa situação de
rivalidade e para as próximas eleições é conhecer com mais seriedade e precisão
quem possui o perfil mais próximo da realidade do povo (de modo especial os
mais abandonados) do Brasil, quem possui um histórico envolvido nas questões
dos mais necessitados, quem é mais sensível e humano para ajudar a quem mais
necessitam?. Pois em situações difíceis os menos favorecidos e os mais
abandonados são os que sofrem mais e deveriam possuir nossa maior atenção.
Nosso sistema político e social abrasileiro está como
um corpo em convulsão, onde um partido ou setor ou seus membros, ou até as famílias, pensam
que não precisam uns dos outros, ou não se ajudam para o bem do povo. Esse é o
problema. A relação dos partidos ou setores empresariais e trabalhistas, ou de
muitos membros da sociedade, acontecem numa pretensão de dizer “eu não preciso
de você!” e “você não faz parte do meu grupo!”. São os membros do corpo Brasil,
principalmente na política, que não se vêm e não se ajudam como membros de um
mesmo corpo como bem disse Paulo: “Se todos fossem um só membro, onde estaria o
corpo? Há, pois, muitos membros, mas um só corpo. O olho não pode dizer à mão:
Eu não preciso de ti; nem a cabeça aos pés: Não necessito de vós”(1Cor 12,
19-21). Não é isso que vemos entre nossa presidente e seu vice? Enquanto houver
divisão nesse sistema não vamos progredir. E o pior: os menos favorecidos
sofrerão mais: o povo, e principalmente, a grande população trabalhadora, que
sustenta esse País.
Ir a favor ou contra ao impeachment da atual
presidente não vai alterar em nada a nossa real situação. E quem for sucedê-la,
se assim acontecer, não vai resolver nossos problemas, que são profundos,
históricos, e que podem levar décadas para serem resolvidos e se forem. O que é
preciso levar em consideração afinal é quem fica, ou assumirá, o poder e quais
membros de todo o sistema político também fará parte deste sistema, pois esses
sim (não depende só de um presidente, mas de todo o corpo) podem auxiliar a
situação do Pais ou prejudicá-la.
Um representante não vai resolver
nossos problemas se nós não tomarmos consciência social, política e humana
sobre nossas ações e escolhas. Se não tivermos autonomia e liberdade para
buscar o bem comum, não caminhamos. Pode acaso um membro andar ou viver sem o
outro?. Enquanto não aprendermos a caminhar, ter mais consciência humana e de
corpo Brasil, enquanto não cuidarmos principalmente dos membros menos
favorecidos, os pobres, desprezados, excluídos e assalariados, dentre outros,
então não conseguiremos nos reerguer como nação, como Reino, como disse Jesus: “E,
se um reino se dividir contra si mesmo, tal reino não pode subsistir; E, se uma
casa se dividir contra si mesma, tal casa não pode subsistir” (Mc
3, 24-26).
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