domingo, 28 de setembro de 2014

Santo Afonso: o Rosário e a Vida.




Santo Afonso, dentre outros, é um dos grandes homens, que testemunhou sua Fé em Deus e apresentou para o povo, com sua vida e serviço, um caminho acessível a Deus. Uma ‘vida de Oração’ foi algo que fez parte de sua vida e na tomada de suas mais importantes decisões: como abandonar um caminho de sucesso: sendo advogado, ou músico, ou pintor, ou escritor, ou possuidor de qualquer outro cargo elevado de sua época, para seguir um caminho de serviço a Deus e ao povo de Deus. 

Para Afonso oração é encontro e intimidade, é desejo e diálogo com Deus. Nesse caminho orante, destaca-se o carinho e apelo a Maria, que ele sempre apresentou em suas orações e seus escritos, como a ‘visita ao santíssimo sacramento’ e a ‘Glórias de Maria’.

Um dos instrumentos de oração que nós, redentoristas, temos hoje, em nosso hábito, é o ‘Rosário’. Engraçado: sempre tive curiosidade de saber se alguém reza, ou rezou aquele rosário presente no hábito! Porém, o mais importante é perceber a 'importância da reza do rosário', ou qualquer instrumento religioso, na vida de oração.

Todo instrumento religioso te sua importância, porém, falo do rosário, porque este contém aquilo que é importante na nossa vida cotidiana e de oração: a memória viva e presente de Jesus Cristo, da trindade e de Maria, dentre outros, como participante da graça de Deus. O rosário descreve os pontos principais da vida de Jesus, nos seus mistérios: é uma catequese. Se meditarmos o rosário em nossa vida veremos o quanto ele é importante para trazermos viva a história de vida e salvação do povo de Deus e encarná-la com a nossa. Por isso o rosário é uma viva memória de Jesus, que está conosco em nossa vida.

Desde ‘o sinal da santa cruz’ até a ‘salve rainha ‘’ o rosário descreve e apresenta aquilo que faz parte da fé cristã católica. É as nossas convicções de fé que são: verdade e vida, pois aconteceu e está em nós. Porém, não se trata somente de contemplar os mistérios e pronto, mas fazer relação com nossa vida, nossa caminhada, para melhor viver. Assim como contemplamos a santíssima trindade, que é a comunidade perfeita, no momento inicial do rosário, nós somos convidados a viver em comunidade, diálogo e fraternidade, semelhante a trindade santa. Assim como contemplamos o Pai nosso, que medita a vontade do homem em exaltar a Deus e pedir sua ajuda nas suas necessidades e convivência social, somos também nós, convidados a reconhecer e realizar esse projeto na sociedade. As ave-marias, entre cada mistério, nos faz reconhecer a importância de Maria e de todas as mulheres que participaram e participam no projeto de Redenção de Cristo. Portanto, no rosário está contido, de forma resumida, os elementos de verdade que faz parte da história e vida do povo de Deus e no rosário está contido os nossos anseio e desejos, de modo geral e simples, para nossa vida e na nossa relação com Deus.


Que os instrumentos religiosos, assim como o rosário, possa nos ajudar, cada dia mais a se encontrar com Deus e fazer um caminho de salvação, ou seja, caminho de verdade e vida. Que Santo Afonso nos ajude a bem viver a vontade de Deus pela intercessão de Maria.

sábado, 27 de setembro de 2014

Fé, Vida e seus percursos!

A partir de hoje inicia-se algumas reflexões sobre a espiritualidade redentorista e sobre assuntos que fazem parte da Fé e Vida do povo. Não se trata somente de questões religiosas, mas também sociais e políticas, pois, o SER HUMANO, por natureza, está envolvido nessas três realidades: a humana, espiritual e social. 

sexta-feira, 13 de junho de 2014

Santo Antonio e a Vida Matrimonial: uma realidade possível, ou ilusão?!


                Ontem, dia 12, foi dia dos Namorados. Meus parabéns para todos aqueles que são namorados, ou estão namorando. E para aqueles que ainda não realizaram esse sonho, meus votos de paciência e esperança, pois somente desta forma-com paciência e esperança- é se chega a aquilo que o coração  anseia. Hoje celebramos Santo Antônio, ele dedicou sua vida em função da vontade de Deus e da justiça social que provem dessa vontade divina.
Pela fé o povo costuma rogar por Santo Antonio para que ele ajude no caminho daqueles que querem ter um (a) namorado (a), e, além disso, uma vida conjugal feliz. Pelos resultados positivos obtidos através deste santo, ele é tido como o padroeiro dos namorados. O testemunho da vida do povo é a prova visível de que realmente esse santo nos ajuda em nossos sonhos. Dessa forma entra a questão: o matrimônio é realidade ou ilusão? Particulamente considero que o matrimônio é uma realidade possível. Dessa resposta surge outra pergunta: se a vida matrimonial é possível, por que muitos casamentos não perduram a vida toda ou não tornam as pessoas felizes?
Nosso grande problema está na falta de clareza sobre o sentido profundo e verdadeiro da vida matrimonial e sobre o processo que leva o casal a este fim. Muitas pessoas querem namorar, casar e serem felizes, porém, elas não têm paciência. Querem no hoje, agora e imediatamente. Querer as coisas dessa forma é um risco muito grande, pois todo relacionamento precisa e tempo e maturidade para realmente acontecer. Quem pensa que tendo um (a) namorado (a)  e casando , posterior mente , será feliz, está enganado. Pois não é o namoro ou casamento por si que transforma tudo e poder fazer verdadeiramente as pessoas felizes, mas aquilo que leva duas pessoas a se unirem e cainharem juntos: o amor. Sem este nada perdura, nada continua, tudo fica vazio.
Daí é importante perceber o percurso que leva duas pessoas, ou casal, ou namorado, a se unirem e terem uma vida matrimonial. Não podemos confundir quatro coisas importantes que pode acontecer ou não na vida a dois para o matrimônio: a carência afetiva, a necessidade sexual, a paixão e o amor. Essas quatro coisas podem ajudar ou atrapalhar a vida matrimonial, muitas vezes elas se confundem, pois isso é importante ter clareza sobre o que estamos sentindo e se o que sentimos é o que profundamente queremos para nossa vida. Essas quatro coisas precisam estrar e harmonia e levar casal ao seu estágio mais puro: o do amor. Isso vai fazer o casal ser verdadeiramente feliz.
A carência.
Esta é a primeira coisa que faz parte de nós. Somos carentes, sensíveis e o que vemos, vivemos e sentimos mexe conosco. As vezes são coisas boas, as vezes ruim, pois o exterior mexe conosco e nas nossas experiências afetivas mais profundas. Muitas vezes as pessoas querem outras, querem namorar e casar, porque não querem ficar só. Isso faz parte de nossa carência, porém, não deve ser a justificativa para iniciar um relacionamento qualquer com uma pessoa qualquer, pois a união de duas pessoas por carência não dura muito e não faz o ser humano ser verdadeiramente feliz. Por isso é importante perceber com quem se está relacionando e por que. O que realmente os dois estão sentindo e o que realmente os dois querem. A carência vai ajudar os dois a se aproximarem porém, não vai mante-los unidos. Pois a carência não vai preencher tudo que há no ser humano, mas pode ser um primeiro momento que não deve ser negado, mas reconhecido na vida a dois e percebido se leva os dois a outros estágios mais elevados do relalionamento: o afeto, o sexo e o amor.
A necessidade sexual
Esta na maioria das vezes faz parte de pessoas que já têm uma vida sexual ativa, ou seja, ela está num outro nível da vida. A necessidade sexual é algo positivo na vida. Somos sentimentos e desejos, porém, não se pode confundir a necessidade sexual por carência, paixão e amor. Tem casos de pessoas que adquiriram uma necessidade sexual, por conta das ituações da vida, porém, no relacionamento, isso não mantem as pessoas unidas. Só dura enquanto houver sexo. Hoje temos muito um instímuloa isso, porém, não é o fim mais pro e mais sublime da vida a dois. É um momento importante que nos satisfaz momentaneamente, porém não deve ser visto com o essencial, mas como o complementar. É importante o casal ter clareza disso e transparência, em relação a isso, para perceber a para que fim o casal quer chegar. Pois, para que a vida matrimonial perdure,  só o sexo não basta e não completa a vida do casal. Portanto, se o fim útil do relacionamento é  o sexo, então, quando houver crises, períodos de pouco necessidade sexual, o relacionamento acaba. Pode até acontecer que ele perdure, mas o ser humano não se rentirá completo.
A paixão (de estar apaixonado)
Esta é a situação, no relacionamento, em que o casal ou a pessoa pode chegar a um nível muito bom, porém, bastante conflitante, quando não correspondido.Vai depender da maturidades e consciência em que o ser humano tem de si. A paixão mexe conosco, com nosso corpo, com nossos sentimentos e com nosso modo e ver o mundo. Normalmente, cetra-se na cabeça a ideia sobre a outra pessoa desejada. O outro atinge uma significação esplendida e nos leva para um momento se estase. O estar próximo já é algo fabulosos. Quando se estar apaixonado normalmente pouco se enxergar os defeitos da outra pessoal. Ela(e) é percebida (o) como bela (o) , esplendida (o), delicada (o). Desse modo boa parte da razão de sua vida está em função da outra pessoa. Isso é lindo para o casal que deseja unir-se, porém, não é o seu momento mais puro, pois, a paixão passa e a realidade defeituosa do outro aparece na convivência. Com a paixão, a carência e a necessidade sexual se torna algo mais vivo, intenso. Porém, a paixão se torna algo mais puro do que a necessidade sexual e a carência, porque, mesmo que não haja sexo e que não se esteja próximo, a ligação e aproximação do casal ou de um dos parceiros extrapolam  barreira da distância. Porém, na união e na convivência, as fragilidades, ou limites e defeitos do casal aparecerá e quebrará todo aquele ideal e mexerá por dentro, tem situações de grande decepção em que a paixão se torna ódio. Esse é o inverso da paixão. É o que há de mais negativo no relacionamento. E pode geral feridas sentimentais ou violência física terríveis. Por isso, no relacionamento é importante ter o equilíbrio de cada coisas, se não, as dores e tristezas serão inevitáveis e a união pode chegar a se apartar irreparavelmente. É importante perceber que dependendo da personalidade da pessoa, de como ela acolhe isso, a paixão pode ser boa, ou pode lava-lo a brigas de ciúmes constantes. Porém, que bem administrado  paixão e ela pode levar o casal ao nível profundo do amor.
 O Amor
Este é esplendido, é o que há de mais divino no homem. É o que dá sentido profundo e fundamental a vida humana. O amor é um estado de maturidade no relacionamento em que o pessoa que ama é livre verdadeiramente. Ela não depende da carência, do sexo, da paixão para amar a outra pessoal. No amor o casal verdadeiramente se conhece, qualidades e defeitos e decidiram se unir a tal ponto de um completar o outro. A união se dará em todos os momentos: na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, na vida aqui e na vida eterna, de outra forma. Este sentido profundo do amor faz com que as diferenças seja algo pequeno, algo que é superado pelo que de mais profundo e verdadeiro existe no homem. O amor verdadeiro não se determina pelas circunstância. Não existe distância para que ama, mas confiança. Ele, o amor, não precisa conquistar, porque, ama incondicionalmente. Quem ama tanto quer ajudar como deseja que o outro seja livre e feliz. É doação, entrega. A pessoa que ama sabe para onde seguir, saber o que fazer, e, ao contrário da paixão, está em paz. Esse nível de amor, torna o casal verdadeiramente feliz, pois está além de qualquer circunstância, no sentido, que Não está determinado pelas coisas e que não muda de essência. O amor de mãe se aproxima disso, mas o mais perfeito e sublime é o amor de Jesus que, deu-nos essa maior prova de amor.
Para que a pessoa que deseja ter uma vida matrimonial feliz, é preciso que ela saiba caminhar e o que profundamente ela quer. O diálogo é muito importante, a sinceridade também e o fim não podem ser esquecido, e o maior desafio: o amor puro. Normalmente esse amor se apresenta de forma mais presente quando  o casal já está num nível de vida elevado, pois, o corpo e os sentimentos não mantem a mesma potência, mas o amor, esse se tornará o caminho mais verdadeiro e mais profundo da vida humana. E ai sabemos verdadeiramente que amamos e somos amados. Muitos casais não têm a devida paciência para chegar  esse nível e Amor. Alguns param no início, outros no meio do caminho, por isso, que não se descobre o sentido profundo de uma verdadeira relação humana. Outros não se abrem pra buscar essa realidade e ai as coisas morrem. As decepções acabam com nossas esperanças e ai a busca pelo amor é abandonada. Muitos não acreditam nisso, por isso, que o amor não se realiza. Mas, de fato ele existe. O amor conjugal se estende para o amor familiar, porém, seu desafio maior é atingir a sociedade, além da queles que existe entre os amigos. Jesus continua sendo essa maior expressão de amor. Quem atinge esse estágio puro reconhece Jesus profundamente, ou quem reconhece ou seque jesus profundamente atinge esses estágio profundo de AMOR.


sábado, 4 de janeiro de 2014

Santo Redentorista São João Neumann.

Hoje, 05 de Janeiro de 2014, a Congregação do Santíssimo Redentor, em comunhão com a Igreja, celebra o dia do Santo Redentorista São João Neumann. Ele Nasceu em Prachatitz, Boêmia, no dia 28 de março de 1811, filho de Filipe Neumann e Agnes Lebis. Desde sua infância, no seio familiar desejava ser sacerdote a serviço dos mais necessitados. Todo o período de sua formação sacerdotal foi em vista da missão de anunciar a boa nova aos pobres e abandonados. (const.1). O desejo por SER MISSIONÁRIO fazia parte de sua vida e das necessidades da época. Por isso, em vista da missão, desde jovem aprendera outras línguas,como o latim e, posteriormente, o Inglês. O gosto pelos estudos fazia parte de sua vida e isso facilitou sua preparação para o serviço apostólico.  Em 1831 entrou para o seminário. Dois anos depois, passou para a Universidade de Charles Ferdinand, em Praga, onde estudou teologia.
Quando completou a frmação para o sacerdócio, fez o pedido para ser ordenado, porém o bispo decidiu que não haveria mais ordenações, pois o número de padres era superior a necessidade local. João estava certo de sua vocação para o sacerdócio, mas todas as portas pareciam estar fechadas, com exceção de um Bispo de Nova Iorque. O desafio missionário se fazia presente na América. E foi com desprendimento e generosidade que João Neumann deixou família e amigos para cruzar o Oceano em direção a América. Depois de muita dificuldade é ordenado.
Como missionário, visitava um povoado atrás de outro, escalando até montanhas para visitar as pessoas doentes e celebrar missas. Sonhava viver em uma comunidade. Foi, então, que ingressou para a Congregação de padres e irmãos que se dedicava em ajudar os pobres e os mais abandonados: os Redentorista. Foi o primeiro padre que entrou para a Congregação Redentorista na América; professou seus votos em Baltimore, no dia 16 de janeiro de 1842. Desde o princípio, destacou-se por sua piedade, santidade e por seu zelo e amabilidade. O seu conhecimento de seis idiomas modernos o tornou particularmente apto para o trabalho na sociedade americana, com grande diversidade de línguas no século XIX.
Depois de trabalhar em Baltimore e Pittsburgh, em 1847, foi nomeado Visitador ou Superior Maior dos Redentoristas nos Estados Unidos. Neste cargo, preparou os confrades da fundação americana para se tornarem uma Província autônoma, o que aconteceu em 1850. O Padre Neumann foi nomeado Bispo de Filadélfia e ordenado bispo em Baltimore, no dia 2 de março de 1852. A diocese dele era muito grande e passava por um período de desenvolvimento considerável. Como bispo, foi o primeiro a organizar um sistema diocesano de escolas católicas e para isso, fundou as Irmãs da Ordem Terceira de São Francisco para lecionar nas escolas.
Entre as mais de oitenta igrejas que construiu durante o seu bispado, deve ser mencionada a catedral de São Pedro e São Paulo, iniciadas por ele. São João Neumann era de estatura pequena; nunca teve uma saúde robusta, mas sua vida foi marcada por inúmeras atividades, conjugadas entre sua piedade e sua fortaleza. Costumava perder noites de sono em oração. Ele, ainda, achou tempo para uma atividade literária considerável, além de suas obrigações pastorais. Escreveu numerosos artigos, publicou dois catecismos e, em 1849, uma história da Bíblia para as escolas.
No dia 5 de janeiro de 1860 (com 48 anos de idade apenas) caiu na rua, quando fora deixar uma carta. E morreu antes que lhe pudessem administrar os últimos Sacramentos. Foi beatificado pelo Papa Paulo VI, no dia 13 de outubro de 1963, e canonizado pelo mesmo Papa, no dia 17 de junho de 1977.

quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Impasses que interferem no sentido e na celebração do Natal.




O Natal do Senhor, assim como a ressurreição de Jesus, é um dos momentos celebrativos mais culminantes da Liturgia de Nossa Igreja. Na temática passada vimos alguns elementos constitutivos e característicos do Natal de Jesus, que somos convidados a celebrar, como a entrada de Jesus na história, a revelação de Deus-menino, as esperanças trazidas por Jesus, a confirmação da Fé e o testemunho vivo do cristo em nosso meio. Hoje vamos colocar em consideração algumas coisas que dificultam a boa celebração do Natal, ou distanciam o homem do verdadeiro sentido do Natal. Esses elementos negativos do Natal são característicos do desenvolvimento radical e não desacerbado do homem na história e de seu desvio da meta na qual ele é chamado a viver por Deus.

Assim, os fatores negativos que promove ruídos na vivência do Natal são de ordem econômica, política, espiritual e moral. São eles : 1) o capitalismo radicalizado; 2) o sistema governamental laico; 3) a alienação religiosa; 4) a crise moral; 5) e a cultura anti-cultura. Todos esses pontos são observados e destacado pela falta de maturidade e a desvalorização do que há de mais primitivo e essencial na natureza humana: a vida, a dignidade de humano e sua Fé Cristológica.

1)      o capitalismo radicalizado: pólos opostos e inpreparados  para vinda de Jesus

A modernidade trousse para o homem uma produção industrial muito valiosa. Com a bússola, os livros, e a tecnologia primária o homem chegou a horizontes nunca antes visto. A América é um exemplo disso. Assim a modernidade desenvolveu relações comerciais e tecnológica, através da exploração das camadas sociais inferiores e pobres (mulher, crianças, idosos, escravos) e produziu um bom aparato comercial. O desenvolvimento na produção do mercado comercial, a instauração de lucro (à custa do trabalho não-pago) promoveu o que chamamos de capitalismo.

Esse sistema tendia a promover a evolução econômica de uma parcela da camada populacional. Aos poucos a tecnologia foi tomando conta de nosso mundo. Os sistemas de escravidão e exploração passou a chamar-se de emprego, porém boa parcela da população tinha acesso a tecnologia. A televisão, o rádio, dentre outros elementos constitutivos da explosão tecnológica, passou a fazer parte de nossa vida. Evoluímos muito em questões econômicas e tecnológicas, porém regredimos em questões humanas. O homem é observado como um meio econômico, como uma peça (descartável) que tem a utilidade de promover capital (lucro). O sentido do ser- humano aos poucos foi se perdendo até a contemporaneidade.

 É claro, algumas empresas promoveram assistência psico-social para resgatar o valor do homem-pessoa, enquanto funcionário da empresa, porém as relações de recursos humanos estão prioritariamente trabalhando o homem e destacando suas potencialidades e importância em função da promoção e desenvolvimento da empresa, e não do trabalhador. Sem termos noção do que estava acontecendo, a humanidade absolveu esse sistema a tal ponto de todas as suas relações sociais, amorosa, moral e política, estarem pautada sob a economia. Pensamos e agimos de modo econômico. Os amigos que estão em ascensão econômica, ou de cargo de trabalho, muitas vezes tem mais valor do que os pobres, ou os que estão na última classe econômica. Enquanto muitos têm pouco, poucos têm muito. Os interesses passaram a ser de bens de valor. A natureza é explorada e poucas são as pessoas que tentam promover de fato um desenvolvimento ecológico, mas isso não promove lucro, então pouco se faz, apesar de muito se falar.

Nesse sistema capitalista existe uma falha que está nos dois pólos de sua economia (a escassez e a super abundância). Os dois extremos prejudicam de modo fortíssimo a vivência do natal de Jesus. Em um Jesus e a esperança de Jesus se faz necessária e urgente, em outro reclama por uma efetivação da vontade de Deus, porém os dois pólos não estão preparados para o nascimento de Jesus, apesar de se fazerem necessitantes. De modo simplista, em quanto na mesa do pobre, pouco tem para promover o encontro fraterno entre famílias com o menino Jesus, com a promoção da esperança de vida feliz plena (e neste local ocorre forte mente o grito do Cristo que é carente de tudo), com a dignidade da pessoa humana, de seus valores enquanto cristão, em outros lugares existe uma super-abundância de bens materiais, que denotam a inutilidades de muitos objetos, de muitos bens para o verdadeiro valor do Natal. Neste caso o espaço e a situação econômica, muito mais prejudicam a identidade e unidade e encontro pleno com o Menino Jesus, que nasceu numa estribaria (curral de cavalos) do que denota uma verdadeira celebração do nascimento de Cristo-Menino. Neste sentido a crítica se dá pelo fato de enquanto nos cantos escassos economicamente se situar uma injustiça, exploração e déficit na disposição e valor do homem para se ter uma digna e verdadeira celebração do nascimento das esperanças de felicidade plena do menino nazareno, em outros locais muito se tem em bens, em objetos, em material, e muito se perde no verdadeiro encontro de um Jesus desprendido de coisas passageiras. Portanto, a disposição de celebração do Natal, e daquilo que tudo de fundamental e necessário promove a vinda do menino Jesus, nesses dois espaços são pouco aproveitadas, daí a necessidade de um profeta, do verdadeiro sentido do Natal.

2)      o sistema governamental laico

Com a separação do estado com a Igreja suas relações passaram a ser de pura diplomacia e seus objetivos distintos. Enquanto que na Igreja se fala de um reino de paz, de amor, de partilha, de fraternidade e unidade como irmãos( apesar de nela está inserida seu caráter de Igreja falha, pois movidas por mão humanas); enquanto nossa Igreja se preocupa em ser um efetivo indicador de Jesus como nosso salvador, porta para o encontro com Deus; enquanto ela promove ações sociais para manutenção da vida de muitas pessoas carentes, e ao mesmo tempo mantém uma relação de compromisso com suas instituições sociais, o estado, por sua vez, tenta promover a manutenção sócio-política do povo. Assistências sociais como educação, moradia, cidadania, distribuição de empregos, dentre outras coisas são atividades promotora do estado. Essa cisão do setor antropológico do religioso limitou a ação da Igreja, e por outro lado excluiu aos poucos o caráter religioso das instituições seculares.  Neste sentido a difusão e promoção de outras morais, a preocupação do aspecto econômico em primeiro plano e a gerencia de governo pautado por legislações hierárquicas, a tal ponto de monopolizar a distribuição de renda e cargos vitalícios, são contributos do estado. Assim, a regência do estado está promovendo outras coisas de caráter ontológico, porém que pouco direciona o homem contemporâneo para a sua essência. Enquanto natureza, o homem é essencialmente religioso, e enquanto seguidor de Cristo, o homem é essencialmente Cristão. Neste sentido, sua felicidade está não só no plano antropológico, mas faz parte de um itinerário transcendente. Se o estado não é religioso, e nem tem a função de promover aquilo que é essencialmente humano, então o natal do Senhor não está dentro de sua preocupação de regência, muito menos no intento da promoção religiosa. Neste sentido pouco se estimula uma disposição moral, política e social na área parcial da natureza humana: sua religiosidade cristã. As lacunas do estado, na tentativa de promover um desenvolvimento do homem em sua totalidade, são inevitáveis!E a disposição para o verdadeiro encontro e aderência as esperanças do menino Jesus pouco, pra não dizer nada, se realiza pelo estado.

3)      a alienação religiosa

No aspecto religioso estamos diante de alguns problemas quanto a forma religioso- cristão de se obter uma maturidade de fé, e uma espiritualidade clara e evidente que promova um efetivo e proveitoso encontro natalino com Jesus. Durante a história de nossa Igreja tivemos diversas camadas religiosas que promoveram diversas diretrizes acerca do modo de se compreender e expressar a revelação divina no seu aspecto mais original e fundamental. Várias foram às correntes que se desenvolveram no interior de nossa Igreja, porém, na maioria das vezes muitas delas entraram num radicalismo completo. Cito aqui duas correntes atuais que ainda hoje tanto são extremistas como exploram aspectos diferenciais do mesmo Jesus: A Teologia Libertária e a Renovação Carismática. Essas duas correntes internas de nossa Igreja se identificaram com seu viés de experiência e expressão de Deus, na sua linha particular religiosa de tal forma que, em muitos casos, excluíam, ou não participavam de outros eventos ou movimentos que não tivessem o seu caráter pessoal de identidade. Assim a Teologia da Libertação fez uma escolha preferencial pelos pobres de modo radical, que sua forma de anuncio de Jesus passava a ser um Jesus que se identificava com os pobres e lutavam pelos mesmos. Em muitos casos essa corrente não focava em outros fatores determinantes da espiritualidade religiosa da Igreja como um todo. Muitas vezes se esqueciam que os ricos também são chamados a participar do Reino de Deus. Em determinado sentido, essa correte tinha uma espiritualidade promotora do seu espaço de luta, delimitando a mensagem salvífica de Deus. Suas alas radicais mais se inclinavam para uma exigência social e política, do que um momento de abertura para o contato introspectivo com Deus. Na renovação Carismática o oposto se fazia: a consciência crítica e de luta era pouco explanada, a expressão de fé mais parecia uma espiritualidade limitada pela ação do Espírito Santo e o valor da oração (destaco também um tipo diferencial de oração que valorizava mais uns do que outros) era algo principal e primordial na vida do religioso. Esse radicalismo espiritual deixava a desejar outros fatores essenciais humanos como o valor da dignidade do homem enquanto homem-participante deste mundo e a luta por uma vida digna em locais de extrema pobreza. A fé é o forte desta corrente, porém o que não concorresse para essa identidade era visto de modo excluso por esta corrente. Inclusive alguns aspectos que são essenciais da natureza humana. Contudo, essas duas correntes, e existem muitas outras, mas destaco as mais conhecidas, são formas extremistas de observar a face de Jesus. Neste sentido, qualquer radicalismo tende a um erro, tanto no assertivo contato como o natal de Jesus, quanto na promoção da boa nova de Jesus. Contudo, é relevante cita outros movimentos que pouca postura clarificante tem diante do mistério natalino. Algumas correntes ou movimentos religiosos se prendem as aparições divinas, o caso não é que são verdadeiras ou não, reais ou falsas, mas pelo fato de ser o objeto determinante e exclusivo da motivação e ação religiosa. Jesus fez milagres para cumprir o que estava contido nas palavras dos profetas, mas o verdadeiro sentido da fé está na tentativa de unidade com Deus e no valor da dignidade do homem enquanto natureza conformada pelo menino Jesus. Outro fator que mais torna confuso o entendimento e a aderência ao projeto de Jesus instaurado pelo seu Natal é a mistura de religiões, o sincretismo religioso é algo que contribui e atrapalha o verdadeiro sentido do Natal de Jesus. Na verdade mais atrapalha que contribui. Em muitos momentos não se sabe se Jesus é observado como o filho de Deus, como o salvador do mundo ou como mais um deus de culto divino. Os elementos indicativos do Natal são misturados a outros elementos a tal ponto de se perder o sentido essencial natalino. A mistura do fato religioso das aparições como outros elementos místicos pagão, ou cosmológicos, ou de cultura afro abrasileirada numa mistura entre o consciente e inconsciente são fatores que mais complicam do que esclarecem acerca do entendimento da espiritualidade natalina.

4)      a crise moral

Com a transição da modernidade para os tempos atuais a globalização promoveu um contato efetivo entre os diversos países.  A intercomunicação, a intercomercialização, dentre outros inter, foram as bases para tornar a visão do mudo mais unitária e complexa. Antes a visão de mundo e sua disposição moral estavam determinadas pelos limites territoriais de um povo. Nos países circo-vizinhos da Itália, na modernidade a visão exata e objetiva do homem passou a ser os elementos determinantes do comportamento humano. A visão individual passou a entrar na noção de homem. Neste sentido, a moral se diferenciou em sua definição pelo seu aspecto de extensão. Assim, a visão dos indivíduos sobre si, os valores que ele mesmo se identifica são concebidos como fatores de destaque do estudo da ética. Neste sentido a ética é os valores, hábitos, costumes inseridos nos indivíduos que caracteriza sua personalidade. A ética está no âmbito pessoal, pois não se determina em função da sociedade, mas do ego humano. Já a moral fixou-se como aspectos de um povo, ou comunidade, aquilo que define seu caráter de ser, aquilo que está contida nos seus valores que por convenção se tornou universal. Portanto, a moral está no âmbito de comportamento, de valos, de cultura de um povo. A globalização tornou a relação intrínseca entre as diversas morais que tanto o conflito, o choque, de morais como a mescla de suas diversidade moral foi inevitável. O intercambio comercial, tornou-se um intercambio moral, daí o conflito ocorreu.  Conforme foi se aprimorando o capitalismo as relações internacionais seguiram a mesma lógica. A migração tornou outras morais próximas, o contato com culturas e valores distintos e múltiplos tendenciaram ao que conhecemos como relativismo. Daí como se vê no Brasil, existe uma pluralidade de morais que subsiste no nosso país. O cristianismo tem uma moral que foi embutida no Brasil, antes do Brasil ser Brasil. Isso se deu pelos Portugueses (além dos Franceses, Ingleses...) pelo encontro e invasão de novas terras: América. Com eles inseriu-se o cristianismo aqui. As culturas, e religiões que tinham passaram a ser ignoradas, se não massacradas, porém aqui ficou uma mescla de elementos morais cristãos com outros.  Digamos que mesmo assim, a moral cristã era forte, portanto predominante. Com a migração e o intercambio comercial, com a laicização do estado, o capitalismo e a pluralidade de morais, que se formaram e se reformaram a moral cristã passou a ser questionada e descartada ao plano de menor importância. O povo essencialmente é cristão, ou tem valores que são da moral cristã, porém o envolvimento e a relação com outros valores e morais diversas, fazem o sentido do Cristianismo está perdendo sua força. O Brasil é um país festeiro, as questões econômicas estão inserida no seu sistema de valores, os valores antigos não se sustentam e tudo está entrando em crise e num relativismo. É constante ouvirmos as pessoas dizerem: “os tempos agora estão diferentes! Diante disso, a promoção da boa nova acaba seguindo o mesmo caminho, quer queiramos quer não. Uma norma, ou regência de governo permanece quanto todos, ou pelo menos a maioria, a aceitam e a mantém. Porém, como o conflito de morais, com as crises, a sustentação se torna sofrível. Daí, muitas vezes se insere uma moral fantasma: só se fala que se deve ser assim, se deve agir assim, mas que na verdade poucos fazem. Esses fatores são imprescindíveis para o entendimento de como se está celebrando o natal do Senhor. Pois como a variação de valores, com as crises morais, o ambiente pouco está preparado, apesar de muito necessitado, para a inserção da esperança que renasce. Vale salientar que o natal é celebrado, porém que neste sistema que estamos é pouco vivido e continuado.

5)      a cultura anti-cultural-religiosa

Atualmente, querendo ou não, a cultura brasileira interfere de certo modo no verdadeiro sentido e valor do Natal do Senhor. Com o desenvolvimento tecnológico, as culturas tornaram-se institucionais. O valor humanitário, o espírito de unidade e fraternidade que se tinham nas culturas foram ficando para trás. A técnica entrou no espaço cultural e artificializou inclusive nossas relações. Antes havia uma convenção e relação da cultura, do valor humano com a religião Cristã. Os dias festivos estavam unidos aos dias religiosos. Muito de respeito se tinha pelo valor da moral e cultura que se promovia na sociedade. O valor humano e aquilo que compete aos homens e mulheres, enquanto cristão, era prioridade. As músicas, as festas, a culinária, a estrutura social tinha um modo muito expressivo do humano e da valorização do indivíduo. Porém, com a inserção de novos valores, novos hábitos foram sendo cultivados, e outros perdidos. As estruturas econômicas passaram a ser de estrema importância e o valor do capital passou a cercar toda criatividade humana e toda estrutura comportamental humana. As culturas estão sendo deturpadas por valores que não engrandecem e nem dignificam o valor do homem e da mulher. A cultura que elevava o valor religioso e destacava a importância de Jesus no Natal, cada vez mais se distanciam desse propósito. Daí, o que não tem nada de belo, entra no currículo cultural humano, e o verdadeiro sentido de unidade, fraternidade, paz, amor, família, estão sendo ignorados e colocados no último plano, ou a serviço do movimento de uma economia. O artificialismo é inevitável e as relações humanas ficam cada vez mais desgastadas. Distanciando-se do verdadeiro sentido do Natal: unidade, fraternidade, dignidade, amor, paz...
Contudo, os pontos em questão tentam esclarecer acerca dos impasses que temos na atualidade, que nos distanciam cada vez mais do mistério natalino. A unidade com Jesus nos coloca diante de uma busca por tudo aquilo que ele promove, pelo seu reino que inicia-se em nosso meio, a partir do nosso mundo, quero dizer, de nossa compreensão de mundo. Precisamos estar atentos para não jogar fora a promoção da vida e da felicidade que está inserida na boa nova de Jesus e que sintamo-nos responsáveis e contentes por levar o projeto de Jesus aonde ainda não foi instaurado. Feliz Natal para todos!

Isaias Mendes, Postulante Redentorista.

terça-feira, 25 de dezembro de 2012

O sentido do Natal!


A Igreja Católica e seus membros-participantes costumam, enquanto Kerigma do Redentor e continuador da nova aliança, celebrar, na sua liturgia, de ontem para hoje(25/12) um momento especial que tornou-se um fato histórico na vida do povo de Deus: o nascimento e vinda de nosso senhor Jesus cristo, que é Menino Deus encarnado, na condição humana. Celebrar o Natal de Jesus implica em mudanças de postura na vida do homem, enquanto cristão, para o bem viver e melhor celebrar o nascimento do salvador. Daí, se faz importante, antes de tudo, saber o que realmente celebramos no Natal e o que somos chamados a viver nesse mistério do encarnado. Daí no Natal do Senhor, celebramos: a) a memória do nascimento do Menino Jesus; b) a revelação de Deus-menino em nosso meio; c) renovação da esperança trazida por Deus-menino encarnado; d) a confirmação da fé e da promessa de Deus pelo seu filho; e) o testemunho de vida, enquanto continuador de Jesus. Que semelhante a Agostinho, possamos entender para melhor amar a Cristo nazareno que celebramos de modo primário, particular e fundamental neste natal.

a)      a memória do nascimento do Menino Jesus

Conforme a liturgia da Igreja Católica Apostólica Romana, toda a Igreja hoje faz memória a um evento particular e fundamental que trouxe ao mundo a realização da promessa de Deus: o nascimento de Jesus, o nosso salvador. Assim, na liturgia todas as leituras estarão direcionadas sobre a figura central de Jesus. Nela fazemos memória pela palavra proclamada, pela tradição e magistério de tudo que Jesus nos ensinou, enquanto esteve na condição de homem. A bíblia (livros sagrados) é um dos instrumentos reveladores que Jesus esteve em nosso meio, entrou na nossa história e a marcou de modo irrevogável a nossa vida. Os quatro evangelhos sinópticos falam dele e narram o seu nascimento. É claro, não se pode interpretar o nascimento de Jesus ao pé da letra como está escrito dos evangelhos, pois cada evangelho foi escrito com uma intenção particular em conformidade com o seu tempo histórico e as questões e inquietações que os envolviam, mas o que não podem ser descartado é que fundamentalmente Jesus nasceu, veio ao mundo, participou da vida dos homens, revelou a Deus e seu projeto de salvação. Portanto, Por sermos cristão, Jesus se torna a razão fundamental de nossa fé e de nossa vida. Quando no natal proclamamos as leituras que falam dele, estamos rememorando o evento Cristo nazareno que é a razão de nossa esperança numa vida beata (cercada de virtudes e sabedoria de Deus). Nesse sentido cristo é conhecido, lembrado e amado cada vez mais pelos seus fieis (povo)que seguem o seu caminho.

b)      a revelação de Deus-menino em nosso meio

A bíblia relata o fato nazareno como algo comum, porém cercado de mistérios sobre Jesus. Conforme a narração dos evangelistas, Jesus nasce com um propósito e em vista de uma promessa divina: salvar as ovelhas perdidas da casa de israel. Seu nascimento é marcado por uma história que vem anterior a sua presença na terra: a história dos hebreus, do povo de Israel, do povo de Judá e dos judeus até Jesus. Daí se faz presente na narração de Mateus uma genealogia, que é a descendência de Jesus. Jesus provém de um projeto de unidade plena do homem com Deus, que se fez no gênese e que foi quebrado pela intenção do homem tornar-se como Deus: pecado. O pecado (do grego: desvio de percurso) fez com que homem se afastasse de Deus, mesmo diante de rituais de purificação e sacrifícios para perdoar os homens de seus erros e reconciliá-los com Deus. Diante da distância do homem com Deus se faz presente uma promessa do Deus. Ele terá que sacrificar-se como um sacrifício perfeito para apagar a mancha do pecado, neste sentido é             que Deus, sendo Uno e Trino, se entrega, na pessoa de Jesus de Nazaré, a fim de salvar o homem. Deus não é conhecido, mas se revela (trás a tona o que estava encoberto, tira o véu) ao poucos na história da humanidade a partir de seu filho. Nos relatos dos evangelistas vemos vários símbolos (magos, incenso, mirra, os anjos,...) que marcam essa revelação, que esclarecem a mente do homem acerca do mistério de Deus, na pessoa de Jesus. Neste sentido, toda teologia evangélica (que é a narração de fatos, justificados por narrações ou estórias antigas (Antigo Testamento), que indicam Jesus como salvador. 

c)       renovação da esperança trazida por Deus-menino encarnado

A celebração do Natal não é um reviver do menino Jesus em nosso meio de modo atual. Ele não renasce em nosso meio, pois Jesus já nasceu na história e isso só acontece uma vez. Mas se nós, povo de Deus que caminha no seu seguimento, não celebramos o nascimento de Jesus, então o que celebramos?! A resposta é simples: celebramos a esperança da salvação, de uma vida bem-aventurada (feliz, virtuosa) em nosso meio. Com a memória do nascimento de Jesus somo convidados a sentir a mesma esperança que os apóstolos sentiram quando Jesus estava com eles. Somo convidados a sentir a mesma alegria dos magos, Maria e José que acolheram a salvação em suas vidas. Essa esperança, esse espírito deve ser o mesmo que permeia em nós quando celebramos o Natal de Jesus. Em Jesus, um projeto verdadeiro e pleno de eudaimonia (Grego: felicidade) se concretiza e revela. Toda história do povo de Deus, desde Abraão e Moisés, na libertação do Egito, está com um anseio, uma esperança de verdadeira felicidade do homem em Deus. Essa esperança se realiza plenamente na encarnação do logos (Grego: palavra, ou razão) de Deus, no seu filho Jesus Nazareno. Com seu nascimento a esperança de felicidade, de paz, de vida em abundância, de eternidade, se torna possível. Na figura de um menino veio todos os sonhos do homem: unidade com Deus.
d)      a confirmação da fé e da promessa de Deus pelo seu filho

O nascimento de Jesus está vinculado a uma fé que vem desde Abraão, no tempo histórico. O Deus que prometeu a Abraão ser seu Deus e nele abrir as postar de um advento de geração infinita, como as estrelas do céu, é o mesmo Deus que libertou Moisés e seu povo da escravidão no Egito, que prometeu uma terra santa, que orientou os Reis (Davi, Salomão, Saul) para governar seu povo, que anunciou, pelos profetas, o Messias e prometeu salvar seu povo, e reconciliar-se com o homem por meio de um sacrifício de Cruz. Essa promessa inicia seu advento por João Batista e entra em sua efetividade pelo mistério encarnado de Deus-Menino. Portanto, uma espera ansiosa se realiza e uma fé que segue uma tradição é confirmada. Jesus é a plenificação dessa promessa. No Natal de Jesus Deus se revelou, tornando-se humano de modo consubstancial a sua natureza divina. O fato Cristo torna efetivo-histórico a entrada de Deus ao mundo temporal, a história. Antes Deus era indescritível, inapreensível em sua extensão e essencialidade, porém com o projeto da encarnação Deus se tornou humano, portanto compreensível e próximo. Agora o que se acreditava estava confirmado pela humanização de Deus. É importante salientar que sendo Deus homem, sua essência divina não é descartada. Daí, Deus se conforma a um estado humano sem deixar sua essência divina. Assim, nas nossas liturgias natalinas, trazemos memória de um Cristo histórico, revelado, esperançado e confirmado pela nossa fé

e)      o testemunho de vida, enquanto continuador de Jesus

Celebrar o Natal de Cristo não é só fazer memória de um acontecimento histórico, da entrada de Deus em nosso mundo, mas isso implica em coisas mais profundas e de extrema importância para um cristão. O diferencial em ser cristão é que com o Natal de Jesus nossas esperanças se renovam e nos tornamos participantes deste projeto salvífico.  A entrada de Deus-Menino na história implica uma promessa realizada, porém ela não se encerra somente em Cristo. Contudo, Jesus é o centro de toda mensagem salvífica, mas ele nos convida a participar deste projeto. Ele o realizou na cruz, mas nos deixou uma missão de propagador dessa mensagem. Neste sentido somos anunciadores da boa nova de Jesus e continuadores de seu projeto. O anúncio do Natal, vida, paixão e ressurreição de Cristo está estreitamente unido ao testemunho vivo dessa boa nova. Assim damos testemunho da fé desde os seus primórdios e continuamos com seu projeto redentor até a vinda de Jesus. A vida de testemunho torna nossa fé consistente e verdadeira, efetivada em bases consistentes transmitida pelo anúncio na vida prática e nas celebrações da Igreja.
Por fim, o que celebramos está totalmente relacionado pelo que somos chamados a viver. Nossa liturgia trás uma riqueza espetacular que ganhou forma no desenrolar da história. O Natal de Cristo implicou em mudanças profundas na história, seu projeto e sua vida é uma abertura de unidade a Deus. E nós somos convidados a dá testemunho da palavra que outrora foi testemunho de vida e experiência com Deus. Que o natal de Jesus seja um convite a identidade e conformidade do cristão com o projeto (vontade) do Redentor.
Isaias Mendes, Postulante Redentorista.

domingo, 1 de julho de 2012

Jesus Cristo Libertador(Boff)-Resumo.


O livro Jesus Cristo Libertador de Leonardo Boff trata-se de um conteúdo inspirador a fim de reforçar o compromisso humano a libertação numa perspectiva cristã. Ele fala a cerca da figura de Cristo como promotor da vida e da liberdade humano-sócio-espirítual e do seu processo de repercussão, na história da humanidade, como Cristo Libertador a partir de um movimento social, crítico, e consciente, diante da situação de exploração, domínio e repressão que surgiu na América Latina no de 1960.

A finalidade do livro, de temática teológica libertária, é promover o anúncio do Cristo Libertador, com suas práticas ativas, sua mensagem, morte e ressurreição como possibilidade plena de libertação, fundamentada numa mística de solidariedade e identificação com os pobres, porém contra a pobreza (Cf. BOFF, 2009, p.14).

Daí Boff explana (p.15-38) a figura de Jesus como libertador (cristologia) inserido em um dado contexto histórico periférico. Surge assim a importância do lugar social para se fundamentar, criar raízes, a proposta libertadora de Cristo, uma vez que sua presença é constante e atual nos nossos tempos. Essa noção acerca de Jesus como libertador do povo oprimido, nasceu por via de uma exigência social concreta de fé a favor da vida e dignidade em meio a uma situação de opressão e transtorno. Neste sentido se tem uma intrínseca relação entre teoria e prática que se faz em um momento histórico, cultural, ideal e ético. Dessa forma a Cristologia não se torna abstrata, mas caminha com os pés no chão.  Neste aspecto a cristologia se divide em dois viés: os que analisam a situação pela qual surge a necessidade de atividade de fé libertadora das situações opressoras, e os que trabalham com a sensibilidade, ou o vivenciado, estes tem uma ação ética.
A cristologia libertadora tem uma articulação sacramental designada como compreensão das realidades conflitantes, anunciando a boa nova e denunciando a injustiça pela promoção do amor. Esse é seu caráter profético. A libertação se refere não só a mudanças éticas do individuo, mas a mudanças estruturais do sistema que gera desigualdade social e dos indivíduos como participantes desse sistema. Neste sentido, a Fé surge e se direciona como uma alavanca de soerguimento dos mais necessitados.  A questão central é promover o Reino de Deus a partir do resgate dos valores humanos, de olhar especial aos mais necessitados e  excluídos. Infelizmente por muito tempo se teve o paradigma do silêncio, quanto a essas situações de injustiça, porém essa atitude de reservação pouco auxiliou na América Latina uma verdadeira libertação. O cristo histórico é o ponto principal focado na América Latina. Nele vemos uma proposta de prática para transformação das realidades gritantes.

 No capítulo II (p.38- 48) lançasse a proposta definitiva de Jesus. Ele é a resposta de todos os nossos questionamentos. Nele vemos a instauração do Novo Reino, que se inicia pela modificação do sistema contraditório de nossa realidade.  Ele é a própria resposta de Deus ao homem. Pela sua ressurreição inicia no marco da história a proposta escatológica, porém essa proposta iniciou, mas ainda não chegou a sua plenitude. Seus milagres revelam a modificação da vida velha para uma nova. Sua pregação é centrada em dois tempos: presente e futuro. Presente como atividade do homem, ação e testemunho da proposta de libertação. E futuro, por que terá seu fim quanto todas nossas limitações serão sanadas. É relevante citar que nessas tuas perspectivas temporais se faz a direcionamento humano. O seguimento do mesmo implica numa conclusão salvífica e libertadora. Porém, esse reino tão pregado e vivenciado por Jesus é de característica material, espiritual e humana. Sendo o último o continuador principal desta concretização.

No capítulo III, Boff explana o reino de Deus que é uma realização do humano e do cosmo, e esse seguimento implica uma revolução total, no sentido de mudança da pessoa humana e da estrutura do mundo que o comporta. Uma vez que, a escolha do Reino requer conversão, mudança de caminho. Daí, a exigência cristã envolve uma decisão e divisão a favor do Reino. Nisso entra a dependência a Deus. No tempo judaico a religião estava determinada pela Lei e prescrições legais que oprimiam o povo. A posição de Jesus, nesse sentido, é contra essas lei, quando não se age em função do amor e do serviço. Daí a principal conversão do homem tem seu fundamento no amor. Este está a serviço do outro, ele salva e supera a justiça. Para que exista o amor é necessário a filiação e unidade à Deus. Contudo, o Reino é uma abertura e plenificarão da liberdade. Para o fariseus o que se preservava era a Lei e a postura, as regras e as normas para se viver a espera do salvador, porém para Jesus o caminho é oposto, ou seja,  o que vale é a misericórdia,  a boa fé e a unidade. Jesus seguindo o caminho oposto, portanto, deve ser excluído, eliminado.

O quarto capítulo(p.60-74) fala da personalidade de Jesus como alguém original, no sentido de trazer uma mensagem nova, de libertação, realista e com bom senso, ligada a sabedoria divina, que chama o homem a tomar um decisão. Jesus, assim, adquire a característica de profeta, porém, ele é mais que isso. Ele não é autoritário, mas manso e humilde, e assim, utiliza de exemplos cotidianos para expressar sua mensagem e revelar a vontade do Pai sem excluir a razão pra compreender as coisas do Pai. O que está dentro do homem é o que lhe faz mal. De um lado ele apresenta um reino novo e se firma unida a Deus, de outro é extremamente humano e possuidor de sentimentos naturais. Por um lado é firma nas decisões, por outro, quebra pré-conceitos. Sua boa nova insere no homem a autonomia e obediência. Contudo ela segue um tri pé: Proposta, resposta e responsabilidade.

No V (p.75-88) O sentido da morte de Jesus se faz pela sua boa nova e revelação. Ele criou inimigos (autoridades religiosas), e sua morte será pela inveja, incompreensão, má vontade e medo dessas autoridades. Todos eles ficavam desconcertados diante de Jesus, que criticava-os e os chama a uma tomada de decisão pelo Reino de seu Pai. Assim, um dos seus discípulos o trai, por incompreensão. Judas queria em Jesus um revolucionário que libertasse politicamente Israel. Porém Jesus é mais que isso. A liberdade característica de sua vinda a terra é da totalidade do homem e da configuração de seu meio.  Judas o trai com um beijo, no sinédrio ele é jugado e por fim, acusado de blasfêmia e condenado a morte de Cruz. A caminhada de Fé de Jesus é mais do que uma novidade simples, é um compromisso com a vontade do Pai. Essa é a parte mais importante pela qual Jesus se segura até o final de sua morte.  A morte é consequência de sua tomada de atitude, porém é a ressurreição que dará o verdadeiro sentido de toda relação com o Pai. O sem sentido aparente da morte de Jesus, passa a ter total sentido com sua ressurreição, uma vez que toda a proposta de Jesus é tornar o homem livre de fato e livre de forma plena, mas isso só é possível com o homem estando em total unidade com o pai, daí, é preciso superar a morte, ou seja, ressurgir. Mas isso só é possível através da fidelidade à vontade do Pai.

 O capítulo VI (p.89-115) destaca o ponto central da fé cristã. Jesus ressuscitou, nós cremos e somos testemunhas disso. Ele não reviveu, mas verdadeiramente ressuscitou. Com a completude da vontade do Pai, Jesus fez sua passagem, e agora é verdadeiramente livre. Ele completa o caminho de nossa libertação de todo tipo de alienação e limitação. Esse é o fator consequente da ressurreição: A liberdade verdadeira. A superação da morte é um fato captado pela Fé, pois ninguém viu como se deu a ressurreição. Porém temos diante de nós dois fatos que revelam essa ressurreição: O sepulcro vazio e as aparições. O sepulcro é um convite à Fé, de que Cristo ressuscitou, a aparição é uma experiência de impacto que se impôs de fora.  As aparições na Galileia são de dados históricos, já as aparições em Jerusalém são dados de Fé. Com a ressurreição entra em destaque a reabilitação de Jesus no mundo. Ele que outrora morrera miseravelmente, e sem justificativa precisa até a morte, com a ressurreição toda sua trajetória entra em sentido, ou seja, ele tinha que morrer, passar por todo martírio, carregar o nosso fardo para dar-nos a salvação. A sua ressurreição implica o final dos tempos, no sentido que o fim pelo qual o homem está determinado a ser pela graça de Deus, já se iniciou. Daí, João vai tratar deste fim a modo apocalítico, ou seja, de forma mística. Por fim, com a ressurreição inicia-se a Igreja, professa e seguidora deste Jesus.

Boff (capítulo VII) firma que com a ressurreição entramos numa continuidade da cristologia, pois o Cristo que viveu em nosso meio e morreu na Cruz, agora ressuscitou. A ele é dado vários títulos a fim de encontrar a sua totalidade presencial na história e no cosmo.  Daí, os motivos de defini-lo como filho de Davi, Messias, o Cristo, dentre outros títulos. Porém, não são os títulos que importam, mas a sua forma de revelação, a sua sabedoria e autoridade, não de imperador, que o adicionam esses títulos.  
O capítulo VIII (p.116-130) fala da longa reflexão teológica a cerca da figura de Jesus, a fim de defini-lo com esses títulos. Daí ver-se em Mateus e Marcos a tentativa de a partir da Fé interpretar os fatos relativos a vida de Jesus. Nas comunidades são recolhidos as lembranças e comentários da vida de Jesus. Neste âmbito é que se caracterizam os escritos que conhecemos como Evangelhos. A fé agora procurará compreender, a partir do início do século, o mistério. Mateus e Lucas destacará Jesus como o ponto ômega da história, o messias, filho de Davi e filho de Deus. Sua concepção é virginal, Seu nascimento é em Nazaré, porém Lucas direcionará o nascimento para Belém, a fim de trazer nova compreensão a cerca do mistério de Jesus.  Este tem características dos heróis do antigo testamento, porém se torna a realização completa do projeto, da vontade de Deus.

O IX (p.131-152) fala de onde surgiu a compreensão de Jesus como cem por cento humano e cem por cento divino: da vida, convivência e imitação de Jesus. É importante a forma dialética que se apreende a Deus, revelado na pessoa de Jesus. Este era tão humano que só poderia ser Deus mesmo. Daí, Deus se humanizou na pessoa de Jesus, e através da mesma se encontra a sua divindade.  A unidade entre as duas naturezas de Jesus é de tal forma unitária e distinta que nem Deus nem o homem perdem a sua essência. Daí, implica que Jesus possui duas naturezas porém é uma só pessoa, completa. É perfeitamente homem e perfeitamente Deus. Por isso que se diz que ele é a ponte que liga Deus a nós.

Por conseguinte, no capítulo X, a ressurreição de Jesus traz-nos algo nunca antes visto. Com a ressurreição entra em destaque um novo horizonte teleológico. O cristianismo não vive de saudades, mas de uma experiência viva e de fé, é uma celebração e não uma re-lembrança da vida. Nele já vivemos uma forma de vida que supera a morte, na qual Jesus fez abertura com a sua vida. Neste sentido as limitações deste mundo não existem mais. Jesus as superou com a vida. Mas, sua realização, da vontade do Pai, nos indica um horizonte futuro que já se iniciou. O horizonte da realização plena do homem, com Deus, com o outro e com o cosmo. A ressurreição é a escatologia que já atingiu seu fim: Plenitude de Deus, porém cabe ao homem realizar esse percurso na vida. Ele iniciou, mas chegará em sua plenitude. Jesus não está separado deste mundo, mas faz parte dele, está inserido deste em todas as coisas. É o que Boff chama de realidade cósmica. Jesus está presente hoje no cosmo, pois a história o apreendeu, pela encarnação, mas ele depois de morto revela o homem que estava oculto: o homem espírito. Daí o que era latente e oculto, porém presencial na vida de Jesus, se torna patente e revelado em toda sua potencialidade. Jesus é o centro de tudo, de toda realidade cósmica. Ele interessa a toda realidade, pois tudo converge para Ele. O homem é a imagem de Cristo, sendo Cristo a imagem do Pai. Daí, nós possuirmos interiormente a presença de Deus, e somos parte de Cristo. O outro é o lugar onde se percebe a transcendência. Ou seja, Deus. Nossa Fé nos orienta a olha para o outro e enxergar a presença de Deus, e nesse ato de Fé, ama-lo, servi-lo, ajuda-lo. Pois, fazendo isso ao próximo, estamos fazendo ao próprio Cristo, que se encontra no cerne da pessoa humana.
O Cristo se apresenta também no anônimo e latente. Nas pessoas que levam a sua causa adiante sempre que se procura um fim ético, mesmo que não façam referência a Cristo explicitamente. Porém ele também se apresenta de forma explicita e patente nos batizados na fé em Jesus, naqueles que decidem imitar a Jesus no sentido de ter o mesmo sentimento que Jesus teve. Porém, esse conceito muda e ganha um novo sentido o ser cristão: ligar-se a Fé, pela esperança e pelo amo, pelo espírito e pelo sacramento, dentre outros.
A Igreja como povo reunido é considerada o corpo do Cristo ressuscitado, porém é na Igreja local que esse corpo cria forma e se expressa. É claro que a Igreja não abarca toda extensão de apresentação do Espírito de Jesus, mas é a que torna ele presente de forma única. A Igreja se constitui como sacramento primordial da presença do Senhor. Na liturgia da Igreja vemos os gestos, atos, e ritos que expressam o contato do Senhor com os fiéis. Daí a eucaristia é o ponto de máximo de apresentação do Cristo. Nela vemos a transubstanciação  do Pão e do Vinho, que explana o Ressuscitado.

No capítulo XI vemos que a Fé no salvador pressupõe um processo dialético de completude ao que seja Jesus. Ele é a totalidade, mas ainda não alcançável. Na história ainda não se chegou ao ponto ômega, mas anda em um constante devir. Neste sentido, a cristologia já deu grande passo para compreensão de Jesus como ‘homo revelatus’, futuro presente, conciliação dos opostos, revolucionário e muitos outros. Porém, essa compreensão não pode entrar nos parâmetros da ideologia, poie Jesus não implantou nenhuma ideologia, mas uma abertura a vontade de Deus. Ele é uma continuidade do que precisamos ser para superar-se. Ele nos convida. E na sua vida encontramos realizado o que o coração humano busca e o que Deus prometeu como sendo o nosso futuro. A Cruz cristã é sinal da reconciliação dos opostos. Nela vemos uma unidade que segue um horizonte específico: o amor. O seu Reino é libertação de todo tipo de alienação, desde a doença à morte, de modo especial, o pecado.  Ele não pode ser privatizado no mundo, mas está no cosmo, atinge toda extensão do universo.  
Por fim, O cristianismo surge com o mundo. Ele está inserido na história de forma latente. Desde a antiguidade já se expressava as características que se tornou patente no cristianismo.: o amor, o bem e a verdade. Santo Agostinho assim explanou:  “A substância da quilo que hoje chamamos de cristianismo existia já nos antigos e estava presente desde os primórdios da humanidade.”(Retr. 1, 12,3). O homem só pode se realizar se ele estiver em relação com o outro. Saindo se si é que o homem encontra a si. Neste sentido, a plena hominização do homem supõe a hominização de Deus. Com esse estado é que o homem chega a tal comunhão com Deus até a sua máxima plena.  A estutura Crística se revela no mistério de Deus uno e trino pela via do amor, na pessoa de Jesus. A estrutura divina está na estrutura humana por analogia. Daí entra a proposta de Deus que está inserida na consciência humana, toda vez que esta se sente responsável na vida a sair de si e atingir o outro, no sentido de aceitá-lo.  O cristianismo católico é uma das articulações mais perfeita deste cristianismo é a proposta que se efetiva como anuncio da boa nova, indicadora da luz. Do mistério de Deus. Nela já se realiza em germe o próprio Reino de Deus. Contudo, o enquanto não se realiza o panteísmo cristão, mantem-se a esperança de uma universalidade desse reino através de uma proposta de configuração no mundo com Ele(Cristo).