terça-feira, 25 de dezembro de 2012

O sentido do Natal!


A Igreja Católica e seus membros-participantes costumam, enquanto Kerigma do Redentor e continuador da nova aliança, celebrar, na sua liturgia, de ontem para hoje(25/12) um momento especial que tornou-se um fato histórico na vida do povo de Deus: o nascimento e vinda de nosso senhor Jesus cristo, que é Menino Deus encarnado, na condição humana. Celebrar o Natal de Jesus implica em mudanças de postura na vida do homem, enquanto cristão, para o bem viver e melhor celebrar o nascimento do salvador. Daí, se faz importante, antes de tudo, saber o que realmente celebramos no Natal e o que somos chamados a viver nesse mistério do encarnado. Daí no Natal do Senhor, celebramos: a) a memória do nascimento do Menino Jesus; b) a revelação de Deus-menino em nosso meio; c) renovação da esperança trazida por Deus-menino encarnado; d) a confirmação da fé e da promessa de Deus pelo seu filho; e) o testemunho de vida, enquanto continuador de Jesus. Que semelhante a Agostinho, possamos entender para melhor amar a Cristo nazareno que celebramos de modo primário, particular e fundamental neste natal.

a)      a memória do nascimento do Menino Jesus

Conforme a liturgia da Igreja Católica Apostólica Romana, toda a Igreja hoje faz memória a um evento particular e fundamental que trouxe ao mundo a realização da promessa de Deus: o nascimento de Jesus, o nosso salvador. Assim, na liturgia todas as leituras estarão direcionadas sobre a figura central de Jesus. Nela fazemos memória pela palavra proclamada, pela tradição e magistério de tudo que Jesus nos ensinou, enquanto esteve na condição de homem. A bíblia (livros sagrados) é um dos instrumentos reveladores que Jesus esteve em nosso meio, entrou na nossa história e a marcou de modo irrevogável a nossa vida. Os quatro evangelhos sinópticos falam dele e narram o seu nascimento. É claro, não se pode interpretar o nascimento de Jesus ao pé da letra como está escrito dos evangelhos, pois cada evangelho foi escrito com uma intenção particular em conformidade com o seu tempo histórico e as questões e inquietações que os envolviam, mas o que não podem ser descartado é que fundamentalmente Jesus nasceu, veio ao mundo, participou da vida dos homens, revelou a Deus e seu projeto de salvação. Portanto, Por sermos cristão, Jesus se torna a razão fundamental de nossa fé e de nossa vida. Quando no natal proclamamos as leituras que falam dele, estamos rememorando o evento Cristo nazareno que é a razão de nossa esperança numa vida beata (cercada de virtudes e sabedoria de Deus). Nesse sentido cristo é conhecido, lembrado e amado cada vez mais pelos seus fieis (povo)que seguem o seu caminho.

b)      a revelação de Deus-menino em nosso meio

A bíblia relata o fato nazareno como algo comum, porém cercado de mistérios sobre Jesus. Conforme a narração dos evangelistas, Jesus nasce com um propósito e em vista de uma promessa divina: salvar as ovelhas perdidas da casa de israel. Seu nascimento é marcado por uma história que vem anterior a sua presença na terra: a história dos hebreus, do povo de Israel, do povo de Judá e dos judeus até Jesus. Daí se faz presente na narração de Mateus uma genealogia, que é a descendência de Jesus. Jesus provém de um projeto de unidade plena do homem com Deus, que se fez no gênese e que foi quebrado pela intenção do homem tornar-se como Deus: pecado. O pecado (do grego: desvio de percurso) fez com que homem se afastasse de Deus, mesmo diante de rituais de purificação e sacrifícios para perdoar os homens de seus erros e reconciliá-los com Deus. Diante da distância do homem com Deus se faz presente uma promessa do Deus. Ele terá que sacrificar-se como um sacrifício perfeito para apagar a mancha do pecado, neste sentido é             que Deus, sendo Uno e Trino, se entrega, na pessoa de Jesus de Nazaré, a fim de salvar o homem. Deus não é conhecido, mas se revela (trás a tona o que estava encoberto, tira o véu) ao poucos na história da humanidade a partir de seu filho. Nos relatos dos evangelistas vemos vários símbolos (magos, incenso, mirra, os anjos,...) que marcam essa revelação, que esclarecem a mente do homem acerca do mistério de Deus, na pessoa de Jesus. Neste sentido, toda teologia evangélica (que é a narração de fatos, justificados por narrações ou estórias antigas (Antigo Testamento), que indicam Jesus como salvador. 

c)       renovação da esperança trazida por Deus-menino encarnado

A celebração do Natal não é um reviver do menino Jesus em nosso meio de modo atual. Ele não renasce em nosso meio, pois Jesus já nasceu na história e isso só acontece uma vez. Mas se nós, povo de Deus que caminha no seu seguimento, não celebramos o nascimento de Jesus, então o que celebramos?! A resposta é simples: celebramos a esperança da salvação, de uma vida bem-aventurada (feliz, virtuosa) em nosso meio. Com a memória do nascimento de Jesus somo convidados a sentir a mesma esperança que os apóstolos sentiram quando Jesus estava com eles. Somo convidados a sentir a mesma alegria dos magos, Maria e José que acolheram a salvação em suas vidas. Essa esperança, esse espírito deve ser o mesmo que permeia em nós quando celebramos o Natal de Jesus. Em Jesus, um projeto verdadeiro e pleno de eudaimonia (Grego: felicidade) se concretiza e revela. Toda história do povo de Deus, desde Abraão e Moisés, na libertação do Egito, está com um anseio, uma esperança de verdadeira felicidade do homem em Deus. Essa esperança se realiza plenamente na encarnação do logos (Grego: palavra, ou razão) de Deus, no seu filho Jesus Nazareno. Com seu nascimento a esperança de felicidade, de paz, de vida em abundância, de eternidade, se torna possível. Na figura de um menino veio todos os sonhos do homem: unidade com Deus.
d)      a confirmação da fé e da promessa de Deus pelo seu filho

O nascimento de Jesus está vinculado a uma fé que vem desde Abraão, no tempo histórico. O Deus que prometeu a Abraão ser seu Deus e nele abrir as postar de um advento de geração infinita, como as estrelas do céu, é o mesmo Deus que libertou Moisés e seu povo da escravidão no Egito, que prometeu uma terra santa, que orientou os Reis (Davi, Salomão, Saul) para governar seu povo, que anunciou, pelos profetas, o Messias e prometeu salvar seu povo, e reconciliar-se com o homem por meio de um sacrifício de Cruz. Essa promessa inicia seu advento por João Batista e entra em sua efetividade pelo mistério encarnado de Deus-Menino. Portanto, uma espera ansiosa se realiza e uma fé que segue uma tradição é confirmada. Jesus é a plenificação dessa promessa. No Natal de Jesus Deus se revelou, tornando-se humano de modo consubstancial a sua natureza divina. O fato Cristo torna efetivo-histórico a entrada de Deus ao mundo temporal, a história. Antes Deus era indescritível, inapreensível em sua extensão e essencialidade, porém com o projeto da encarnação Deus se tornou humano, portanto compreensível e próximo. Agora o que se acreditava estava confirmado pela humanização de Deus. É importante salientar que sendo Deus homem, sua essência divina não é descartada. Daí, Deus se conforma a um estado humano sem deixar sua essência divina. Assim, nas nossas liturgias natalinas, trazemos memória de um Cristo histórico, revelado, esperançado e confirmado pela nossa fé

e)      o testemunho de vida, enquanto continuador de Jesus

Celebrar o Natal de Cristo não é só fazer memória de um acontecimento histórico, da entrada de Deus em nosso mundo, mas isso implica em coisas mais profundas e de extrema importância para um cristão. O diferencial em ser cristão é que com o Natal de Jesus nossas esperanças se renovam e nos tornamos participantes deste projeto salvífico.  A entrada de Deus-Menino na história implica uma promessa realizada, porém ela não se encerra somente em Cristo. Contudo, Jesus é o centro de toda mensagem salvífica, mas ele nos convida a participar deste projeto. Ele o realizou na cruz, mas nos deixou uma missão de propagador dessa mensagem. Neste sentido somos anunciadores da boa nova de Jesus e continuadores de seu projeto. O anúncio do Natal, vida, paixão e ressurreição de Cristo está estreitamente unido ao testemunho vivo dessa boa nova. Assim damos testemunho da fé desde os seus primórdios e continuamos com seu projeto redentor até a vinda de Jesus. A vida de testemunho torna nossa fé consistente e verdadeira, efetivada em bases consistentes transmitida pelo anúncio na vida prática e nas celebrações da Igreja.
Por fim, o que celebramos está totalmente relacionado pelo que somos chamados a viver. Nossa liturgia trás uma riqueza espetacular que ganhou forma no desenrolar da história. O Natal de Cristo implicou em mudanças profundas na história, seu projeto e sua vida é uma abertura de unidade a Deus. E nós somos convidados a dá testemunho da palavra que outrora foi testemunho de vida e experiência com Deus. Que o natal de Jesus seja um convite a identidade e conformidade do cristão com o projeto (vontade) do Redentor.
Isaias Mendes, Postulante Redentorista.

Nenhum comentário:

Postar um comentário