quarta-feira, 22 de julho de 2015

Uma Fé que inquieta.

A tradição da Igreja nos confirma a necessidade de um momento de parada, na caminhada da vida, para acalmarmos nosso coração, rezarmos e entrarmos em sintonia ou intimidade com Deus. Por esse percurso é possível rever a caminhada e descobrir o que Deus quer de nós, ou como falou uma amiga minha: “o que pulsa mais forte no nosso íntimo”. Para que não nos detenhamos somente em parte desse processo espiritual, apresento um ponto posterior que completa este: falo de uma inquietação na qual nossa alma é afetada. Se por um lado temos paz de espírito ao contemplamos a presença de Deus, e isso é necessário, por outro, não tem como não agitar nosso espírito quando somos afetados pelo amor de Deus.  Isso porque a experiência com Deus segue essa dinâmica completa, pois se Moisés tivesse ficado no deserto contemplando Deus na sarça ardente, ele não teria conduzido seu povo para libertar-se do Rei do Egito (Êx 3, 1-8 ), se  Maria não tivesse corrido para casa de sua parenta Isabel,  ficando o tempo necessario para Izabel ter Joao Batista, quem sabe ela teria sido apedrejada antes de Jesus nascer (Lc 1,39), se os apóstolos tivessem ficado contemplando a subida de Jesus ressuscitado (Atos1, 9-12), nós não seriamos cristão. Mas tudo isso pra dizer que “A experiência com Deus também nos inquieta para uma ação transformadora”. São tão infinitos os motivos dessa inquietação, quanto sao infinitos os mistérios de Deus. Porém, o que mais nos deveria tocar e o que mais nos deveria inquietar deveria ser o amor de Deus. Pois este age nas nossas entranhas, dilacera os nossos rins, ou como diz o Papa Francisco na Alegria do evangelho: rasga o nosso coração. Umas das primeiras coisas que poderia nos inquietar é perceber que Cristo, Deus encarnado, morreu por amor a nós (Mt 26, 26-30) . Foi seu amor que nos concebeu a vida (Jo 6, 52-54) e é seu amor que nos mantem (Jo15, 9-15), tal como aconteceu com Lázaro (Jo 11, 21-48). Não tem como não ser afetado diante de alguém que dá a vida por nós e se isso não nos inquieta, deveríamos repensar se estamos de fato tendo uma experiência com Cristo, tal como teve Santo Agostinho, Santa Tereza, São João da Cruz, São Francisco, Ir. Dorothy e a serva de Deus: Ir. Dulce. Outra coisa que poderia nos inquietar é o chamado de Deus. Deus não só se deu por nós, assim como faz na Eucaristia todo dia, mas também nos chama, assim como chamou Samuel (1Sm3, 1-9), Maria (Lc 1:27), Santa Clara, Madre Gertrudes de São José e a Ir. Josefina. O seu chamado é para trabalhar na sua vinha (Mt 20, 1-16), ou seja, no Reino. Se um operário se preocupa ou se inquieta com o trabalho que tem que fazer, quando mais nós, para alguém de tamanha importância. Outro ponto que poderia arrasar o nosso coração por alguém que tanto nos ama como Jesus é que Este está no outro e de modo especial: em todo aquele que sofre (Mt 25, 35-46). Se não nos inquietar o nosso coração para quem nos ama mais do que qualquer um, como Jesus, que se encontra de modo misterioso no outro que sofre, então fica difícil saber se estamos aproveitando nossa experiência intima com Deus. Está mais do que provado que a nossa intimidade com Cristo precisa passar por esta experiência de inquietação e de movimento, que atualmente traduzimos como Missão. E isso a exemplo de muitos bons cristãos santos como o Pai Afonso que não queria desperdiçar um minuto sequer da sua vida que não fosse fazendo a vontade de Deus. Dai-nos Senhor a graça de poder se esforçar pelo teu Reino, pois existe uma distancia infinita entre o que o Teu amor fez por nós e o que nós fazemos por Ti todos os dias. 

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