domingo, 12 de julho de 2015

Uma palavra diz tudo.

O Amor! Há um bom tempo queria escrever algumas ideias sobre este tema, porém só agora tenho a disposição para fazê-lo. Não é muita novidade o que irei falar, porém acredito que vale a pena refletir e tomar uma consciência prática sobre tal tema. Com toda segurança posso dizer que o sentido maior e mais profundo da nossa existência se resume em uma palavra: AMOR. Para nós, cristãos, ela é muito mencionada, apesar de não ser suficientemente vivida. Se algum dia destruíssem a palavra de Deus, uma única palavra seria suficiente para salvar nossa fé e nossa vida: a palavra “AMOR” (Jo 13,35.), pois toda a história da bíblia e toda a trajetória do povo de Deus é uma manifestação de Amor. Por que foi que Deus criou o homem?( Gn 1, 26-27)Por que Abraão intercedeu a Deus pelo povo de Sodoma e Gomorra? (Gn  18, 17-31) Por que Cristo se encarna como humano para estar junto de nós?(Lc 1, 26-39). Não tem palavra mais próxima de resposta do que essa: “AMOR”.
O sentido dessa palavra na história humana é variado conforme cada época, porém, limito-me a refletir sobre essa palavra nos três significados que compõe a tradição Grega. Amor como “eros”, amor como “philia” e amor como “ágape”. Acredito que esses três conceitos fazem parte de nossa experiência humana e também divina. O amor “eros” é amor conforme à natureza. A tradição dos Padres da Igreja colocaram esse amor como amor atrativo que nos condicionam para reprodução da nossa espécie. Por tanto faz parte de um amor sexual. É mais instintivo. Muita gente trata isso como problemático, ou tenta negar isso, porém é somente em função desse amor que se possibilita a perpetuação da existência humana. Os limites da vida consagrada religiosa propõe uma orientação específica sobre isso.  Porém, independente de cada opção de vida, essa espécie de amor faz parte de nossa existência, nos toca e nos afeta como qualquer humano.
Isso não é problema, mas um dom natural concedido por quem nos fez: Deus. E deve ser tratado com toda sua dignidade e respeito. Pena que muita gente ainda não consegue  ver como dom divino a sua humanidade. O amor “eros”, muitas vezes tão tenso, inquieto, intenso, e dinâmico  é como um vulcão que tem sua dinâmica própria, independente de nosso querer, pois faz parte de nossa natureza. Essa espécie de amor tem seu valor significativo, porém não é o grau mais profundo e elevado da existência humana.
O segundo amor “Philia” ou “Filia” é uma amor fraterno. É também de nossa natureza, pois somos pessoas sensíveis, porém não está condicionado independentemente de nossa vontade. É uma amor de amigo. A sublimidade de sua beleza está na virtuosidade com que é construído e se mantém. Essa espécie de amor é fundamental para boa convivência. Nós religiosos precisamos muito desse amor. Pois não tem como se sustentar nos impasses da vida sem o amor fraterno. Infelizmente atualmente não é tão fácil construir esse amor, pois são muitos os receios, medos e frustrações. Quem mais se entrega a esse amor pode muitas vezes sair bem machucado, porém vale a pena quando se encontra uma verdadeira amizade. Pois elas perduram por toda eternidade. Esse amor de amigo está em grau superior ao amor “eros”, porém a existência de um não implica a negação do outro.
O amor “Ágape” é o sonhado por todos e quem sabe o mais difícil de se ter. É superior aos demais. É um amor puríssimo e belo. Para não se ter uma compreensão limita desse tipo de amor é bom perceber que este amor não está, separado dos demais, em um mundo nunca ante visto. Ele é puro, em sua perfeição e bondade, porém, isso não implica que ele não participe dos outros dois tipos de amores. Esse amor é puro, pois é incondicional. Ou seja, não está determinado pelo outro, pelos sentidos, pelos instintos, pelo exterior, mas pela sua própria essência: ser “AMOR”. Santa Terezinha buscou ele. E viveu feliz como ninguém. Esse amor Ágape não é instinto e nem fraternidade, mas é a fonte do instinto e desejo que gera a vida assim como também é a fonte da boa convivência e fraternidade humana.  O “ágape”é o amor da plenitude humana, pois uni o diferente, harmoniza os opostos, gera vida onde há morte e dá eternidade ao limite do tempo. Nosso maior desafio não é buscar um dos três amores, mas na dinâmica da vida, nas limitações da nossa existência, perpassar a todos  os tipos de amor e alcançar o ponto mais profundo de nossa existência que se depara com o sublime. O maior exemplo dessa experiência de amor é o belo Cristo: Ele passou pelos três estágios do amor. Vou logo dizer: Ele próprio era o AMOR ENCARNADO E INCONDICIONAL: SÓ UM AMOR PURO LUTA PELA UNIDADE DA FAMÍLIA (Mc 10, 9), PELA FRATERNIDADE E AMIZADE HUMANA (Jo 15, 14-16), SÓ UM AMOR PURO NÃO DEIXA DE AMAR QUANDO ESTÁ SENDO ASSASSINADO (Jo13, 1). SÓ UM AMOR PURO SE ENTREGA PARA DAR AVIDA ETERNA A TODOS QUE O ACOLHEM (Jo 3, 16), POIS AINDA NÃO ENTREGOU A VIDA A TODOS PORQUE NEM TODOS O QUEREM (Jo 1, 9-12).

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