quinta-feira, 13 de junho de 2019

Mudanças, problemas, reformas e necessidade de lutar no Brasil que nos resta!

As mudanças realizadas pelo Presidente Jair Bolsonaro e sistema governamental, político-econômico, vêm interferindo drasticamente nas diversas esferas da vida cultural, profissional, social e política brasileira. As intervenções possuem uma justificação: uma mudança de presidência, governo e gestão político-social, uma “REFORMA” que é dita “necessária” para o “bem” do País “Verde e Amarelo” e das finanças públicas; para a libertação de um ideológico Brasil “Vermelho”. As medidas governamentais e políticas estão acontecendo: na reforma (cortes) da educação, no aumento dos impostos, na reforma trabalhista, na redução de benefícios econômicos de assistência social, no enfraquecimento dos movimentos sociais de luta indígena, feminista, LGBT e ecológica, dentre outros.
Os efeitos são danosos para a vida humana (dos mais pobres?), o nosso ecossistema brasileiro e seus biomas. Essas medidas interventivas possuem como “causa não dita” a manutenção de um Sistema insustentável de cinco dimensões que imperam hoje: (i) capitalista, industrial, mercantil exploratório; (ii) neocapitalista; (iii) do capital natural; (iv) de economia verde; (v) do ecossocialismo; (vi) do ecodesenvolvimento. A manutenção desse Sistema predominantemente lucrativo (empresarial, bancário e multinacional) insaciável está condicionando a implantação de Reformas. Mas gostaríamos de destacar a “Reforma” de emergente preocupação: a “reforma no sistema previdenciário”. Esta é realizada com a finalidade de se captar mais lucros e manter uma economia de Mercado acedente de uma minoria detentora de poder e capital. 
O caráter discursivo extremamente técnico e calculista sobre as mudanças necessária para a Previdência torna esta de difícil entendimento para a maioria da população. Boa parcela da população entende apenas o que está sendo “vendido” pela propaganda oficial e pelo noticiário: “A Reforma igualará ricos e pobres”, Ledo engano! Essa Reforma da Previdência será “sustentável e igualitária” apenas para o “Mercado financeiro”. E isso estar tentando ser realizado à custa do sacrifício da maioria da população brasileira: a classe trabalhadora, dentre outras. Há mentiras (de que a Reforma vai corrigir distorções, combater privilégios e tirar o país da crise econômica), há uma implantação do medo (se ela não sair, o país vai quebrar, transformar-se-á num caos), há manipulação mediática para obrigar a população a aceitar tal proposta no Congresso.
Nesse aspecto o Filósofo e Sociólogo Noam Chomsky (1928) nos ajuda a compreender esse processo de manipulação das massas. Ele escreveu sobre “as 10 Estratégias de Manipulação de Massas”. Delineando as dez estratégias, vamos refletir sobre a manipulação das massas – realizada pelo atual presidente e sua equipe apoiadora – a fim de implantar a “Reforma da Previdência”, dentre outras reformas que estão por vir. Isso está em risco de acontecer para a infelicidade da população brasileira, se esta não fizer algo, não mudar o curso desta e outras medidas interventivas: prejudiciais para a camada vulnerável e pobre do nosso país.
  A primeira estratégia é a da “Distração” que consiste em desviar a atenção do público dos problemas importantes e das mudanças decididas pelas elites políticas e econômicas, mediante a técnica do dilúvio, distrações e informações insignificantes. Na sociedade brasileira não houve um debate populacional, não houve espaços de diálogos, rodas de conversas e análise reflexiva acerca da Previdência, das propostas de Reforma. A PEC 06/2019 não está sobre o conhecimento da população, esta não sabe com propriedade o que significa a “Reforma” que se pretende implantar, o público não sabe os efeitos dessa proposta na sua vida. As informações midiáticas sobre “ideologia”, “contra o comunismo”, “contra a comunidade LGBT”, “a Escola sem Partido” e a “juventude que não se interesse pela política”, são meios que nos desviam da questão central: a mudança interventiva que sacrifica os mais pobres, penaliza as mulheres e os trabalhadores rurais, que pune as pessoas com deficiência.
A segunda estratégia é “Criar problemas, ou deixar que eles aconteçam, para depois oferecer soluções”. É o chamado “problema-reação-solução”. Por exemplo: deixar que se desenvolva ou se intensifique a violência urbana, ou organizar atentados sangrentos. O caso Marielle, os 200 tiros emitidos pela polícia contra o músico Evaldo Rosa e do catador Luciano Macedo (no Rio) e o novo decreto sobre o porte de arma são sinais concordantes com esta estratégia. A violência junto com o armamento são elementos principais para se criar problemas e se implantar uma Ditadura Militar que altere as leis conforme o Status Quo. Recentemente tivemos o corte no setor da educação. O ministro da educação disse: “nesta terça-feira (7), que se a reforma da Previdência for aprovada, pode voltar a liberar o dinheiro do orçamento de universidades federais”.
A terceira estratégia é “de Gradação”. Para fazer com que se aceite uma medida inaceitável, basta aplicá-la gradativamente, a conta-gotas, por anos consecutivos. Em curto prazo tivemos mudanças na “Reforma”. Algumas coisas foram tiradas – com muito custo da oposição – para minimizar seu efeito catastrófico na vida das pessoas. Porém, a decisão de manter a “Reforma” e captar lucros à custa do sacrifício do Trabalhador continua uma constante. Vale destacar: a “reforma já começou com os cortes que tivemos nos programas assistenciais que nos foram tirados”.
A quarta estratégia é “do Deferido”: apresentar a proposta reformista como sendo “dolorosa”, mas “necessária” para o bem do futuro. A justificação dessa imposição sacrificante é guardar recursos para que em 20 anos as despesas do Brasil tenham sido economizadas em 4,5 trilhões. É um sacrifício doloroso e necessário para um futuro promissor.
A quinta estratégia é “dirigir-se ao publico como crianças de baixa idade”. No dia 09 de maior Bolsonaro e o Ministro Abrão Weintraub usam chocolate para explicar os cortes nas Universidades. Isso e tratar o público social como crianças. No dia 30 de abril Bolsonaro chega a tratar os estudantes universitários negativamente como infantis: “A gente não vai cortar recurso por cortar. A ideia é investir na educação básica. Ouso dizer até que um número considerável não sabe sequer a tabuada. Sete vezes oito? Não vai sabe responder”. Os termos que Bolsonaro utiliza para com os estudantes de Universidade ou qualquer outra pessoa que estava nas manifestações são: "massa de manobra" e “inocente úteis”.
A sexta estratégia é “Utilizar o aspecto emocional”. Isso causa um curto circuito na análise racional e ao sentido crítico dos indivíduos. No dia 6 de setembro Bolsonaro é esfaqueado enquanto fazia a sua campanha em Juiz de Fora.  Isso lhe concedeu quantidade suficiente de voto para ser eleito presidente. Não foi uma reflexão crítica que lhe concebeu assumir a presidência, mas o aspecto emotivo. Uma semelhança falsa com Jesus crucificado injustamente. O debate nas redes nacionais entre Bolsonaro e seus adversários políticos não aconteceu. O testemunho de Michelle Bolsonaro sobre seu esposo (pessoa boa e generosa) tira de foco a principal questão: ele tem condições intelectuais e racionais para assumir o governo? Ele sabe o que fala quando afirma que a “Reforma” é um bem para a população?... O discurso veemente contra os chamados “inimigos vermelhos” desvirtuam a real questão: qual o benefício justo que a população trabalhadora terá com a “Reforma da Previdência”?, “para quem é esta reforma”?...
A sétima estratégia é “Manter o público na ignorância e na mediocridade”. É fazer com que o público seja incapaz de compreender as tecnologias e os métodos utilizados para seu controle e sua escravidão. A qualidade da educação dada às classes sociais inferiores deve ser a mais pobre e medíocre possível. Em 26 de abril Bolsonaro diz que “o ministro da Educação, Abraham Weintraub, estuda descentralizar investimento em faculdades de filosofia e sociologia (humanas)". Os cursos de grande reflexão crítica e política estão sendo suprimidos aos poucos. Isso é promover a falta de criticidade nas pessoas. Não é tão burra a afirmação de Bolsonaro sobre a juventude estudantil: “queremos uma garotada sem interesse na política”.
A oitava: “Estimular o público a ser complacente na mediocridade”. Fazer o público pensar que é moda o fato de ser estúpido, vulgar e inculto. Em 9 de outubro Bolsonaro coloca seu adversário Fernando Haddad como criador do “Kit gay”. A informação influenciou a mentalidade das pessoas para não votarem em Haddad porque, segundo o Bolsonaro, Haddad estava promovendo a homossexualidade das crianças no sistema educativo. No dia 28 de abril o presidente publica o vídeo de uma aluna confrontando uma professora de gramática. Ele apoia a aluna e afirma: "Professor tem que ensinar e não doutrinar". O projeto Escola Sem Partido é uma coibição da diversidade de opiniões. Após Bolsonaro ser eleito presidente do Brasil não foram nulas as manifestações de violência verbal, psíquica e até física contra pessoas que eram pobres, negras e homoafetivas.    
A nona estratégia é “Reforçar a autoculpabilidade”. Essa estratégia faz o indivíduo acreditar que é somente ele o culpado pela sua própria desgraça, por causa da insuficiência de sua inteligência, de suas capacidades. Assim, ao invés de rebelar-se contra o sistema econômico, o individuo se auto-desvalida e culpa-se, o que gera um estado depressivo do qual um dos seus efeitos é a inibição da sua ação. E, sem ação, não há revolução! Os partidos e grupos sociais mais revolucionários no país estão passando por um processo de enfraquecimento. Em pronunciamento no Palácio do Planalto, o presidente Jair Bolsonaro culpou os governos do PT pela crise na Venezuela. O novo decreto de porte e utilização de armas será um ótimo motivo para acusar o próprio povo brasileiro de agressor e assassino.
Por último, a décima estratégia é “Conhecer melhor os indivíduos melhor do que eles se conhecem”. As estratégias que o atual presidente utilizou – para ser eleito e para dividir ainda mais o nosso país – foi usufruir no seu discurso de ideias que faziam parte do Senso Comum. Do que tal população estava suscetível para apoiar a sua candidatura e, por que não, seus projetos. Um povo afetivo precisa de razões afetivas (pena, misericórdia, simpatia, auto-identificação) para seguir tal pessoa. Assim está acontecendo com parte das massas no seu governo. O discurso de “fora PT” e “Comunismo” foi muito utilizado no seu governo até hoje. Parte da massa o apoiou por ele se posicionar contra os partidos de esquerda. Boa parte da população apoiou e apoia o governo de Bolsonaro por este oferecer ao povo “segurança” com os militares e armas. Agora todo o trabalho está em tentar persuadir o povo de que a Reforma da Previdência é uma coisa boa. Portanto, cremos que alguma semelhança com as medidas já tomadas pelo presidente e seus apoiadores, contra o povo trabalhador e os movimentos sociais e revolucionários, não é mera retórica, mas tentativa de manipulação de massa.

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