segunda-feira, 12 de setembro de 2016

O Profetismo na Tradição bíblica, na Congregação Redentorista e na Contemporaneidade. (Introdução).

Introdução

Deste a tradição bíblico, hebraica-testamentária que o profetismo configura uma parte significativa do percurso existencial- religioso, político e cultural- do Povo de Deus. Nesse sentido a figura do profeta, nas suas complexidades e nuanças, possui uma posição e função determinante no trajeto histórico-social do povo de Israel. É partindo dessa tradição cultural, histórica e teológica-judaica que se destaca Jesus Cristo, o nazareno, como a pessoa a quem se realizou, na sua plenitude, as expectativas prefiguradas pelos profetas de Israel. Por conseguinte, pode-se inferir que ele possui em si essa máxima expressão emblemática profética, como dimensão parcial de sua missão salvífico-redentora.

Após o fato Cristo, na nova religião que se constituiu, a saber, o Cristianismo (ou posteriormente Catolicismo), tais perspectivas proféticas seguem sua continuidade ora com grande valor para Igreja, ora nos porões da mesma. Porém, fazendo um recorte na história dos profetas, pode-se considerar que no século XX, ou mais precisamente, após a década de 70, o profetismo emergiu como exigência libertadora espiritual, social e política do contexto repressivo Moderno, a saber, das diversas situações de desigualdade social, dos conflito sociais e da opressão dos menos favorecidos da sociedade moderna, como os pobres, marginalizados e excluídos.

Partindo deste contexto conflitante e desigual, pós conciliar, se instaura, nas proximidades da década de 70 em diante, na Congregação Redentorista, a revisão e vitalização de alguns pontos do seu caráter religioso profético. E a retomada de suas fontes proféticas-históricas fundacionais, carismática, a partir daqueles a quem Santo Afonso dedicou sua Missão Redentora: os pobres e abandonados de Nápoles, na pessoa e situação de desprezo de seus periféricos cabreiros. Tal profetismo congregacional religioso não se desvinculou do caminho evangélico a ser trilhado pela Igreja, mas constituiu uma expressão profética libertadora da própria Igreja, enquanto anunciadora de Jesus Cristo que liberta e redime.  Atualmente, nesta mesma Igreja observa-se sinais dessa dimensão profética marcante e expressiva na figura do Papa Francisco e nos seus diversos escritos, como a exortação apostólica Evangelii Gaudium, a bula jubilar Misericordiae Vultus e a carta encíclica Laudato Si’.

Com base nessas sucintas e breves pontuações acerca do profetismo na história do povo de Deus, na tradição bíblica e no final do século XX até hoje, apresenta-se, aqui, os seguintes pontos de reflexão: i) Algumas considerações sobre os profetas e sua ação-vital-profética na tradição bíblico-testamentária; ii) algumas observações proféticas na espiritualidade dos Missionários Redentoristas; iii) e as linhas indicativas de espírito profético na Contemporaneidade, com base nos escritos do Papa Francisco, dentre outros. Tais tópicos serão apresentados e publicados, no presente blog, por título, de modo separado, em vista de facilitar a leitura e compreensão de suas partes.

Em suma, é relevante considerar que o profetismo, apesar de sua complexidade e visão ora negativa e cómoda, como os falsos profetas, ora positiva e exigente, com os verdadeiros comunicadores de Deus, continua sendo um norte para a fidedigna e equilibrada caminhada do povo de Deus, católicos ou não, em vista de sua permanência, comunhão e seguimento de Deus, na pessoa de Jesus Cristo, pela força do Espírito, em vista da humanização, dignificação e salvação de todos.  Esse trabalho tem a pretensão de conceber luzes de entendimento sobre o profetismo e sua complexa trajetória na caminhada da Igreja, enquanto “povo”, ou membros vivos, seguidores e continuadores do projeto misericordioso e justo do Pai. Junto a isto está o intento de instigar a tais leitores uma compreensão mais crítica-evangélico-profética da nossa realidade contemporânea, sem desconsiderar seus fundamentos bíblicos. 


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