SUMÁRIO
INTRODUÇÃO
A RELAÇÃO ENTRE A ABORDAGEM MARXIANA E A FREIRIANA
A NECESSIDADE DA COMPREENSÃO DA REALIDADE SOCIAL EM KARL MAX E PAULO FREIRE
PERSPECTIVA
DIALÉTICA, OPRIMIDO E OPRESSOR, NA FILOSOFIA MARXIANA E NA PEDAGOGIA DE PAULO
FREIR
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
_______________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________
INTRODUÇÃO
Na abordagem histórico-pedagógica, da
filosofia da Educação, sobre seu objeto, ou tema específico de pesquisa: a
educação. Numa análise e perspectiva de como se construiu seu objeto e como se
desenvolveu no decorrer da história, desde seus primeiros momentos
significativos, de definição e constituição, uma questão sempre se fez presente
e necessária até os tempos atuais: qual o sentido próprio que cada período
histórico concebeu ao conceito de ‘educação’?! Esta interrogação é pertinente
na abordagem da especificidade de tal conceito no decorrer da história.
Porém, uma pergunta que vai além dessa
compreensão que é de equivalente importância para o entendimento da dinâmica,
movimento e contextualizações de cada período ou povo é:quais as influências ou
tradições determinadas que motivaram a constituição própria do conceito
‘educação’, e sua compreensão, no decorrer e transição de cada período?! Essa
segunda pergunta, de pano de fundo, é de relevância fundamental na abordagem da
filosofia da educação como na exposição do presente artigo, pois, a partir de
um paralelo entre a filosofia de Karl Marx e a abordagem pedagógica de Paulo
Freire, pretende-se, no presente artigo, delinear a especificidade de cada
autor e a relação de semelhança entre os autores nos seguintes tópicos: i)a
relação entre a abordagem marxiana e a freiriana; ii) a necessidade da
compreensão da realidade social em Karl Marx e Paulo Freire; iii) a perspectiva
dialética, oprimido e opressor, na filosofia marxiana e na pedagogia de Paulo Freire.
A presente pesquisa orienta para conclusão da influência marxista na abordagem
pedagógica de Paulo Freire. Apesar dos dois autores serem de tempos históricos
distintos e formas de abordagem distintas, muitos elementos constituídos em
suas obras se aproximam. Nesse sentido, baseando-se nos elementos que compõe o
sistema filosófico marxista e a abordagem de Paulo Freire, pode-se dizer que a
tradição da filosofia marxista influenciou de modo determinante a proposta inovadora
pedagógico-social-libertaria de Paulo Freire. Apresentar a especificidade de
cada autor e destacar os elementos dessa influência é a proposta do presente
artigo.
A RELAÇÃO ENTRE
A ABORDAGEM MARXIANA E A FREIRIANA
A abordagem marxiana tem como base de
fundamento do ser social, das suas relações de interação, consciência e produção,
da sua cultura e sociabilidade, o Sistema Econômico Político[1],
ou seja, o modo de produção e os meios e mecanismos que movimentam esse sistema
da realidade no decorrer da história. Desse modo,para Marx, a Economia é a base
fundamentada,das relações cívicas e políticas, do modo de ser, pensar e agir de
terminados povos. Fazendo a relação entre a essência do ser social, seu ser
ontológico, e seu processo de construção e determinação na história, entendida
como dinâmica da atividade humana, com a Economia social dos povos, desde seu
primeiro momento de desenvolvimento e configuração histórica[2],
Karl Marx desenvolveu um sistema filosófico que apresenta uma compressão e
esclarecimento do movimento da realidade
e sua dinâmica, de implicações sociais, políticas, éticas e culturais,
fundamentadas no modo de produção
econômica, que teve seu pressuposto no trabalho, porém, que atinge seu
estagio mais elevado, e contraditório, no Modo de Produção Capitalista[3].
Assim, tanto a definição social existencial dos homens e seu percurso de
consciência e autonomia histórica, como todas as formas de relações sociais em
si, estão pertencentes e se relacionam diretamente a este modo de produção,
pelo trabalho, que ganhou suas definições e caráter específico no percurso de
cada tempo histórico[4]. A
necessidade de compreensão da dinâmica da realidade histórica e do seu processo
de construção e do auto fazer-sedo homem, simultaneamente, tem uma função
determinante na vida do operário:
[...] para Marx, o
êxito do protagonismo revolucionário do proletariado dependia, em larga medida,
do conhecimento da realidade social. Ele considerava que a ação revolucionária
seria tanto mais eficaz quanto mais estivesse fundada não em concepções
utópicas, mas numa teoria social que reproduzisse idealmente o movimento real e
objetivo da sociedade burguesa capitalista.(NETTO; BRAZ, 2011, p.33-34)
Desse modo a compreensão do sistema
capitalista burguês propiciaria ao trabalhador, ou proletariado, às condições
necessárias para que ele, pela luta,transforme a realidade, melhorando-a, tomem
cada dia mais consciência de si,perpetue sua existência, chegue a sua essência,
supere a si mesmo, pelo processo dialético e pela luta de classes.
Paulo Freire, por sua vez, tem uma
abordagem fenomênica da realidade e da consciência existencial do homem em
âmbito pedagógico. Os parâmetros de sua análise e argumentação estão no âmbito
pedagógico e no caráter da formação do aluno ligado a sua realidade social, como
base inicial do processo aprendizagem.
Na reflexão de Paulo a formação do discente está
ligada com seu horizonte social, político, e ético. Nesse sentido, não se pode
pensar em formar pessoas sem antes ter em mente todas essas questões que atinge
sua realidade e o universo ontológico, histórico, cultural e social humano.
Desse modo, segundo a ênfase de Paulo Freire, a educação e ética são dos
conceitos indispensáveis e correlacionários na formação tanto do professor como
no desenvolvimento pedagógico do aluno[5]. Nessa
relação se evidencia a premissa de que não existe professor sem aluno e nem
aluno sem professor. Esse movimento de relação dialética faz parte do percurso
humanístico no seu processo formativo e no processo de procura e produção de
conhecimento e na sua busca por liberdade de expressão e aprendizagem. Deste
modo, para Paulo Freire a educação é o caminho da construção de um novo caminho
na história do homem: de sua consciência da realidade, de sua situação
existencial e de sua luta libertária.
A NECESSIDADE DA
COMPREENSÃO DA REALIDADE SOCIAL EM KARL MAX E PAULO FREIRE
Para Marx o homem e a natureza, o homem
e o homem, estão em relação constante e sua forma de produção econômica e as
relações sócias determinantes deste processo estão em estreita relação. Porém,
o sistema económico capitalista, de sua época, não destacavam a sua razão de
ser, sua natureza essencial e sua ligação e fundamentação nas relações socias.
Não relacionavam o modo de produção e as leis que regem a economia política com
o modo de vida cívico, e as contradições, e relações sócioculturais que se dão
no processo histórico humano. Deste modo os fundamentos do capitalismo e todo o
conhecimento de seu movimento e suas implicações sócias eram negados ao
conhecimento humano.[6]
Daí, Marx na sua crítica à Economia
Clássica possibilitou o conhecimento da estrutura e dinâmica do capitalismo da
sociedade burguesa usando um método crítico dialético. Ele apresentou o
processo econômico que se deu nas relações entre o homem e natureza, e, homem e
homem. Foi nessa relação que houve os primeiros momentos de desenvolvimento do
homem. Este desenvolvimento se deu pelo trabalho. O trabalho é o fator que
propiciou ao homem, a partir dos grupos de primatas, chegar ao que Marx chama
de ser social, ou seja, foi através
do trabalho que a humanidade se constituiu com ser social. No trabalho se
desenvolveu um conjunto de mecanismos, objetividades[7],
vinculados as relações sócias que levou o homem das relações de produção e
sociais simples (Agricultura e Pecuária) às relações sociais e de produção mais
complexas, contraditórias e de exploração (capitalismo, tecnologia).
Foi do processo histórico, fundamentado
no trabalho e, por conseguinte, produtor da vida social, que se instaurou o
sistema econômico, pelas relações de subsistência humana, nas trocas de
mercadorias, no desenvolvimento dos comércios até seu estágio mais evoluído: o
sistema econômico capitalista. Deste modoMarx desenvolveu sua filosofia e, nos Manuscritos Econômico-Filosóficos (1844),
apresentou a relação existente entre o Modo de Produção Capitalista e as relaçõesde
antagonismo social e de exploração:
[...] a economia política
parte do facto da propriedade privada. Não o explica. Concebe o processo
material da propriedade privada, como ele ocorre na realidade, em formulas
gerais e abstractas, que em seguida lhe servem de leis. (...) A economia
política não fornece qualquer explicação sobre o fundamento da divisão do
trabalho e do capital e da terra. (...) Temos agora de aprender a conexão
essencial entre todo este sistema de alienação- propriedade privada, espírito
de aquisição, a separação do trabalho, capital e propriedade fundiária, troca e
concorrência, valor e desvalorização do homem, monopólio e conconcorrência, etc
– e o istema do dinheiro. (MARX, 1963, p.157-158).
Assim, as obras de Marx desenvolveu sua
filosofia para que a classe oprimida (o trabalhador) compreendesse como se dá e
se configura esse sistema econômico (da classe opressora), que teve como base
fundamental todo o desenvolvimento social e histórico de constituição e
produção humana. Desse modo, a partir desse conhecimento, o homem poderia transforma
sua realidade opressora e eliminar as contradições do modo de produção
capitalista, instaurando, assim, a luta pela emancipação humana, ou, no seu
período, a luta do partido comunista ou proletariado.
Ao longo do século XX grupos inspirados
por Marx continuaram sua pesquisa e continuaram sua teoria. Essa pesquisa de
continuidade é denominada de Economia Política marxista[8].
Seu esforço é de ampliar e aprimoras conhecimentos acerca desse movimento da
economia e da solução de suas problemáticas. Portanto a necessidade de
conhecimento da realidade social e sua relação com a Economia política
Capitalista são os elementos essenciais que configuram a filosofia marxista.
Paulo Freire, por sua vez, apresenta na pedagogia do oprimido(1967) o conhecimento
da realidade como: caminho para se compreender a situação de opressão em que o
homem se encontra. Com a tomada de consciência o homem se insere em sua
realidade e percebe as contradições e os antagonismos (opressor oprimido) que
estão presentes. O inserimento na realidade, sua percepção sobre a realidade, o
processo de afastamento para efetivação da análise da mesma, pela consciência
reflexiva, dará ao oprimido uma coesão-teórico-prático com sua fala, e sua
ação, que deve estar ligada a sua realidade.
A compreensão da realidade tem uma finalidade epistemológica prática: o
conhecimento da realidade social do homem e a luta por mudanças na realidade
pedagógica tradicional opressora, que tanto oprime como instaura no oprimido a
mentalidade opressora, e não libertadora. Nesse sentido, o oprimido precisa
tomar consciência de sua realidade e de sua situação de opressão para partir
para luta e transforma a realidade, libertando-a e, por conseguinte,
humanizando-a. Assim, a pedagogia do oprimido tem dois momentos fundamentais:
[...] o primeiro,
em que os oprimidos vão desvelando o mundo da opressão e vão comprometendo-se
na práxis, com a sua transformação; o segundo, em que, transformada a realidade
opressora, esta pedagogia deixa de ser do oprimido e passa a ser a pedagogia
dos homens em processo de permanente libertação.( FREIRE, 1980, p.44).
A liberdade é a objetivação teleológica
do homem, porém, ela se constitui pelo processo de consciência em que o homem
tem de sua situação existencial e histórica, pela sua inserção na sua realidade
social e a tomada de atitude na práxis libertadora, transformando a realidade e
fazendo-se pela história, entendida com produção humana, e construindo a si e
lutando pelo seu SER MAIS do homem, que a situação de opressão tenta eliminar.
PERSPECTIVA DIALÉTICA,
OPRIMIDO E OPRESSOR, NA FILOSOFIA MARXIANA E NA PEDAGOGIA DE PAULO FREIRE
Na perspectiva de Marx toda a
história da sociedade até seu tempo presente é a história da luta de classes e
de relações antagônicas. Essa é a
dinâmica que segue o desenvolvimento humano e suas relações sócias e de produção.
Porém fundamentalmente o fator determinante da divisão da sociedade em duas
classes de interesses antagônicos é a propriedade privada, a posse e
privatização dos meios de produção. Daí surge os proprietários dos meios
fundamentais de produção e os não-proprietários[9].
Esses dois modos a que Marx dividir a sociedade é subdividido por outras partes
intermediárias, porém essencialmente e de modo genérico, há essas duas formas
antagônicas de classe social. Essas formas de classe foi constante no percurso
da história que Marx e Engels afirma no Manifesto
do Partido Comunista (1848):
[...] A história de toda a sociedade até aqui é a
história de luta de classes. Homemlivre e escravo, burgueses de corporações e
oficial, em suma, opressores e oprimidos, estiveram em constante oposição uns
aos outros, tratavam uma luta ininterrupta, ora oculta ora aberta, uma luta que
de cada vez acabou por uma reconfiguração revolucionária de toda a sociedade ou
pelo declínio comum das classes em luta.(MARX; ENGELS, 1997, p.29)
A concepção sobre a economia política
está pelo o que ela mesmo impõe no seu sistema administrativo. Pelas suas leis
que regulam e condicionam o trabalho humano e as relações sociais de produção. Como
visto ela está pautada sobre a divisão
humana em duas classes: a do proletariado e a do capitalista, sendo que a
primeira está submissa à segunda.
Esse entendimento conceitua o
processo de exploração, tensãoe dependência a que está fadado tanto a classe
opressora, ou seja, aquele que possui os bens de produção e compra a força de
trabalho, como a classe oprimida, ou seja, o trabalhadorque ‘baixa a condição
de mercadoria à de mais miserável
mercadoria’, e vende a sua força de trabalho pela sua subsistência.Dai enquantono
modo de produção desde seu momento primário, a relação de antagonismo existia,
com a propriedade privada e a privatização dos meios de produção e a compra da
força de trabalho, essas relações antagônicas e de opressão se tornaram cada
vez mais sofisticadas e complexas. Desse modo o sistema econômico capitalista,
que orienta as articulações e a dinâmica das indústrias, ou dos modos de
produção e lucro, de capital e juros, impõe ao homem- não proprietário- um modo
específico de trabalho, uma forma de produção limitada, uma dependência com o trabalho
para sua sobrevivência e um distanciamento do seu objeto de trabalho: a
causalidade dada[10].
Isso ocorre porque as condições de produção não estão em função de sua
necessidade e nem de sua valoração e dignificação, mas do próprio capital.
Assim, se deu e se dá a dialética entre o oprimido, o capitalista, e o
opressor, o proletariado.
Por conseguinte, na abordagem
pedagógica freiriana, na especificidade da pedagogia
do oprimido, a dualidade conflitante e de oposição entre opressor e
oprimido é algo fundamental que faz parte da dialética de Paulo Freire. Os
primeiros momentos dessa realidade opressora se dão quando o homem descobre-se
ignorante pelo questionamento de si, pelo questionamento de sua realidade, do
estado de insatisfação social. A objetividade que Paulo Freire apresenta é que
do momento de consciência da sua ignorância, do seu estado de insatisfação
social, há o reconhecimento de seu estado de opressão. E isso, tanto no campo
epistemológico, como no campo prático, é negação do homem, negação de seu ser
essencial e em constante construção, portanto, é opressão.
Daí se instaura reconhecimento de
sua desumanização em duas esferas: ontológica e histórica[11].
Esse reconhecimento produz de modo não agradável o estado em que o homem se encontra,
de inconclusão de sua vocação essencial: SER humano e SER MAIS. Daí a oposição
entre a sua realidade atual, que instaura a sua desumanização, e a sua vocação
essencial, a humanização. Como Afirma Freire, essa vocação é: “Vocação negada
na injustiça, na exploração, na opressão, na violência dos opressores.”
(FREIRE, 1980, p.30).Desse modo, “a desumanização, que não se verifica, apenas,
nos que têm sua humanidade roubada, mas também, ainda que de forma diferente,
nos que roubam, é distorção da vocação do SER MAIS” (FREIRE, 1980, p.30). Pois,
no campo ontológico, a opressão se dá pela negação do SER MAIS do homem, tanto
pelos que roubam o valor essencial e a dignidade do homem, como pelos que a
negam. No campo histórico a opressão acontece pela distorção da vocação humana
para o SER MENOS. A luta pela humanização, pelo trabalho livre, pela
desalienação, pela afirmação dos homens, só se realiza porque a desumanização,
a negação ao ser Menos não é destino dado
e imutável, não é realidade posta e dogmática, mas resultado da injustiça
humana que gera a violência para o ser menos.
Com a prática do opressor para o ser
menos do homem, pois em seu ato tanto ele nega ao outro do seu mesmo gênero,
como a si mesmo, o oprimido é motivado a agir, a práxis, para sua liberdade. Ou
seja, nessa relação de opressão, o oprimido precisa tomar consciência de seu
estado essencial, existencial e real, pela reflexão de si, de sua realidade,
pelo questionamento, e, ao reconhecer-se nesse estado de opressão, ele oprimido
precisa lutar pela sua libertação, pois:
[...] não basta saber-se numa relação dialética com
o opressor- seu contrário antagônico- descobrindo, por exemplo, que sem eles [,
o opressor,] o opressor não existiria, (Hegel) para estarem de fato libertados.
É preciso, enfatizemos, que se entregem à práxis libertadora. (FREIRE, 1980,
p.37).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A filosofia marxiana considera os
aspectos econômicos, no processo de desenvolvimento histórico-humano, com sua
relações sociais, culturais e ontológicas desde sua gênese histórica. O fator
econômico, fundamento do trabalho,adjunto das relações de produção e sociais,
são determinidades que, na perspectiva de Marx, são como categorias no decorrer da história. Desse modo cada época é marcada
por um modo de produção específico e uma relação social que caracteriza a
consciência e constituição dos homens. O objeto de análise de Marx é o
movimento histórico humano da produção de si, de sua consciência e suas
implicações econômico-sociais. O homem, a natureza e suas relações sociais,
estão em diálogo e interação permanente na história. Do mesmo modo, no
pensamento freiriano, o homem é colocado em evidência com suas relações sócias,
porém, essas relações são abordadas no processo da aprendizagem. Enquanto, Marx
considera a história como produção social-humana, Paulo Freire apresenta a
mesma vertente, uma vez que a realidade situacional em que o homem se encontra
é fruto de sua injustiça, que pode ser modificada. Marx apresenta a compreensão
da realidade, de seu mecanismo, do sistema econômico capitalista, para a tomada
de consciência da situação de exploração, opressão e alienação do ser humano.
Paulo Freire, por sua vez, apresenta a necessidade do conhecimento da realidade
social do povo, tanto para tomada de consciência de sua situação
existencial-social de oposição e opressão do oprimido, como para manter um
vínculo originário e fundamentado da realidade social do homem na sua formação
educativo-pedagógica. Enquanto em Marx a atividade trabalhista do homem é a
extensão e desenvolvimento de seu ser social, de sua essência, para Paulo
Freire a atividade prático-pedagógica a partir dessa consciência da realidade
assume a mesma extensão do homem e continuação de seu ser essencial. Da mesma
forma que em Marx a luta de classe, por liberdade se faz na Práxis, em Freire,
a mesma luta, porém, em nível de conhecimento pedagógico e mudança da realidade,
se realiza pela Práxis. Portanto, muito dos elementos que fazem parte do
pensamento marxista, muitas categorias como: ser ontológico, histórico e social
do homem, realidade objetiva, consciência, oprimido, opressor, existência
humana, essência humana, práxis, liberdade, luta de classes, dentre outras,
estão também presente no pensamento de Paulo Freire. Isso denota a influência
que a filosofia marxista apresentou na contemporaneidade, na escola de Frankfurt,
na educação brasileira, e de modo específico o pensamento pedagógico-libertário
de Paulo Freire.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
FREIRE,
Paulo. Pedagogia do oprimido. 8ª
ed.Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1980.
______.
Pedagogia
da autonomia: saberes necessários à prática educativa.25ª Edição, São
Paulo: Paz e Terra, 1996
MARX,
Karl.A
ideologia alemã/_, _,Friedrich Engel: trad. Alvaro Pina. 1ª. Ed.-São
Paulo; Expressão Popular,2009.
______.
Manuscritos
Econômino- Filosóficos.[ Trad. Jesus Ranieri]. Edições 70, Lisboa-
Portugal, 1964.
______.
______.[ Trad. Artur Morão Ranieri]. Boitempo editorial. São Paulo, 2008.
______.
O
capital: crítica da economia política. São Paulo: Abril Cultural, 1983.
MARX,
Karl; ENGEL, Friedrich. Manifesto do Partido Comunista. Edições
Avante!, Lisboa, 1997.
NETTO,
José Paulo. Economia política: uma introdução crítica/ _, _; Marcelo Braz.-7.
Ed.- São Paulo: Cortez,2011.
[1] José Paulo Netto na sétima
edição da obra Economia política: uma introdução
crítica (2011, p.39) apresenta sobre a o Sistema Econômico Político nesses
temos: “o objeto da Economia Política são as relações sociais próprias à
atividade econômica, que é o processo que envolve a produção e a distribuição
dos bens que satisfazem as necessidades individuais ou coletivas dos membros de
uma sociedade”.
[2] Netto na Economia política: uma introdução crítica (2011, p.46) afirma que,
segundo as indicações científicas, foi dos primatas, através de outro salto
qualitativo, que surgiu a espécie humana. Essa evolução se deu na relação homem
e natureza pelo trabalho.
[3] Segundo O filósofo Karl Marx nos
Manuscritos Econômico-Filosóficos (1964,
p.161): “A economia política esconde a alienação na natureza do trabalho
porquanto não examina a imediata relação entre o trabalhador (trabalho) e a
produção. Claro, o trabalho produz maravilhas para os ricos, mas produz
privação para o trabalhador”.
[4] É possível observar no aspecto
histórico, nos primeiros povos, primatas, ou primitivos, o modo de produção
determinante era a agricultura e o pastoreios, porém no prosseguir da história,
no na iniciação ao mundo feudal o modo de produção é variado com as manufaturas
e com os estamento. As relações de trocas e produção de dinheiro são
constâncias nesse período.
[5] Cf. FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: Saberes Necessários
à Prática Educativa. São Paulo: Paz eTerra, 25ª Edição, 2002.
[6] Cf. MARX, Manuscritos Econômico-Filosóficos,
1964, p.157.
[7] Segundo José Paulo Netto (2011,
p.51): “O trabalho, porém, permanece como a objetivação primária do ser social
num sentido amplo: as outras formas de objetivação, que se estruturam no
processo de humanização, supõem os traços fundamentais que estão vinculados ao
trabalho (...) e só podem existir na medida em que os supõem”.
[8]Cf. NETTO; BRAZ, 2011, p.34.
[9]Assim escreve Marx no Manuscritos Econômico-Filosóficos (1964,
p.157): “A partir as própria economia política, com as suas próprias palavras,
mostramos que o trabalhador desce até o nível de mercadoria, e de
miserabilíssima mercadoria; que a miséria do trabalhador aumenta com o poder e
o volume da sua produção (...), que a distinção entre capitalista e
proprietário fundiário, bem com entre trabalhador rural e trabalhador
industrial, deixa de existir e toda a sociedade se deve dividir em duas
classes, os possuidores de propriedades e os trabalhadores sem propriedades”.
[10]Esta é o material natural
constituído na natureza da qual o homem se apropria para a efetuação do
trabalho. Pelo material natural o homem modifica a natureza transformando-a em
causalidade posta, ou seja, produto da objetivação humana.
[11](Cf. FREIRE, 1980, p.30)