sexta-feira, 1 de abril de 2016

História: lugar para a Misericórdia.

 
  Quando estudamos a História humana nos deparamos com diversos modos de interpretá-la e diversos modos de compreendê-la.
   E entre as diversas formas de análises (crítica, descritiva, filosófica, poética...) e recortes (Pré-história, Antiga, Medieval, Renascentista, Moderna, Contemporânea,...) considero um modo particular de ver a História como: lugar de encontros e desencontros, de acertos e erros, de alegrias e tristezas, conquistas e derrotas, de tempo  pra tudo e, na correria, tempo pra nada, de ser livre pra fazer sua história e estar prezo ao que a história nos deu como condição de vida. 
   Parece-me mais coerente observar a vida humana deste modo. E é nesse percurso que gosto de sentir na pele e no coração a vida humana como: misericórdia ou rejeição desta, sendo que as duas coisas transitam na nossa existência e marcam a nossa vida e felicidade.
   Essas duas coisas estão em nossas mãos, em nossas escolhas, porém estou convencido de que precisamos seguir um norte humano e até espiritual: sede misericordioso como vosso Pai é misericordioso.
      As marcas da misericórdia estão em nossas vidas. O dom da existência, o pão de cada dia, a união familiar e conjugal, a amizade e a fraternidade, ou o que também chamamos de boas e saudáveis relações humanas. O que é isso de tão valioso e bom, como Deus é bom, se não a misericórdia?!
      É verdadeiro e maravilho aos olhos humanos essas palavras do salmista que experiencia Deus pela misericórdia: Dai graças ao Senhor porque ele é bom! Eterna é a sua misericórdia! A casa de Israel agora o diga: Eterna é sua misericórdia.. (Sl l17). O que seria de nós se nossos amigos, companheiros e familiares não fossem misericordiosos diante de nossas limitações e raivas, agressões singelas e desgosto, ou insatisfações?.
    A misericórdia nos uni e nos diz que é possível ser feliz, que temos mais uma chance e que nascemos para a vida e não para a morte, para a paz e não para a perturbação, para o respeito e cuidado, e não para o desrespeito e arrogância, ou agressão, para a verdade que nos tornam autênticos e humanos, e não para a mentira e para projetos egoístas e solitários.
      A experiência da misericórdia foi a que o paralítico  (At 4,1-12) teve ao ser curado. Temos todos os dias experiência de misericórdia. Estamos vivos, Deus levanta o Sol para todos e não caminhamos só. Porém pode acontecer de recusamos a misericórdia como fizeram os, aparentes, donos do poder religioso, proprietário da fé e da doutrina da época de Jesus (Sacerdotes, guardas do templo, saduceus).
      Quando fechamos o coração para misericórdia de Deus e para misericórdia com o próximo então erramos e sofremos muito. Isso acontece quando não acolhemos a nossa história, a nossa família, os nossos amigos e as pessoas que passam na nossa vida. Quando deixamos de sonhar, de ser esperança para os outros. Quando desistimos dos que nos dão trabalho e preocupações, quando não respeitamos as diferenças, quando não perdoamos e nem amamos. Quando não fazemos o bem e não permitimos que os outros o façam.
      Atitudes contrárias à misericórdia, esta pedra fundamental, são atitudes de rejeição. "A pedra que os pedreiros rejeitaram tornou-se agora a pedra angular"(Sl l17). É pela misericórdia de Deus que tudo foi feito. É pela misericórdia divina que Deus, na pessoa de Jesus veio redimir a História, porque convida todos nós a sermos misericordiosos.
   Na nossa trajetória humana muitas vezes ficamos nessa dinâmica de rumos contrários, ora acolhendo a misericórdia de Deus e dos homens, e também sendo misericórdia; ora desprezando a misericórdia de Deus, dos homens e não sendo misericórdia.
   Porém, a Misericórdia personificada, Jesus Cristo, sempre vai aparecer em nossa vida, nos convidando para comungar, fazer comunhão consigo, de modo semelhante como Ele fez e apareceu aos que ele amava (Jo2, 11-14). Que nossa história seja de misericórdia e não de rejeição para com esta, pois só pela misericórdia temos verdadeira vida.

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