domingo, 3 de abril de 2016

O desvelar de um novo horizonte da (e para a) vida: ver para crer e crer para ver.

No ritmo frenético da vida, na prática habitual, costumeira e repetitiva da existência somos convidados a tentar diminuir a velocidade do carro da vida, tentar dar uma paradinha básica, necessária, e olhar de um modo novo, renovado, sobre o que já vivemos e passamos, a nossa história. Também é importante, nesse momento de pit stop, adquirir uma expectativa positiva sobre o que estar por vir.
É uma oportunidade de se rever e trazer consciente na memória àquilo que nos marcou, nos seus autos e baixos (de bom e ruim), mas que foram importantes na nossa experiência de vida e maturidade. Nessa rememoração somos chamados o olhar de modo bastante intimo, e bem juntinho, a nossa experiência com Deus, que não está separada da nossa vida.
É o encontro conosco e com o ressuscitado que aparece no meio de nós, ou seja, na nossa história, nas coisas pequenas e boas que nos aconteceram, e nos deseja a paz (Jo 20,19)! Os sinais de tal caminho são marcados pela presença de fé, caridade, esperança e alegria como podemos observar na expectativa das primeiras comunidades (At 5,12-16). Esse olhar alegre deve nos contagiar e fazer-nos identificar-se com o salmista quando diz: “Pelo Senhor é que foi feito tudo isso: que maravilhas ele fez a nossos olhos! Este é o dia que o Senhor fez para nós, alegremo-nos e nele exultemos! (Sl 117)
Nesse encontro também precisamos olhar as coisas ruins, as não agradáveis e não tão bem acolhida por nós, aquelas que nos marcaram negativamente, mas que também fizeram parte de nossa vida e que de certo modo nos ajudaram a amadurecer. Somos convidados a perceber que ai também o ressuscitado estava, pois é também nas nossas dores, pecados e fraquezas que o ressuscitado nos aparece assim como Ele apareceu aos discípulos e mostrou-lhes as mãos e o lado, ou seja, as marcas dolorosas de sua presença na história (Jo 20, 20). Na intimidade com Jesus, encontrar as marcas das nossas chagas, pois também carregamos nossas cruzes, é muito importante. Deste modo podemos perceber que não somos fantasmas, insensíveis, e que não caminhamos com um fantasma ou insensível, mas com um homem (ou Filho do homem, ou Filho de Deus), que ressuscitou sem deixar a História.
Essa experiência de olhar para si e encontrar, em nossa força e fraqueza (alegria e tristeza; esperança e desalento; consolo e desolação), a presença e marcas de Jesus ressuscitado, nos ajuda a deslumbrar nosso primeiro horizonte histórico: ver pela luz divina a nossa história, e crer que Jesus está em nosso meio.
Depois de ver e crer que Jesus está conosco, outro momento de singular importância precisa ser apreciado por nós: crer para ver. É olhar o futuro sem ter nenhuma certeza, pois não está pré-determinado por Deus e muito menos por nós. O amanhã a Deus pertence: essa é nossa esperança. Esse é o salto da fé: acreditar no que não se ver. Dar crédito, confiar e esperar.Não parado, mas andando.
Quando não temos certeza para o que estar por vir então ficamos com medo. É uma prova que precisamos fazer, é uma entrevista de emprego, é uma escolha incerta, é uma decisão séria e delicada a ser tomada. Nesses momentos bate e nós a insegurança, o medo, a falta de chão. Então ficamos como Tomé: “Se eu não vir a marca dos pregos em suas mãos, se eu não puser o dedo nas marcas dos pregos e não puser a mão no seu lado, não acreditarei”(Jo 20, 25).
Diante de tal situação precisamos confiar e esperar, e até pedir como fez o salmista: “Ó Senhor, dai-nos a vossa salvação, ó Senhor, dai-nos também prosperidade!” (Sl 117). Nosso Senhor nos chama a atenção: “não sejas incrédulo, mas fiel”(Jo 20, 27). Precisamos colocar nossa esperança em Deus, pois se Deus é por nós que será contra nós?. Vamos dar crédito às palavras de Jesus quando diz: “Não tenhas medo. Eu sou o Primeiro e o Último, aquele que vive. Estive morto, mas agora estou vivo para sempre. Eu tenho a chave da morte e da região dos mortos” (Jo1, 17-18).
Aos poucos vamos percebemos que o ressuscitado não nos abandona. Mas caminha conosco e que quer ser nosso guia para o céu. Ele chega até a se manifestar na nossa vida, nas coisas simples e pequenas. Mas só poderemos ver e experienciar tais coisas se acreditarmos por primeiro, de coração aberto. Tenhamos fé, esperança, caridade e alegria. E vamos caminhando juntos como disse Paulo: “companheiro na tribulação, e também no reino e na perseverança em Jesus”(Jo 1, 9). Eis nosso desafio: ver com a luz do ressuscitado sua presença e nossa história e deslumbrar o que estar por vir, na esperança em Deus e seu Filho. Que digamos como o salmista: “Que o Senhor e nosso Deus nos ilumine!”(Sl 117).

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