quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

A RELAÇÃO ENTRE A FILOSOFIA MARXISTA E O PENSAMENTO PEDAGÓGICO DE PAULO FREIRE.










SUMÁRIO

INTRODUÇÃO

A RELAÇÃO ENTRE A ABORDAGEM MARXIANA E A FREIRIANA

A NECESSIDADE DA COMPREENSÃO DA REALIDADE SOCIAL EM KARL MAX E PAULO FREIRE

PERSPECTIVA DIALÉTICA, OPRIMIDO E OPRESSOR, NA FILOSOFIA MARXIANA E NA PEDAGOGIA DE PAULO FREIR

CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
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INTRODUÇÃO

Na abordagem histórico-pedagógica, da filosofia da Educação, sobre seu objeto, ou tema específico de pesquisa: a educação. Numa análise e perspectiva de como se construiu seu objeto e como se desenvolveu no decorrer da história, desde seus primeiros momentos significativos, de definição e constituição, uma questão sempre se fez presente e necessária até os tempos atuais: qual o sentido próprio que cada período histórico concebeu ao conceito de ‘educação’?! Esta interrogação é pertinente na abordagem da especificidade de tal conceito no decorrer da história.
Porém, uma pergunta que vai além dessa compreensão que é de equivalente importância para o entendimento da dinâmica, movimento e contextualizações de cada período ou povo é:quais as influências ou tradições determinadas que motivaram a constituição própria do conceito ‘educação’, e sua compreensão, no decorrer e transição de cada período?! Essa segunda pergunta, de pano de fundo, é de relevância fundamental na abordagem da filosofia da educação como na exposição do presente artigo, pois, a partir de um paralelo entre a filosofia de Karl Marx e a abordagem pedagógica de Paulo Freire, pretende-se, no presente artigo, delinear a especificidade de cada autor e a relação de semelhança entre os autores nos seguintes tópicos: i)a relação entre a abordagem marxiana e a freiriana; ii) a necessidade da compreensão da realidade social em Karl Marx e Paulo Freire; iii) a perspectiva dialética, oprimido e opressor, na filosofia marxiana e na pedagogia de Paulo Freire. A presente pesquisa orienta para conclusão da influência marxista na abordagem pedagógica de Paulo Freire. Apesar dos dois autores serem de tempos históricos distintos e formas de abordagem distintas, muitos elementos constituídos em suas obras se aproximam. Nesse sentido, baseando-se nos elementos que compõe o sistema filosófico marxista e a abordagem de Paulo Freire, pode-se dizer que a tradição da filosofia marxista influenciou de modo determinante a proposta inovadora pedagógico-social-libertaria de Paulo Freire. Apresentar a especificidade de cada autor e destacar os elementos dessa influência é a proposta do presente artigo.


A RELAÇÃO ENTRE A ABORDAGEM MARXIANA E A FREIRIANA
           
A abordagem marxiana tem como base de fundamento do ser social, das suas relações de interação, consciência e produção, da sua cultura e sociabilidade, o Sistema Econômico Político[1], ou seja, o modo de produção e os meios e mecanismos que movimentam esse sistema da realidade no decorrer da história. Desse modo,para Marx, a Economia é a base fundamentada,das relações cívicas e políticas, do modo de ser, pensar e agir de terminados povos. Fazendo a relação entre a essência do ser social, seu ser ontológico, e seu processo de construção e determinação na história, entendida como dinâmica da atividade humana, com a Economia social dos povos, desde seu primeiro momento de desenvolvimento e configuração histórica[2], Karl Marx desenvolveu um sistema filosófico que apresenta uma compressão e esclarecimento do movimento da realidade e sua dinâmica, de implicações sociais, políticas, éticas e culturais, fundamentadas no modo de produção econômica, que teve seu pressuposto no trabalho, porém, que atinge seu estagio mais elevado, e contraditório, no Modo de Produção Capitalista[3]. Assim, tanto a definição social existencial dos homens e seu percurso de consciência e autonomia histórica, como todas as formas de relações sociais em si, estão pertencentes e se relacionam diretamente a este modo de produção, pelo trabalho, que ganhou suas definições e caráter específico no percurso de cada tempo histórico[4]. A necessidade de compreensão da dinâmica da realidade histórica e do seu processo de construção e do auto fazer-sedo homem, simultaneamente, tem uma função determinante na vida do operário:
[...] para Marx, o êxito do protagonismo revolucionário do proletariado dependia, em larga medida, do conhecimento da realidade social. Ele considerava que a ação revolucionária seria tanto mais eficaz quanto mais estivesse fundada não em concepções utópicas, mas numa teoria social que reproduzisse idealmente o movimento real e objetivo da sociedade burguesa capitalista.(NETTO; BRAZ, 2011, p.33-34)
Desse modo a compreensão do sistema capitalista burguês propiciaria ao trabalhador, ou proletariado, às condições necessárias para que ele, pela luta,transforme a realidade, melhorando-a, tomem cada dia mais consciência de si,perpetue sua existência, chegue a sua essência, supere a si mesmo, pelo processo dialético e pela luta de classes.
Paulo Freire, por sua vez, tem uma abordagem fenomênica da realidade e da consciência existencial do homem em âmbito pedagógico. Os parâmetros de sua análise e argumentação estão no âmbito pedagógico e no caráter da formação do aluno ligado a sua realidade social, como base inicial do processo aprendizagem.
Na reflexão de Paulo a formação do discente está ligada com seu horizonte social, político, e ético. Nesse sentido, não se pode pensar em formar pessoas sem antes ter em mente todas essas questões que atinge sua realidade e o universo ontológico, histórico, cultural e social humano. Desse modo, segundo a ênfase de Paulo Freire, a educação e ética são dos conceitos indispensáveis e correlacionários na formação tanto do professor como no desenvolvimento pedagógico do aluno[5]. Nessa relação se evidencia a premissa de que não existe professor sem aluno e nem aluno sem professor. Esse movimento de relação dialética faz parte do percurso humanístico no seu processo formativo e no processo de procura e produção de conhecimento e na sua busca por liberdade de expressão e aprendizagem. Deste modo, para Paulo Freire a educação é o caminho da construção de um novo caminho na história do homem: de sua consciência da realidade, de sua situação existencial e de sua luta libertária.

A NECESSIDADE DA COMPREENSÃO DA REALIDADE SOCIAL EM KARL MAX E PAULO FREIRE
           
Para Marx o homem e a natureza, o homem e o homem, estão em relação constante e sua forma de produção econômica e as relações sócias determinantes deste processo estão em estreita relação. Porém, o sistema económico capitalista, de sua época, não destacavam a sua razão de ser, sua natureza essencial e sua ligação e fundamentação nas relações socias. Não relacionavam o modo de produção e as leis que regem a economia política com o modo de vida cívico, e as contradições, e relações sócioculturais que se dão no processo histórico humano. Deste modo os fundamentos do capitalismo e todo o conhecimento de seu movimento e suas implicações sócias eram negados ao conhecimento humano.[6]
Daí, Marx na sua crítica à Economia Clássica possibilitou o conhecimento da estrutura e dinâmica do capitalismo da sociedade burguesa usando um método crítico dialético. Ele apresentou o processo econômico que se deu nas relações entre o homem e natureza, e, homem e homem. Foi nessa relação que houve os primeiros momentos de desenvolvimento do homem. Este desenvolvimento se deu pelo trabalho. O trabalho é o fator que propiciou ao homem, a partir dos grupos de primatas, chegar ao que Marx chama de ser social, ou seja, foi através do trabalho que a humanidade se constituiu com ser social. No trabalho se desenvolveu um conjunto de mecanismos, objetividades[7], vinculados as relações sócias que levou o homem das relações de produção e sociais simples (Agricultura e Pecuária) às relações sociais e de produção mais complexas, contraditórias e de exploração (capitalismo, tecnologia).
Foi do processo histórico, fundamentado no trabalho e, por conseguinte, produtor da vida social, que se instaurou o sistema econômico, pelas relações de subsistência humana, nas trocas de mercadorias, no desenvolvimento dos comércios até seu estágio mais evoluído: o sistema econômico capitalista. Deste modoMarx desenvolveu sua filosofia e, nos Manuscritos Econômico-Filosóficos (1844), apresentou a relação existente entre o Modo de Produção Capitalista e as relaçõesde antagonismo social e de exploração:
[...] a economia política parte do facto da propriedade privada. Não o explica. Concebe o processo material da propriedade privada, como ele ocorre na realidade, em formulas gerais e abstractas, que em seguida lhe servem de leis. (...) A economia política não fornece qualquer explicação sobre o fundamento da divisão do trabalho e do capital e da terra. (...) Temos agora de aprender a conexão essencial entre todo este sistema de alienação- propriedade privada, espírito de aquisição, a separação do trabalho, capital e propriedade fundiária, troca e concorrência, valor e desvalorização do homem, monopólio e conconcorrência, etc – e o istema do dinheiro. (MARX, 1963, p.157-158).
Assim, as obras de Marx desenvolveu sua filosofia para que a classe oprimida (o trabalhador) compreendesse como se dá e se configura esse sistema econômico (da classe opressora), que teve como base fundamental todo o desenvolvimento social e histórico de constituição e produção humana. Desse modo, a partir desse conhecimento, o homem poderia transforma sua realidade opressora e eliminar as contradições do modo de produção capitalista, instaurando, assim, a luta pela emancipação humana, ou, no seu período, a luta do partido comunista ou proletariado.
Ao longo do século XX grupos inspirados por Marx continuaram sua pesquisa e continuaram sua teoria. Essa pesquisa de continuidade é denominada de Economia Política marxista[8]. Seu esforço é de ampliar e aprimoras conhecimentos acerca desse movimento da economia e da solução de suas problemáticas. Portanto a necessidade de conhecimento da realidade social e sua relação com a Economia política Capitalista são os elementos essenciais que configuram a filosofia marxista.
Paulo Freire, por sua vez, apresenta na pedagogia do oprimido(1967) o conhecimento da realidade como: caminho para se compreender a situação de opressão em que o homem se encontra. Com a tomada de consciência o homem se insere em sua realidade e percebe as contradições e os antagonismos (opressor oprimido) que estão presentes. O inserimento na realidade, sua percepção sobre a realidade, o processo de afastamento para efetivação da análise da mesma, pela consciência reflexiva, dará ao oprimido uma coesão-teórico-prático com sua fala, e sua ação, que deve estar ligada a sua realidade.  A compreensão da realidade tem uma finalidade epistemológica prática: o conhecimento da realidade social do homem e a luta por mudanças na realidade pedagógica tradicional opressora, que tanto oprime como instaura no oprimido a mentalidade opressora, e não libertadora. Nesse sentido, o oprimido precisa tomar consciência de sua realidade e de sua situação de opressão para partir para luta e transforma a realidade, libertando-a e, por conseguinte, humanizando-a. Assim, a pedagogia do oprimido tem dois momentos fundamentais:
[...] o primeiro, em que os oprimidos vão desvelando o mundo da opressão e vão comprometendo-se na práxis, com a sua transformação; o segundo, em que, transformada a realidade opressora, esta pedagogia deixa de ser do oprimido e passa a ser a pedagogia dos homens em processo de permanente libertação.( FREIRE, 1980, p.44).
A liberdade é a objetivação teleológica do homem, porém, ela se constitui pelo processo de consciência em que o homem tem de sua situação existencial e histórica, pela sua inserção na sua realidade social e a tomada de atitude na práxis libertadora, transformando a realidade e fazendo-se pela história, entendida com produção humana, e construindo a si e lutando pelo seu SER MAIS do homem, que a situação de opressão tenta eliminar.

PERSPECTIVA DIALÉTICA, OPRIMIDO E OPRESSOR, NA FILOSOFIA MARXIANA E NA PEDAGOGIA DE PAULO FREIRE

            Na perspectiva de Marx toda a história da sociedade até seu tempo presente é a história da luta de classes e de relações antagônicas.  Essa é a dinâmica que segue o desenvolvimento humano e suas relações sócias e de produção. Porém fundamentalmente o fator determinante da divisão da sociedade em duas classes de interesses antagônicos é a propriedade privada, a posse e privatização dos meios de produção. Daí surge os proprietários dos meios fundamentais de produção e os não-proprietários[9]. Esses dois modos a que Marx dividir a sociedade é subdividido por outras partes intermediárias, porém essencialmente e de modo genérico, há essas duas formas antagônicas de classe social. Essas formas de classe foi constante no percurso da história que Marx e Engels afirma no Manifesto do Partido Comunista (1848):
[...] A história de toda a sociedade até aqui é a história de luta de classes. Homemlivre e escravo, burgueses de corporações e oficial, em suma, opressores e oprimidos, estiveram em constante oposição uns aos outros, tratavam uma luta ininterrupta, ora oculta ora aberta, uma luta que de cada vez acabou por uma reconfiguração revolucionária de toda a sociedade ou pelo declínio comum das classes em luta.(MARX; ENGELS, 1997, p.29)
            A concepção sobre a economia política está pelo o que ela mesmo impõe no seu sistema administrativo. Pelas suas leis que regulam e condicionam o trabalho humano e as relações sociais de produção. Como visto ela está pautada sobre a divisão humana em duas classes: a do proletariado e a do capitalista, sendo que a primeira está submissa à segunda.
            Esse entendimento conceitua o processo de exploração, tensãoe dependência a que está fadado tanto a classe opressora, ou seja, aquele que possui os bens de produção e compra a força de trabalho, como a classe oprimida, ou seja, o trabalhadorque ‘baixa a condição de mercadoria  à de mais miserável mercadoria’, e vende a sua força de trabalho pela sua subsistência.Dai enquantono modo de produção desde seu momento primário, a relação de antagonismo existia, com a propriedade privada e a privatização dos meios de produção e a compra da força de trabalho, essas relações antagônicas e de opressão se tornaram cada vez mais sofisticadas e complexas. Desse modo o sistema econômico capitalista, que orienta as articulações e a dinâmica das indústrias, ou dos modos de produção e lucro, de capital e juros, impõe ao homem- não proprietário- um modo específico de trabalho, uma forma de produção limitada, uma dependência com o trabalho para sua sobrevivência e um distanciamento do seu objeto de trabalho: a causalidade dada[10]. Isso ocorre porque as condições de produção não estão em função de sua necessidade e nem de sua valoração e dignificação, mas do próprio capital. Assim, se deu e se dá a dialética entre o oprimido, o capitalista, e o opressor, o proletariado.
            Por conseguinte, na abordagem pedagógica freiriana, na especificidade da pedagogia do oprimido, a dualidade conflitante e de oposição entre opressor e oprimido é algo fundamental que faz parte da dialética de Paulo Freire. Os primeiros momentos dessa realidade opressora se dão quando o homem descobre-se ignorante pelo questionamento de si, pelo questionamento de sua realidade, do estado de insatisfação social. A objetividade que Paulo Freire apresenta é que do momento de consciência da sua ignorância, do seu estado de insatisfação social, há o reconhecimento de seu estado de opressão. E isso, tanto no campo epistemológico, como no campo prático, é negação do homem, negação de seu ser essencial e em constante construção, portanto, é opressão.
            Daí se instaura reconhecimento de sua desumanização em duas esferas: ontológica e histórica[11]. Esse reconhecimento produz de modo não agradável o estado em que o homem se encontra, de inconclusão de sua vocação essencial: SER humano e SER MAIS. Daí a oposição entre a sua realidade atual, que instaura a sua desumanização, e a sua vocação essencial, a humanização. Como Afirma Freire, essa vocação é: “Vocação negada na injustiça, na exploração, na opressão, na violência dos opressores.” (FREIRE, 1980, p.30).Desse modo, “a desumanização, que não se verifica, apenas, nos que têm sua humanidade roubada, mas também, ainda que de forma diferente, nos que roubam, é distorção da vocação do SER MAIS” (FREIRE, 1980, p.30). Pois, no campo ontológico, a opressão se dá pela negação do SER MAIS do homem, tanto pelos que roubam o valor essencial e a dignidade do homem, como pelos que a negam. No campo histórico a opressão acontece pela distorção da vocação humana para o SER MENOS. A luta pela humanização, pelo trabalho livre, pela desalienação, pela afirmação dos homens, só se realiza porque a desumanização, a negação ao ser Menos não é destino dado e imutável, não é realidade posta e dogmática, mas resultado da injustiça humana que gera a violência para o ser menos.
            Com a prática do opressor para o ser menos do homem, pois em seu ato tanto ele nega ao outro do seu mesmo gênero, como a si mesmo, o oprimido é motivado a agir, a práxis, para sua liberdade. Ou seja, nessa relação de opressão, o oprimido precisa tomar consciência de seu estado essencial, existencial e real, pela reflexão de si, de sua realidade, pelo questionamento, e, ao reconhecer-se nesse estado de opressão, ele oprimido precisa lutar pela sua libertação, pois:
[...] não basta saber-se numa relação dialética com o opressor- seu contrário antagônico- descobrindo, por exemplo, que sem eles [, o opressor,] o opressor não existiria, (Hegel) para estarem de fato libertados. É preciso, enfatizemos, que se entregem à práxis libertadora. (FREIRE, 1980, p.37).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A filosofia marxiana considera os aspectos econômicos, no processo de desenvolvimento histórico-humano, com sua relações sociais, culturais e ontológicas desde sua gênese histórica. O fator econômico, fundamento do trabalho,adjunto das relações de produção e sociais, são determinidades que, na perspectiva de Marx, são como categorias no decorrer da história. Desse modo cada época é marcada por um modo de produção específico e uma relação social que caracteriza a consciência e constituição dos homens. O objeto de análise de Marx é o movimento histórico humano da produção de si, de sua consciência e suas implicações econômico-sociais. O homem, a natureza e suas relações sociais, estão em diálogo e interação permanente na história. Do mesmo modo, no pensamento freiriano, o homem é colocado em evidência com suas relações sócias, porém, essas relações são abordadas no processo da aprendizagem. Enquanto, Marx considera a história como produção social-humana, Paulo Freire apresenta a mesma vertente, uma vez que a realidade situacional em que o homem se encontra é fruto de sua injustiça, que pode ser modificada. Marx apresenta a compreensão da realidade, de seu mecanismo, do sistema econômico capitalista, para a tomada de consciência da situação de exploração, opressão e alienação do ser humano. Paulo Freire, por sua vez, apresenta a necessidade do conhecimento da realidade social do povo, tanto para tomada de consciência de sua situação existencial-social de oposição e opressão do oprimido, como para manter um vínculo originário e fundamentado da realidade social do homem na sua formação educativo-pedagógica. Enquanto em Marx a atividade trabalhista do homem é a extensão e desenvolvimento de seu ser social, de sua essência, para Paulo Freire a atividade prático-pedagógica a partir dessa consciência da realidade assume a mesma extensão do homem e continuação de seu ser essencial. Da mesma forma que em Marx a luta de classe, por liberdade se faz na Práxis, em Freire, a mesma luta, porém, em nível de conhecimento pedagógico e mudança da realidade, se realiza pela Práxis. Portanto, muito dos elementos que fazem parte do pensamento marxista, muitas categorias como: ser ontológico, histórico e social do homem, realidade objetiva, consciência, oprimido, opressor, existência humana, essência humana, práxis, liberdade, luta de classes, dentre outras, estão também presente no pensamento de Paulo Freire. Isso denota a influência que a filosofia marxista apresentou na contemporaneidade, na escola de Frankfurt, na educação brasileira, e de modo específico o pensamento pedagógico-libertário de Paulo Freire.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. 8ª ed.Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1980.
______. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa.25ª Edição, São Paulo: Paz e Terra, 1996
MARX, Karl.A ideologia alemã/­_, _,Friedrich Engel: trad. Alvaro Pina. 1ª. Ed.-São Paulo; Expressão Popular,2009.
______. Manuscritos Econômino- Filosóficos.[ Trad. Jesus Ranieri]. Edições 70, Lisboa- Portugal, 1964.
______. ______.[ Trad. Artur Morão Ranieri]. Boitempo editorial. São Paulo, 2008.
______. O capital: crítica da economia política. São Paulo: Abril Cultural, 1983.
MARX, Karl; ENGEL, Friedrich. Manifesto do Partido Comunista. Edições Avante!, Lisboa, 1997.
NETTO, José Paulo. Economia política: uma introdução crítica/ _, _; Marcelo Braz.-7. Ed.- São Paulo: Cortez,2011.



[1] José Paulo Netto na sétima edição da obra Economia política: uma introdução crítica (2011, p.39) apresenta sobre a o Sistema Econômico Político nesses temos: “o objeto da Economia Política são as relações sociais próprias à atividade econômica, que é o processo que envolve a produção e a distribuição dos bens que satisfazem as necessidades individuais ou coletivas dos membros de uma sociedade”.
[2] Netto na Economia política: uma introdução crítica (2011, p.46) afirma que, segundo as indicações científicas, foi dos primatas, através de outro salto qualitativo, que surgiu a espécie humana. Essa evolução se deu na relação homem e natureza pelo trabalho.
[3] Segundo O filósofo Karl Marx nos Manuscritos Econômico-Filosóficos (1964, p.161): “A economia política esconde a alienação na natureza do trabalho porquanto não examina a imediata relação entre o trabalhador (trabalho) e a produção. Claro, o trabalho produz maravilhas para os ricos, mas produz privação para o trabalhador”. 
[4] É possível observar no aspecto histórico, nos primeiros povos, primatas, ou primitivos, o modo de produção determinante era a agricultura e o pastoreios, porém no prosseguir da história, no na iniciação ao mundo feudal o modo de produção é variado com as manufaturas e com os estamento. As relações de trocas e produção de dinheiro são constâncias nesse período.
[5] Cf. FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: Saberes Necessários à Prática Educativa. São Paulo: Paz eTerra, 25ª Edição, 2002.
[6] Cf. MARX, Manuscritos Econômico-Filosóficos, 1964, p.157.
[7] Segundo José Paulo Netto (2011, p.51): “O trabalho, porém, permanece como a objetivação primária do ser social num sentido amplo: as outras formas de objetivação, que se estruturam no processo de humanização, supõem os traços fundamentais que estão vinculados ao trabalho (...) e só podem existir na medida em que os supõem”.
[8]Cf.  NETTO; BRAZ, 2011, p.34.
[9]Assim escreve Marx no Manuscritos Econômico-Filosóficos (1964, p.157): “A partir as própria economia política, com as suas próprias palavras, mostramos que o trabalhador desce até o nível de mercadoria, e de miserabilíssima mercadoria; que a miséria do trabalhador aumenta com o poder e o volume da sua produção (...), que a distinção entre capitalista e proprietário fundiário, bem com entre trabalhador rural e trabalhador industrial, deixa de existir e toda a sociedade se deve dividir em duas classes, os possuidores de propriedades e os trabalhadores sem propriedades”.
[10]Esta é o material natural constituído na natureza da qual o homem se apropria para a efetuação do trabalho. Pelo material natural o homem modifica a natureza transformando-a em causalidade posta, ou seja, produto da objetivação humana.
[11](Cf. FREIRE, 1980, p.30)

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